43º Dia.

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15 de junho de 2017, Nova Iorque.

O telefone tocou alertando-me sobre o dia que acabara por nascer. Corro imediatamente da cadeira onde estava sentada na cozinha, para a sala e atendo o telemóvel, reconhecendo perfeitamente aquela voz.

"Joshua?!" - Pergunto, não querendo acreditar.

"Camilla, há quanto tempo. Sabes, tenho aqui o teu bem precioso..." - Interrompi-o.

"Por favor, não a faças mal!" - Grito e ele do outro lado, clareia a garganta, mostrando-me assim o seu desagrado ao que eu tinha feito. Não me importei.

"Caso não estejas aqui, às 2 da tarde, ela morrerá. Tens de vir sozinha e sem policias ao armazém em San Diego. Se vier algum polícia nós mataremos a tua querida filha." - Queria falar-lhe que a filha era dele, porém a chamada caiu logo.

"Então, quem era?" - A minha mãe perguntou, receosa.

"Joshua... Ele tem a minha filha e não está sozinho. Tenho a certeza que Elaine está com ele. Deve ser ela que está a mandar nele."

"Mas a Mel é filha dele."

"Pois, mãe mas eu nunca lhe contei se era uma menina ou um menino. Se já tinha casado ou se tinha abortado. Nem lhe fui mostrar a bebé à prisão como ele tinha pedido. Certamente, ele deve pensar que Melaine é filha de outro homem e por isso quer matá-la. Tenho de ir para San Diego. Temos de lá estar às 2 da tarde, sem polícias." - Falo, apressadamente.

"Filha, tu deverias pelo menos ter contado a ele que era uma menina. Que não tinhas casado, agora ele pensa que foi traído, por assim dizer. Na cabeça dele, isso é traição."

Será que se eu dizer que Melaine é filha dele, ele deixa de a matar? E Elaine? Elaine não irá deixar! Odeio-a e ainda nem a conheço.

"Tenho de ir sozinha." - Murmuro. "Provavelmente, ficarei em cativeiro, durante muito tempo." - Suspiro.

"Filha, quero que leves isto." - O meu pai entrega-me a sua arma. "Esconde-a onde te ensinei e quando tiveres oportunidade, mata-os. Não tenhas medo, em ocasião alguma. Mantém-te forte e lembra-te do que te ensinei." - Peguei na arma do meu pai e abracei-o com força. Não sei quando o irei voltar a ver, novamente.

"Tenho tanto medo por ti, querida. Não queria que fosses, queria que nada disso tivesse acontecido." - Abracei a mulher que já choramingava.

Preparei-me e não levei nada a não ser a roupa do corpo e a arma escondida.

Entrei no carro, abandonando a casa dos meus pais cheia de polícias, que sabiam o que iria acontecer a seguir e vi nas expressões dos polícias que eles não estavam otimistas. Na verdade, nem eu estou. Tudo pode acontecer quando chegar ao armazém de San Diego.

Vai ser difícil entrar novamente naquele lugar, sabendo tudo o que sofri ali dentro. O Tyler falou-me que amanhã irão todos buscar-me ao armazém. Só espero que dê certo este plano, pois sempre que faço um plano, ele corre mal.

Olhei uma última vez para o relógio, antes de sair do carro. São 2 horas em ponto. Saí do carro, analisando todo o terreno silencioso. Caminhei devagar até ao portão, que continuava a ser o mesmo desde que aqui estive com o detetive, procurando os cadáveres.

Bato no portão, ouvindo eco do outro lado. Não consigo ouvir nenhum tipo de choro ou a minha filha a fazer birra. Melaine não gosta de estranhos e sempre chora imenso na presença de algum, portanto é impossível ela estar calada, a não ser que o pior já tenha acontecido.

"Joshua!" - Grito e bato ainda com mais força no portão.

O portão abre-se e a sua aparência cuidada impressionou-me. A sua mão puxou-me fortemente para dentro e vi um carro de polícia dentro do armazém. Os nossos passos ecoavam por todo o edifício agora totalmente vazio.

"Onde está a minha filha?!" - Bato no Joshua e ele segura as minhas mãos.

"Achavas mesmo que ela ia estar aqui? És burra o suficiente para pensar ainda dessa forma, Camilla? Depois de tudo?" - Eu sabia que isto podia acontecer. Falei disto a Tyler tanta vez enquanto estávamos a fazer o plano, mas ele não quis ouvir. E agora? Para onde Joshua me irá levar? Nunca mais irão me encontrar!

"Eu sabia disso!" - A minha vontade era dar-lhe já um tiro, porém se fizer isso, irei matá-lo logo e assim perderei a minha filha para sempre. Tenho de manter a calma, tal como o meu pai me falou.

"Anda, ainda temos muito que andar!" - Entrei no carro mais o homem de barba de provavelmente dois dias.

Saímos pelo jardim. A grande porta de trás, havia sido removida deixando assim caminho para o outro lado. Ninguém circulava na estrada a não sermos nós. Continuo a tentar manter-me calma, ao longo da viagem.

Quando finalmente paramos eu podia claramente ver onde estávamos. Casa de Cristine. Saio do carro seguindo Joshua e o mesmo abriu a porta. O choro da minha filha é ouvido e dou por mim aliviada.

"Como a outra pessoa sabia que eu viria?" - Pergunto.

"Ninguém está aqui, a não ser a tua filha. A pessoa que deveria estar aqui está longe. Muito longe, mas irás conhecê-la."

"Tu deixaste a minha filha, sozinha?!" - Empurro-o e o mesmo não cai.

Sou levada com mãos atrás das costas até outro quarto, passando pelo quarto onde a minha bebé ainda chora. Mal entrei no quarto a primeira coisa que vi foi uma mulher de cabelo negro, olhar-se no espelho. O seu vestido azul e preto e de facto antiquado, tal como o penteado.

Ela virou ligeiramente a cara. Joshua continuava tentando recuperar o fôlego, sabe-se lá porquê. Na minha mente, aquela era a Elaine.

"Camilla..." - A mulher vira-se mostrando o seu conjunto de ferros deixados em cima da cômoda, que só pela ponta, conseguia adivinhar que eram iguais àquele que o Joshua usou em mim. "Bem vinda, ao meu inferno." - Sorriu-me, olhando para Joshua que estava segurando as minhas mãos atrás de mim. Com que então a pessoa estava muito longe daqui...

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora