11° Dia.

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2 de abril de 2016, San Diego.

Finalmente já é de manhã.

As arrumações prolongaram durante toda a noite e toda a madrugada.

O que há para arrumar lá fora?

A porta do meu quarto foi destrancada e Joshua apareceu. O homem estava com uma expressão cansada. Ele fechou a porta há chave por dentro e deitou-se ao meu lado, fechando os olhos.

Isto é uma ótima oportunidade!

Esperei ele dormir e depois disso, vesti-me e rodei a chave na fechadura, destrancando a mesma.

"Aonde vais?" - Ouvi e logo estremeci.

"A lado nenhum." - Virei-me para ele, dando um sorriso forçado.

"Tu ias fugir, não ias?" - Levanta-se vindo até mim.

"Joshua, não é nada disso que estás a pensar." - Sinto a sua mão no meu rosto.

"Cala a boca!" - Grita. "Tu ias fugir sim! Logo vi que aquele teatro de ontem não era verdade." - Empurra-me e eu caio no chão. "Era muito repentino essa mudança toda."

"Joshua, não estás a pensar direito." - Murmuro, tentando levantar-me e logo sinto uma dor horrível no estômago. "Deixa-me explicar." - Ele voltou a dar-me mais um pontapé.

Quase me engasguei, quando senti que ia vomitar.

"Joshua..." - Falei, devagar.

"Tu és igual a todas as outras e como tal vais ser tratada como elas!" - Puxa-me pelo cabelo até à cama.

"Por favor, não me faças nada..." - Comecei a chorar. "Eu já estou com o braço partido e..." - Não acabei a frase pois ele atirou-me para cima da cama. "Eu estava a falar a sério, ontem." - Tentei sentar-me na cama.

"A sério?" - Começa a tirar o seu cinto das jeans azuis escuras. "Não me pareceu convincente o suficiente."

"Por favor, ouve-me, eu..." - O que eu haveria de dizer?

"Não quero ouvir a tua voz nunca mais, estás a ouvir? Nunca mais!" - Coloca o cinto em cima da estante e rasga-me a camisa do pijama. "Tu vais aprender a não tentar fugir."

Rasgou-me por último as minhas calças e virou-me de costas.

"Por favor, eu já tenho as costas..."

"Tu ficas curada num instante." - Olhei e vi-o com o cinto na mão.

"Joshua!" - Gritei quando senti o cinto pela primeira vez nas minhas costas.

Choraminguei baixinho.

"Tu nunca mais vais fazer o que fizeste." - Dizendo isto ele continuou.

Aquilo demorou tanto tempo para mim.

Pode ter passado apenas minutos mas para mim foram dias e dias.

Cada vez que aquele pedaço de couro tocava-me nas costas eu chorava ainda mais. Chorei baixo para que ele não me batesse mais ainda. Ele continuou sem misericórdia, sem ressentimentos.

Como ele pode ser tão frio?

Como alguém pode ser assim?

Quando ele acabou eu não me mexi. Não haviam forças. Não havia vontade de viver. Não havia mais Camilla.

Agora, havia um saco de pancada remendado inúmeras vezes e cada vez o rasgão é maior.

Ouvi a água correr na casa de banho e Joshua gemeu em aprovação.

Continuei com o choro.

Estar exposta já não é um problema, afinal estou exposta a qualquer tratamento que eles me queiram dar.

Ouvi os seus passos longos e pesados na madeira já velha. Ele colocou-se há minha frente fazendo sombra.

Soluçava repetidamente e escondia a minha cara entre os meus braços que estavam cruzados em cima do lençol branco.

Ele tocou-me no cabelo, não num ato de carinho, mas sim num ato de desprezo.

"Agora, espero que nunca mais voltes a tentar fugir ou a mentir sobre o que sentes em relação a mim." - Falou perto dos meus ouvidos. "Virei mais tarde com lençóis lavados e tu se quiseres trocas esses sujos de sangue pelos lavados."

Ouvi os mesmos passos e o trinco da porta.

Continuei no mesmo sítio. O sol bate em mim e mesmo assim não me desvio.

*****

A luz escura da madrugada escurece todo este quarto.

Descruzei os braços e com as poucas forças que tinha levantei-me.

Andei devagar até à casa de banho e olhei para as minhas costas através do espelho.

Comecei a chorar quando vi as marcas vermelhas e o sangue já seco.

O que hei-de fazer para conseguir sair daqui?

—————

(Joshua na foto do capítulo.)

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora