23° Dia.

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14 de abril de 2016, Malibu.

As costas doem-me.

Sinto as mãos presas e logo abro os olhos, deparando-me com os olhos assustadores de Joshua.

"Bom dia, bela adormecida." - Ri-se e pôde sentir o cheiro intenso a álcool.

"Estiveste a beber..."

"E se eu tive?" - Ri-se. "O que tens a ver com isso?"

Olho em redor, vendo que estou suspensa. Há umas correntes com uma espécie de algema que segura cada uma das minhas mãos e os braços, respetivamente.

Os meus pés estão amarrados com uma corda até à cama, atrás de mim.

Reparo que a única coisa que tenho vestida é o sutiã e isso dá-me arrepios.

"Gostas daquilo que preparei para ti?" - Logo aquela voz imunda falava.

Continuei em silêncio.

"Passo a explicar o que vai-te acontecer." - Senta-se numa cadeira no fundo do quarto que está iluminado apenas por um pequeno candeeiro. "Eu vou perguntar-te algumas coisas e consoante a tua resposta haverá castigo, ou ficas livre de algum castigo."

Tentei puxar os braços, mas os mesmos estão bem presos.

"Não vale a pena estares a tentar resistir, Camilla." - Levanta-se, caminhando até mim.

As suas mãos sujas foram até às feridas ainda não curadas nos meus seios.

Pude ver que a minha perna está ensanguentada devido à lâmina que ele enfiou.

"Porque fazes isso?" - Não consegui conter-me.

"Porque faço isto? Ah, Camilla!" - Dá uma meia volta. "Ainda não percebeste?" - Nego.

Um longo suspiro foi liberto da boca do homem sem camisa.

"Depois de tudo o que te contei ontem, tu ainda não descobriste o real motivo disto tudo?" - Neguei novamente. "Eu quero que cada mulher sinta o que a minha mãe sentiu. O que eu senti!"

"O que raio sentiste tu?!" - Gritei.

O homem aproximou-se e apontou para umas cicatrizes no seu abdómen.

"São queimaduras." - Dá um sorriso. "Não te preocupes, vou dar-te umas hoje."

"O quê?" - Falei suficientemente alto. "Eu pensava que gostavas de mim."

"Eu amo-te, meu amor." - A minha face foi acarinhada pela mão dele. "Mas ao amarmos alguém temos de fazer sacrifícios tal como tu estavas a fazer."

"Eu não te amo!" - A sua mão saiu logo do meu rosto e ele caminhou até à lareira acesa. "Estás a ouvir? Eu nunca te vou amar!"

Agora vendo melhor a lareira e o quarto, pôde observar que não estamos no mesmo quarto de ontem.

"Pois vais ter de aprender a amar."

O ferro agora de cor vermelha na ponta estava na mão do homem tatuado. A cada passo dado por ele, o meu corpo reagia da pior maneira.

"Socorro!" - Gritei mas é inútil.

"Vamos começar o joguinho?" - Neguei. "Boa, adoro quando gostas de participar." - Fala, ironizando. "Preferes estar com a tua família ou comigo?"

"Com a minha família." - A resposta era óbvia tanto para mim, como para ele.

Aquele ser desumano foi para trás de mim.

Quando senti a minha pele quase derreter, as costas arquearam-se e um grito de dor foi liberto pela minha boca agora seca.

71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora