36º Dia.

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27 de abril de 2016, Santa Mônica.

Continuo em silêncio, olhando para a paisagem. De minuto a minuto, Joshua olha-me, receando algo.

"Eu ainda não acredito que mataste mais um homem." - Joshua fala, levando a mão à boca.

"Mas matei. Devias estar morto também." - Digo, sem nunca olhar para o homem que conduz. "Mas irei fazê-lo em breve."

"O quê?!" - Quase grita e posso sentir os seus nervos ao longe. "Como podes ter coragem de dizer isso?"

"Coragem todos têm agora coragem para fazer aquilo que se diz, já é mais difícil, só que no meu caso, será facílimo!" - Exclamo.

"Eu nunca te deveria ter raptado. Tu viraste um monstro."

"Não queres jogar agora comigo ao quem mais sente dor? Acho que ias gostar." - Olho-o e o mesmo quase que faz o carro colidir com um mastro de luz. Rio-me, da maneira como ele está.

Por dentro, estou tremendo. Nem acredito nas palavras que estão saindo da minha boca, mas por outro lado, sinto-me confiante sobre aquilo que digo e que pretendo fazer.

"Não eras capaz de fazer-me mal, pois não?" - Fiz uma careta, não acreditando na barbaridade que ele havia falado.

"Depois de tudo o que me fizeste, ainda tens coragem de perguntar-me isso? Achas mesmo que não sou capaz?" - Ele nega. "Estás tão enganado."

O carro estaciona no armazém onde estávamos antes de irmos para o armazém do Cole. Porque haveria de existir tantos armazéns por aqui? São mesmo feitos para psicopatas feitos o Joshua e o Cole, só pode.

Saio do carro, caminhando depressa para o armazém. O mesmo já não tem os cadáveres pendurados nem sangue no chão. Joshua limpou isto? Porque haveria ele de fazer isso?

"Limpei tudo. Para ti." - Reviro os olhos e Joshua encara-me completamente surpreso.

"Onde é o meu quarto?" - Não espero resposta e ando até ao quarto de Joshua.

"Esse aí é o meu."

"Era o teu." - Pego no chicote deixado sobre a secretária.

"Camilla, tu não podes chegar aqui e mandar nesta porra pois sou eu que mando!" - Grita.

Só ouço o impacto do chicote na sua pele e o mesmo retrai-se.

"Mas que raio?!" - O homem fala, com os olhos fervendo e anda até mim. Não me desvio e o mesmo fica a olhar-me como se fosse o meu momento de fugir.

"Queres brincar às apanhadas? Aqui não é o jardim de infância!" - Rio e mais uma vez o chicote toca a sua pele. O mesmo faz uns sons de dor, mas ignoro tal como ele ignorava os meus. "Vamos jogar, Joshua. Anda lá." - Empurro-o.

"Pára, Camilla." - Quase choraminga.

"Quando eu te pedia para parares, tu nunca paravas a não ser quando querias, portanto porque haveria eu de parar? O Richard morreu sem membro e tu? Bem, será muito pior, meu caro." - Vejo a sua pele arrepiada e contenho-me para não rir.

É impressão minha, ou ele está com medo?

"Tu não eras assim, Camilla." - Joshua vira-se para mim. Empurro-o, acabando o mesmo na cama. "Tu eras carinhosa, medrosa."

"Porém, tu raptaste-me. Esperavas que eu fosse sempre a mesma?" - Rio imenso quando ele afirma com a cabeça. "És tão burro, Joshua. Mas, numa parte, não sou como tu ou como o Richard. Eu apenas estou tentando salvar-me. Estou tentando finalmente por um fim a isto tudo e a todo o sofrimento que passei aqui e em San Diego."

"É preciso matares?"

"Não mataste 12 mulheres fora o resto que estava aqui antes?" - O mesmo assente. "Então não tens boca para falar. Agora mando eu e acredita, nem no teu pior pesadelo tu eras capaz de acordar. Eu sou o teu novo pesadelo real e podes ter a certeza que nunca mais irás acordar." - Dou-lhe com o chicote novamente.

Olho para a secretária, analisando os objetos em cima da mesma. Peguei na lâmina.

"Camilla, pelo amor de Deus, eu deixo-te sair daqui. Eu juro." - Caminho em direção a si. Enfio a lâmina na sua perna e o mesmo grita.

"Parece que não és imune a todas as dores, querido Joshua." - Falei alto, perto da sua face.

"A pior dor que sinto..." - Senta-se na cama. "É ter-te transformando num monstro."

"Tu é que fizeste este monstro, agora amanhaste." - Pego noutra lâmina e enterro-a na sua outra perna. O mesmo começa a suar frio. Retiro a outra lâmina, fazendo escapar da boca do Joshua um grito desesperado.

Passado uns minutos tirei a outra peça da sua perna. Peguei na corda, deitada no chão e amarrei-o. Ele nem tentou fazer resistência. Não valia a pena. Acabaria por ter novamente mais oportunidades para matá-lo lentamente.

Finalmente acabo de amarrar o homem e saio do quarto. Entro no que era o meu antigo quarto e vejo que a cama foi trocada por uma nova. Volto para o quarto onde está o psicopata indefeso, com as mãos amarradas. Puxo-o pelo cabelo, depois arrastando-o, devido a ele ter caído e não ter consigo levantar-se, devido aos ferimentos nas pernas.

Deixei-o dentro do que era meu castigo e fechei a porta à chave, tal como ele me fazia.

Ele irá sofrer tudo o que eu sofri. Tudo!

Ele nunca deveria ter-me raptado. Foi um erro gravíssimo da sua parte, porém agora ele irá ter as suas consequências.

Saio do armazém pegando no carro em que vim para aqui. Lembro-me de um homem mafioso cujo já matou tantos homens e é acusado todos os anos de violar homens. Ele mora por aqui. Não será difícil de encontrá-lo.

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71 Days Of PainWhere stories live. Discover now