38º Dia.

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29 de abril de 2016, Florida.

Levo a mão à cabeça ainda sentido algo pesar-me na mesma. Uma dor aguda também é sentida por mim e continuo calada, pois não consigo falar devido à fita cola colada na minha boca. As mãos estão demasiado apertadas pelas cordas grossas.

Não me lembro o que aconteceu depois de ter visto Mason. A afirmação de Joshua volta à minha cabeça magoada. Foi ele o homem que me contratou. Como pode ser possível? Será que Mason contratou-o mesmo?

Encaro o quarto à minha roda. Um ecografo num lado do quarto, uma cômoda branca com um pequeno espelho da mesma cor, um cadeirão branco também e a cama onde estou. A cama é definitivamente macia e os cobertores cheiram a lavado, ao contrário de todos os armazéns por onde já passei.

A porta abre-se vagamente e lentamente. De trás da mesma, a imagem de Joshua aparece. Encaro-o e logo estremeço. Depois de tudo o que lhe fiz, ele vai fazer-me tudo e mais alguma coisa. Não seria mais fácil se ele me matasse de uma vez por todas?

As suas botas combatem com o chão, que pelo som parece ser de madeira. A sua expressão é séria e ele parece sereno.

Tento não encarar o seu rosto, pois quero que isto tudo acabe depressa.

"Camilla, chamei um médico." - Arregalo os olhos, olhando-o. "Desmaiaste ontem." - Retira a fita cola que estava presente na minha boca, impossibilitando-me de falar o que quer que fosse.

"Eu o quê?!" - Eu não posso ter desmaiado! Ele deve ter-me feito alguma coisa, com certeza. Ou ele, ou Mason. "Eu não desmaiei coisíssima nenhuma! Vocês devem-me ter feito algo!" - Exclamo, sentido o meu coração acelerar a uma força brutal e inesperada.

"Camilla, tu desmaiaste mesmo." - Fala e a sua mão toca na minha.

"Onde está Mason?"

"Falando em mim?" - Ouço a voz do meu namorado e o mesmo entra, com um sorriso no rosto. "Camilla, Camilla." - Anda de um lado para o outro, abanando a cabeça e esboçando um sorriso no rosto cada vez que me olha. "Gostaste destas férias com o Joshua e com o Richard?"

"Férias?! Chamas a isto, férias?!" - Grito. "Que merda é esta, Mason?! Explica-me!"

"Não há nada a explicar." - Encara-me e olha para Joshua a seguir.

"Porque fizeste-me passar por tudo isto? Eu pensava que me amavas." - Sinto o meu queixo tremer, mas não deixo as lágrimas descerem.

"Oh, Camilla, não te finjas de vítima e de inocente." - Ri-se. "Queres que conte, o que fazíamos?"

"O que tu fazias!" - Exclamo, indignada.

"Até parece que não gostavas de ser dominada por mim." - Pisca-me o olho e reviro os olhos violentamente. "Sadomassoquismo não é tão mau como tudo o que sofreste Camilla, ou é?" - Não respondo. Lembrar-me do que ele me fazia, é doloroso.

Sempre foi a mesma coisa. Ele coloca as culpas apenas em mim e nunca nele, como se ele fosse o modelo da perfeição, o que não é de facto verdade. Na altura, eu pensava que era apenas a personalidade dele e a forma de ele ser, mas agora, depois de descobrir que foi ele o culpado de toda a tortura que eu tive, eu sei que claramente eu devia ter prestado atenção a todos os sinais que indicavam que ele é também um psicopata.

"Há tempos atrás, eu estava com o Richard, tal como o Joshua. Matamos tantas mulheres, que já nem sei quantas foram no total, e tu não passarás de mais uma para a nossa coleção."

Quero sair desta cama e bater-lhe pois é isso que ele merece neste momento. Por tudo o que me fez. É por ainda ter contratado outros dois psicopatas para torturarem-me. Isto só pode ser um pesadelo.

Umas batidas fortes são ouvidas e logo Joshua sai do quarto, indo talvez abrir. Já nem me lembrava que ele estava sentado na cama ao meu lado. O seu silêncio diz-me que isto não vai ficar por aqui, porém não consigo pressentir se irei sofrer pelas suas mãos ou pelas de Mason.

"O médico chegou." - Joshua anuncia e Mason sai, olhando-me a cada instante que andava.

Joshua entrou, tirando as cordas das minhas mãos. O seu olhar está diferente e isso assusta-me profundamente.

"Pode entrar, doutor." - De repente, lembro-me do doutor William, pai de Richard. Ele era tão boa pessoa e não tinha culpa de ter um psicopata como filho e ter morrido da pior maneira possível.

"Boa tarde, menina Camilla." - Sento-me na cama, e agarro logo a barriga.

Olho para Joshua assustada e o mesmo está da mesma maneira.

"Tem dores?"

"Sim... Acho." - Falo, acabando por sentar-me completamente.

O médico senta-se na cama e pede-me para tirar os lençóis e para subir a camisola. Faço o que ele diz e o homem começa a mexer na minha barriga, afundando os dedos em partes variadas da minha barriga.

O seu olhar percorre a sala e o mesmo levanta-se.

"O ecografo está a trabalhar?" - Joshua assente. "Irei precisar dele." - Depois de prepararem o material, o mesmo começou a fazer o teste.

Eu espero que não esteja grávida, pois seria um terrível pesadelo.

"As minhas desconfianças são reais. A menina está grávida." - Arregalo os olhos e olho para Joshua vendo o mesmo em choque.

"Joshua?" - Digo, tocando no seu braço gélido.

"Deve ter ficado surpreendido com certeza. Já sabe que deve ter vários cuidados." - O médico voltou a sentar-se e explicou-me o que deveria tomar, fazer e que tinha de fazer algumas ecografias depois desta, para verificar se está tudo bem.

Enquanto a conversa prolongou, o homem ao lado da cama não se movimentou, nem falou nada. As suas mãos não mexem e todo este seu jeito inesperado faz-me sentir nervosa.

O médico saiu e Joshua sentou-se ao meu lado. A sua mão pousou sobre a minha barriga e o mesmo encarou-me nos olhos. Parecia que ele ia desabar a qualquer momento, porém ele manteve-se forte como pedra.

De repente, o homem caiu ao meu lado. Tomei o comprimido que o médico tinha-me dado e deitei-me. Fiquei a olhar para Joshua e por mais que eu pensasse, eu não conseguia saber de quem é este bebé.

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71 Days Of PainWhere stories live. Discover now