30° Dia.

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21 de abril de 2016, Santa Mônica.

A minha cabeça está pesada e o meu rosto dói. Abro os olhos vagamente e vejo Richard com um sorriso enorme no rosto.

Contraio-me e com as mãos, sinto a textura do chão onde estou.

"A bela adormecida já acordou, que bom." - Ri-se. "Pensava que precisas de levar mais uma bofetada."

"Eu devia ter-te matado quando tive oportunidade."

"Porém..." - Vira-me as costas. "Tu deixaste-me escapar para ficares com a Olivia e tentar salvá-la, mas ela entregou-te ao Joshua e com isto ela agora está morta."

Levanto-me, caminhando ainda com as pernas bambas até à cama.

"O que vieste cá fazer?"

"Tu agora pertences-me também, docinho." - Quase vomitei quando ouvi a sua boca imunda falar. "O Joshua deve estar a chegar."

"Vocês vão divertir-se em conjunto, é isso?"

"Como adivinhaste?" - Gargalha, olhando-me.

Joshua fecha a porta com força, trazendo na mão um ferro de passar roupa.

"Bom dia, amor." - Engasgo-me com a pouca saliva que tenho. "Hoje, convidei o Richard para ajudar-me." - Puxa a cadeira e senta-se à minha frente. "Tu sabes que quero muito ter uma família."

"Ai queres?" - Ironizo e cruzo os braços.

"Quero e também quero que seja contigo."

"Só podes estar a gozar com a minha cara, certo?" - Rio. "Eu nunca vou ter um filho contigo. Estás a ouvir?" - Ele encara sempre o chão, sem qualquer expressão. "Eu nunca vou ter um filho de um psicopata como tu." - Cuspo-lhe para o cabelo e o mesmo olha-me com um olhar ameaçador.

Boa, Camilla!

"Liga o ferro, Richard." - Entrega o ferro ao outro maluco e este logo faz o que ele pediu. "Vou fazer-te uma pergunta." - Suspira. "Vais fazer comigo um filho ou não?"

"Nunca." - Falei pausadamente, para que ele entendesse e o mesmo sorriu, olhando para o fumo que sai agora do ferro.

"Ok, tu é que pediste." - Faz um gesto com a cabeça a Richard e sai da cadeira.

Richard agarra-me e tento bater-lhe. Sou colocada na cadeira, enquanto Joshua prende-me à mesma com ajuda de umas cordas grossas.

As minhas calças são rasgadas do joelho para baixo e o ferro passa agora para as mãos de Joshua que ajoelha-se à minha frente.

"Vou repetir, mais uma vez. Vais ou não ter um filho comigo?"

Ele não esperou resposta, porque certamente viu no meu rosto que a resposta era não.

O ferro entrou em contato com a minha pele e quase derreteu a mesma. Comecei a suar frio e os meus gritos são dados seguidamente.

Quando finalmente o ferro é desviado de mim, a minha cabeça cai sobre os meus ombros. O suor desce desde a minha testa até à minha camisola suja.

"Tu nunca dizes sim, não é? Mesmo que isso te custe muito e que as consequências sejam sofreres." - Balança a cabeça. "Mas desta vez, irás sofrer até ao fim."

"Como assim até ao fim?" - Não houve tempo de raciocínio pois logo aquele ferro quente pairou sobre a minha outra perna, queimando toda a área onde ele foi depositado.

Os meus gritos, espantam os passáros que haviam pousado na janela pequena. O suor continua. A minha cabeça cai para trás forçadamente. Richard ri-se baixinho. O seu olhar é compatível com o de Joshua que está a divertir-se imensamente com tudo isto.

Finalmente, aquela tortura parou.

Respiro fundo várias vezes, sentindo o coração na garganta. O meu peito sobe e desce tão rápido quanto a minha respiração ofegante.

Mais um pouco e o meu coração é capaz de arrebentar, já para não falar no meu cérebro.

"Então, continuas com a mesma resposta?" - Tento segurar as lágrimas, pensando seriamente, como ainda não chorei.

"Não posso ter filhos." - Minto.

Os olhos de Joshua aumentam de tamanho e este fica a olhar-me pensativo. Richard permanece de boca entreaberta e parece parado no tempo, enquanto encaro os dois de forma apreensiva.

"Eu...eu não sabia." - Joshua comenta, como se estivesse arrependido.

Eu posso ver que lá fundo, bem no fundo, do coração dele, ele consegue entender os sentimentos das pessoas e talvez, ele também tenha sentimentos, mágoas e alguns sofrimentos. Mas, nada me leva a crer que ele seja capaz de mudar.

"Estás mesmo a dizer a verdade?" - O outro fala, olhando-me como se a resposta estivesse nos meus olhos.

"Claro que estou." - Falo, com convicção, para que eles pensem que estou a falar a verdade.

"Desliga o ferro, Richard." - O homem assente e assim o faz.

O meu corpo descarrega-se e parece que estou aliviada, mesmo sabendo que estou muito longe de acabar com todo este sofrimento.

As cordas que me prendem são-me retiradas cuidadosamente por Joshua. Posso ver a sua cara fechada e um olhar pensativo.

Ele sai e Richard ajuda-me a voltar para a cama. Quando o outro volta, o homem de cabelo grande sai, fechando a porta.

"Trouxe-te roupas lavadas e uma pomada para as queimaduras."

Não agradeço, apenas fico contraindo-me na cama com dores.

Quando a pomada fria entra em contato com a minha perna escaldante devido à queimadura do ferro, gritos são abafados pela mão de Joshua. O seu olhar está triste, mas ainda assim, eu sou a única que sofro aqui e não ele, ou o Richard.

Depois da pomada, uma gase é colocada sobre as feridas.

"Troca de roupa e toma este comprimido." - Entrega-me a cápsula e a água.

O homem sai.

Visto a roupa lavada e tomo o comprimido, esperando o seu efeito.

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71 Days Of PainWhere stories live. Discover now