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19 de abril de 2016, San Diego.

O toque apressado na porta faz-me abrir os olhos e ir até à mesma.

Olivia estava com uma expressão zangada e logo entra. Caminho até à cama, tirando a arma debaixo da almofada e aponto à rapariga.

"O que raio estás a fazer?!" - Olivia fala, olhando para a arma na minha mão.

"Falaste com o Joshua ontem?"

"O que estás a dizer..." - Interrompo.

"Vou repetir mais uma vez, falaste com o Joshua ontem?" - Puxo o gatilho e a mulher olha-me ciente do que posso fazer a seguir, dependente da sua resposta.

"Falei." - Encara o chão.

"Porquê?! Ele fez-te mal! Ele sequestrou-te!" - Grito.

"Ele prometeu-me que se eu te entregasse a ele, ele deixava-me ir."

"E tu ias deixar-me aqui? É isso?"

"Eu não vou deixar! Eu falei com ele ontem a combinar, porém eu não vou fazer nada do combinado. O meu namorado vem-nos buscar daqui a pouco. Ele vai levar-te depois ao encontro do Mason. Basta depois combinares tudo com o teu namorado."

"Porque haveria de acreditar em ti agora?"

"Porque podes dar-me um tiro. Se eu estivesse a mentir, já não estaria viva." - Abaixo a arma e ela respira fundo.

Algo me dá a impressão que ela não está de facto a dizer a verdade, sabe-se lá porquê.

Coloco a arma na mala e saio junto dela.

"Ele deve estar quase aí." - Saímos para a esplanada olhando para a estrada, sem carros. As mãos da rapariga tremem, mostrando algum nervosismo da sua parte.

"Tu moras aqui?" - Ela nega. "Mas moras na Califórnia?"

"Sim, moro na Califórnia." - Semicerra os lábios. "Vamos para ali." - Aponta para um sítio quase deserto, mais atrás de onde estamos.

Sigo-a e esperamos.

Quando um carro pára, Olivia olha em todas as direções. O que raio ela está a fazer?

"Olivia!" - Ouço uma voz masculina e Olivia entra no carro.

"Põe a tua mala no carro." - Ela fala e eu faço o que ela diz.

Quando ia entrar no carro, uma ponta, provavelmente de uma faca, é quase enterrada nas minhas costas e o carro arranca ferozmente.

Olivia mentiu.

"Olá, Camilla." - A voz de Joshua é ouvida por mim.

Quero gritar, mas a mão dele vai até à minha boca. Qualquer som que faça, será abafado.

Sou arrastada para um carro com os vidros pretos. Olho para o trinco da porta, vendo o mesmo trancado. Estou nas mãos dele, novamente.

"Fugiste de mim, mais uma vez." - O homem fala. "Não gostei nada disso." - Mantenho-me calada. "A cabra da Olivia ia mentir-me! Ela ia levar-te!" - Dá um soco no volante.

Então a Olivia não mentiu? Isto tudo é muito confuso.

"Ninguém pode tirar-te de mim. Tu amas-me." - Um nojo imenso percorreu o meu corpo. "Não devias ser tão mal educada. Devias estar feliz ao meu lado."

Como posso estar?

Deixo a minha cabeça cair no banco.

Só espero que Mason venha depressa. Ele tem de encontrar-me!

"Desta vez, não vamos parar em sítio nenhum. Vamos continuar sempre até chegarmos a um sítio muito especial."

Tenho até medo desse tal sítio.

Será que ele vai-me levar de volta para o armazém? Ou para Malibu novamente?

"Estás tão calada." - Olha-me de realce e eu não desvio o meu olhar do rádio do carro. "Estás diferente? Resta saber, porquê."

Será que ele nunca se cala?

Ouvir a voz de Mason novamente foi gratificante. Ele com certeza ainda não tinha desistido de procurar-me. Pelo menos, é o que eu penso.

Será que nunca vou conseguir livrar-me definitivamente de Joshua?

Será ele tão esperto assim?

"Como descobriste que eu estava ali."

"Todas vocês têm um chip." - Arregalo os olhos, não acreditando no que acabara de ouvir.

"Um chip? Somos cães agora?" - Elevo a voz e ele aperta o volante, mostrando algumas veias no seu braço.

"Todas vocês têm. Coloco quando trago para o armazém."

"Todas as outras morreram no armazém?"

"Sim."

"E nunca nenhuma saiu para ir para Malibu, por exemplo?"

"És a primeira, pois eu amo-te muito e quero ter uma família contigo." - Engoli em seco, tentando não engasgar-me.

"Tu tinhas outra namorada." - O carro pára no meio do nada e ele olha-me. "Camilla." - Prenuncio calmamente.

"Como sabes disso?"

"A Olivia disse-me. Ela matou-se."

"Foi a única que não matei com as minhas mãos, porém, certamente, a culpa do seu suicídio foi minha. És tão parecida com ela." - Passa a mão no meu rosto.  

"Então porque tinhas a obcessão de dizer sempre a Beatrice? Qualquer coisa dizias era a Beatrice."

"A Camilla não era para ser revelada. Eu nunca quis revelá-la." - O carro volta a andar. "Não quero falar mais sobre isso. Nunca mais!"

Olho para a longa estrada. O caminho vai ser longo. Muito longo mesmo.

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora