Especial Joshua.

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16 de junho de 2017, San Diego.

Vejo Elaine a despir Camilla e o sorriso dela faz-me imensa confusão. A filha de Camilla continua a chorar imenso e já não sei o que fazer.

Quando a minha irmã amarra a minha última vítima à cadeira apenas de robe e coloca a arma que ela havia trazido em cima da cômoda vi que no seu olhar algo tinha acontecido. Ela tinha tido uma ideia.

"Joshua, querido, quero que cortes os dedos à filha da Camilla." - Uns grunhidos são ouvidos e vêm da mulher que está prestes a acordar. "Corta das mãos e dos pés até que a monstrinha morra." - Engulo em seco com o seu pedido. "Vai lá, não me olhes com esses olhos até agora fui eu que matei a Catherine, a Cristine e o Carter. Está na tua vez."

"Mas, é um bebé, Elaine. Nós não podemos fazer isso." - Sinto a minha face ferver e depois apercebo-me da bofetada que a mulher tinha-me dado como resposta.

"Faz o que te mando!" - Empurra-me. Desloco-me para a frente e a mesma enfrenta-me sem pestanejar.

"Tudo bem! Tubo bem!" - Elaine me dá a tesoura de jardinagem e eu saio do quarto e entro no outro quarto, vendo a bebé chorar incontrolável.

Como poderei eu cortar os dedos a esta bebé? Já fiz de tudo é verdade mas eu percebi o meu erro, aliás todos os meus erros. Se não fosse Elaine a insistir com Dan para que ele me tirasse da prisão, eu nem tinha saído. Na verdade, eu não queria sair. Tinha apanhado uma pequena pena por todo o mal que fiz, portanto já me tinha acostumado à ideia de viver o resto dos meus dias ali. Não era tão mau como parecia. Não mesmo.

Caminho com as pernas a tremer até ao colchão onde a bebé está. Ela é tão pequenina. Deve ainda ter meses. Sento-me ao lado daquele ser que não tinha culpa de nada e ela olhou-me, enquanto chorava. Nela eu me via. Como era possível? Via a criança ingénua que um dia fui e algum amor dentro dela. A ternura, a incompreensão, o carinho que ela deve receber todos os dias de Camilla. Eu não posso cortar os dedinhos dela. Não é justo!

Levanto-me, tentando não deixar derramar as lágrimas guardadas nos meus olhos. Olho para a tesoura ainda presente na minha mão trêmula. O que vou fazer? Elaine não vai acreditar que eu cortei os dedos à bebé se não vir sangue nas minhas mãos. Se eu cortar-me, ela verá quando for dormir comigo. Mas, eu não posso fazer o que ela me pediu.

A bebé quase se engasga e eu caminho até ela. Pego-a no colo fazendo-a acalmar um pouco. A sua mão foi até ao meu rosto e calmamente afagou a minha barba por fazer. Os seus olhos novamente estavam olhando os meus.

"Eu não te farei mal, bebé. Não consigo." - Murmuro, depositando um beijo na testa da bebé que ainda chora inconsolável.

Ando com a filha de Camilla no colo de um lado para o outro e lembro-me do recipiente com sangue do hospital que a minha tia sempre tinha no frigorífico. Ela sofria com muitas hemorragias depois que teve o filho e ela sempre tinha no seu frigorífico alguns recipientes de sangue que ela trazia às escondidas do hospital.

Saio do quarto, ouvindo os gritos de Camilla. Caminho devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível, até que chego à antiga cozinha. Abro o frigorífico encontrando um recipiente de sangue.

Olho para a bebé. Terei de levá-la daqui. Mas para onde? Levo-a até ao carro. Não tranco o carro e deixo um vidro aberto para que ela tenha ar puro. Volto para dentro e despejo o sangue pelas minhas mãos.

Volto para o quarto onde Camilla está e a mesma olha-me. Ela deve estar a odiar-me neste momento. Como eu a compreendo.

Olho-me no espelho, tendo orgulho naquilo que não fiz àquela pobre criança. Lavo as mãos.

"Eu não acredito que tu foste capaz!" - Camilla fala. "A minha bebé não tinha culpa! Ela não tinha culpa!" - Um impacto também é ouvido por mim.

"Fizeste o que combinamos, amor?" - Assinto, apesar de estar a mentir.

Elaine pegou numa seringa tal como fez ontem e espetou-a no braço da Camilla. A mesma desmaiou pouco depois.

"A bebé morreu?" - Assinto. "Ótimo! A seguir, é a Camilla e depois podemos viver felizes para sempre."

Como poderei viver feliz ao lado dela? Ela ainda é mais maluca que eu!

"Vou buscar cigarros. Já volto." - Elaine assente e para ela não desconfiar, depositei um leve beijo nos seus lábios secos.

Ando depressa até ao carro aonde ainda chora a bebé. Dirijo até a uma loja. Levo a bebé comigo para dentro da loja e compro uma chupeta e papa, para alimenta-la. Passo pela fruta já nuns frascos e levo também.

Depois de pagar, a primeira coisa que fiz foi colocar a chupeta na boca da menina que logo se acalmou. A mulher sorriu-me mas ficou a olhar-me durante um bom bocado. Sei que não deveria estar a frequentar lojas pois a polícia anda à minha procura mas tem de ser. Não há maneira de pedir estas coisas ao amigo da Elaine que nos fornece cigarros e comida.

Já no carro dou o frasco com a fruta à bebé. Ela mexe-se muito, mas pelo menos está a comer bem. Não estou habituado a bebés. Isto deve ser filha do novo marido de Camilla, porém ela não tem aliança. Talvez separou-se. É comum nos dias de hoje. Mas a menina dela é tão parecida com alguém que eu conheci.

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora