8° Dia.

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30 de março de 2016, San Diego.

Joshua dormiu no quarto comigo.

Ele afirmou que era perigoso eu ficar aqui sozinha.

Perigoso é estar aqui com estes dois! O que o Richard fez não foi nada ao que ele ainda pode fazer.

"Já estás acordada?" - Olhei para a esquerda vendo o homem a olhar para o horizonte.

"Sim..." - Disse apenas. "Tenho algumas perguntas."

"O que é?" - Olha-me, irritado.

"És filho do médico que veio aqui ontem?"

"Não."

"Porque pintaste o meu cabelo de castanho caramelo?"

"O da Beatrice era assim."

Por isso ele raptou a Olivia! Ela tinha a mesma cor de cabelo que a namorada dele.

"O Richard matou a Bea?"

"Não quero falar sobre isso." - Vira-se de costas. "Está doendo muito?"

"O quê? As costas, o braço partido ou a ferida com pontos?" - Disse, enumerando as coisas que eles me tinham feito.

"Tudo."

"Sim. Que raio de pergunta! Achas que não dói? Eu nem sei como preguei olho esta noite com tantas dores!"

"Foi com a ajuda dos comprimidos."

"Só pode ter sido." - Falo e levanto-me.

"Onde vais?"

"À casa de banho."

"Vou fazer algo para comeres."

Caminhei até à casa de banho e ouvi a porta ser trancada.

Tirei o livro para ler mais um pouco.

9° Dia

Continuo com a barriga vazia.

Dói-me as costas e a intimidade.

Richard inventou de fazer comigo o que o Christian faz com a Anastacia, só que no Fifty Shades aquilo dá prazer ao contrário do que ele fez comigo. Foi pura tortura e dor durante quatro horas seguidas.

Estou sem forças para nada.

Hoje ele insistiu que eu pusesse aquilo...na boca...

Nunca tinha feito relações com o Mike apesar de ele ser mais velho que eu e já não ser virgem. Ele sempre falou-me que esperaria pelo casamento e que iria ser especial.

Quem me dera que isso fosse assim.

Tenho a certeza que dentro de dias haverá ainda muita mais tortura e fome sobretudo.

Vou rezar e tentar dormir.

10° Dia

Joshua finalmente voltou. Hoje só faltou comer o prato e a bandeja.

Ele não é muito de falar e eu confesso que odeio os dois mas Joshua não me viola. Aliás, eu não sei se ele sabe que eu estou sendo violada pelo médico dele.

Mas desde quando é que aquele médico entrou no jogo?

Estão brincando de psicopatas? É pena que a brincadeira já está a durar muito tempo.

Arrumei o livro.

Porque ainda não há polícia há minha procura? Se calhar há, mas eu estou num sítio que é pior que o fim do mundo! Como eles iriam descobrir-me aqui nesta espelunca?

"Trouxe pequeno almoço!" - Ouvi a porta ser destrancada e ele entrou.

"Quando vou poder sair daqui?"

"Provavelmente nunca." - Falou.

"Tu disseste que eu poderia ser a única a sair daqui viva."

"Poderias não é que vais. Deixa de perguntas, Camilla."

"Finalmente acertas no nome!" - Comento.

Comi e ele ficou a olhar-me como psicopata que é.

"O que foi?" - Falei.

"És linda."

"Com a cor de cabelo que tenho não! Odeio esta cor. Já para não falar que agora comer apenas com uma mão não é fácil de todo."

"A tua cor de cabelo é linda e é... " - Interrompi.

"E é igual à da Beatrice! Já sei! Porque estás sempre a falar nela? Ela morreu! E tu agora és um psicopata a matar mulheres e eu sou a décima terceira!" - Gritei e ele cerrou os punhos. "Vais bater-me, é isso? Bate! Mata-me! Mata-me de uma vez por todas!"

Ele desviou-se.

"Eu não vou matar-te."

"Agora não vais mas daqui uns dias tu vais matar e nem vais pensar duas vezes antes de o fazer!" - Gritei.

"Camilla, estás a passar das marcas!" - Falou, zangado. "Ontem comportaste-te lindamente quando esteve aqui o pai do Richard nem lhe pediste socorro nem nada e hoje estás a fazer essa fita toda."

"Espera lá, o médico é pai do Richard?"

"Bolas!" - Murmura. "Olha, finge que eu não disse nada."

Ele ia sair e eu agarrei o seu braço.

"Pára com isto. Fala com um psicólogo ou interna-te e deixa-me ir. Eu prometo que não te denuncio."

"Não!" - Pega no tabuleiro e sai.

Acabou!

Perdi a minha paciência.

Procurei nos armários da casa de banho o que precisava e finalmente achei.

Não vou deixar que eles me matem. Prefiro matar-me invés de ficar sujeita a todo o tipo de tortura da parte deles.

Cortei os pulsos.

O sangue demorou tanto tempo a sair.

De facto, não é como nos filmes. Isto não é rápido. Isto não sacia, nem alivia. Isto dói imenso até atingir o ponto que queremos.

Passou tanto tempo. Havia uma mancha no chão do sangue derramado.

A minha cabeça caiu sobre o meu ombro e encostei-me à banheira, enquanto deixava de sentir o chão gelado em que estava sentada.

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71 Days Of PainWhere stories live. Discover now