29° Dia.

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20 de abril de 2016, Santa Mônica.

"Acorda!" - Algo puxa-me. "Acorda!" - Viro-me novamente no banco duro.

De repente, abro os olhos, reparando que sou arrastada entre pedras. Grito, sentindo imensas dores em todo o corpo. Finalmente, Joshua vira-se para trás, parando de arrastar-me. A sua mão vai até ao meu cabelo e dessa forma, sou puxada para cima.

Totalmente de pé, dou-lhe tapas na cara e no peito e ele gargalha alto. Olho em todo o meu redor, não vendo nada a não ser um armazém caindo aos bocados.

"Onde estamos?" - Ele começa a puxar-me pelo braço.

"Onde temos de estar." - Fala rudemente.

Desta forma, Mason nunca irá encontrar-me no meio do nada. Mason, certamente, vai acabar por desistir de procurar-me. Por mais que essa ideia me magoe, vai acabar por acontecer.

Entro no grande armazém dando com vários corpos pendurados, como se isto aqui fosse um matadouro. Quase vomito ao cheirar todo o sangue podre. O sangue escorre por todo o chão, o que me faz desviar os pés, sem sucesso.

"O que fizeste?" - Pergunto, não estando ainda em mim.

"Matei." - Ri-se como se fosse uma brincadeira.

"Achas piada?!" - Confronto-o, frente a frente. "Mataste mais pessoas e ainda achas muita graça nisso? Estás mesmo doente!" - Grito a última frase.

"Cala-te!" - Dá-me uma bofetada. "Olha que faço-te o mesmo, como fiz à Olivia."

"O que fizeste à Olivia? Como pudeste fazê-lo? Eu estive sempre contigo."

"Será que sim?" - Faz uma expressão estranha. "Droguei-te. E olha que não foi a primeira vez." - Fico de boca aberta, não acreditando no que acabara de ouvir. "Aquele bar é meu."

"O Killing It?" - Ele assente. "Oh meu Deus!" - Exclamo, levando a mão à boca.

Fui mesmo parar à boca do lobo.

"Anda, quero mostrar-te o mais divertido." - Puxa-me pelo braço, passando por entre vários corpos nus, que esvaziam sangue.

Páro ao ver Olivia, ou melhor, a cabeça dela.

Começo a chorar.

"Do que estás a chorar?!" - Empurra-me. "Ela adorou." - O quê? Psicopata mesmo!

"O que lhe fizeste? Porque o fizeste?"

"Fiz pois ela ia levar-te com ela. Foi mesmo uma burra." - Puxa metade de um corpo, pendurado por um gancho no teto. "A outra parte dela."

Observo o corpo todo cortado e dá para ver os seus órgãos.

Ele é um maluco!

O que irá ele fazer-me?

"E ainda trouxe o amigo dela." - O seu dedo aponta para outro corpo suspenso e logo reconheço o rosto. Mike.

"Tu és um monstro!" - Bato-lhe e ele pára-me imediatamente, com o rosto sério e arrogante.

"Vais arrepender-te por cada palavra!" - Começa a tirar o cinto e olho para todos os cantos escuros.

Não há nenhuma alternativa. A sua mão puxa a minha e sou virada de costas, contra uma mesa. Ele exerce força na parte de trás do meu corpo e logo comecei a sentir as duras pancadas do típico cinto de camurça.

Grito a cada chicotada. Ele continua, sempre firme.

Quando parou, caí no chão, gritando depois ao ver toda a minha roupa ensanguentada. Vários sangues estão misturados no chão, sujo de restos de madeira.

"Levanta-te!" - Agarra-me no cabelo, até levantar-me completamente.

"Pára com isto! Pára!" - Pedi, em suplico.

"Porque haveria de parar?" - Anda dois passos para trás e abraço-me a mim própria. "Tudo isto me diverte. Tudo isto é a minha vida."

"Mas tu podes mudar isso." - Murmurei. "Pela Camilla que tu amavas. Achas que ela ia gostar do que fazes agora?"

"Isso já não me importa." - Anda entre os corpos. "Eu escolhi ser assim."

Continuo olhando para todos os lados, tentando ver alguma possível saída.

"Matei todos eles." - Dirijo agora a minha atenção para Joshua, que caminha calmamente até mim. "Nenhum me deu pena. Nem mesmo a Olivia."

"Como conseguiste?"

"Foi fácil, meu bem." - Passa a mão no meu rosto, pegando na cabeça da Olivia. "Mandei Richard ir atrás deles, quando fui buscar-te. Ele trouxe-os até aqui, enquanto eu droguei-te."

"Porque mataste todas estas pessoas?"

"É preciso um motivo?! No filme do Saw, ele mata as pessoas que ele quer e eu faço igual. Qual o problema?"

"Tu é que tens um problema e é grave! O Saw é um filme, nada do que passou ali é verdade, ou baseado em factos reais. Tu és apenas um maluco!"

"Cala-te! Só dizes merda!" - Grita. "Anda." - Começa a andar até uma parede. Ao chegar à mesma, pôde ver o corredor ao lado desta que à primeira vista e de longe, não havia nada a não ser um espaço escuro.

Caminho sempre atrás do homem, podendo visualizar uma porta no fundo do corredor. Será a minha nova cela, com certeza.

A porta foi aberta e as minhas suposições estavam certas.

Uma cama já velha no fundo do quarto é visualizada à medida que vou entrando. Uma pequena janela que mal dá para ver o dia lá fora, está protegida por grades de ferro. Apenas uma mesa, com um jarro partido estão no centro do quarto.

"Este será o teu novo quarto. Irás comer, quando fizeres tudo o que te mandar, e claro, tens de satisfazer-me, e muito."

Olho-o em estado de choque.

O que anda ele a tramar?

"O Richard irá aparecer mais vezes?" - Pergunto, receando a resposta.

"Certamente." - Anda até à porta, saindo por breves instantes.

Quando a figura masculina voltou a entrar no meu campo de visão, aquilo que via não era agradável de todo.

De seringa na mão, ele andou vagamente, mostrando quem tinha o poder, até chegar perto do meu corpo paralisado.

Tentei fugir. Mas do que adiantou? A agulha penetrou na minha pele e depois saiu, como por magia.

A minha visão agora está muito desfocada, a ponto de encostar-me às paredes, para poder manter-me em pé.

Mas, a certo ponto, tudo cai.

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71 Days Of PainWhere stories live. Discover now