41º Dia.

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2 de maio de 2016, Florida.

Ouço um beep que continua a repetir-se de segundo a segundo. Encaro Joshua de pé, perto do enorme janela. Olho para as máquinas ao meu lado, reparando que devemos estar num hospital. Em sítio algum haveria equipamentos tão caros como estes.

"Joshua..." - Murmuro, fazendo o mesmo olhar-me, sério. "Estamos aonde?"

"No hospital de Florida." - Responde, severamente, voltando-se para o vidro transparente.

"Posso?" - Uma enfermeira jovem entra, sorrindo. "Parece que a menina Beatrice já acordou." - Arregalo os olhos, não tirando o meu olhar do corpo do homem imóvel. Porque raio a enfermeira chamou-me Beatrice?! "O batimento cardíaco do bebé está estável." - Diz, anotando num papel. "Como se sente?" - Coloca a mão na minha testa e analisa-me.

"Bem..." - Falo. "O bebé está vivo então?"

"Claro que está!" - Exclama. "Não está feliz por isso?"

"Eu acho que ela precisa de descansar e não de conversar." - Joshua volta-se para a jovem e a mesma cora.

"Pois... Compreendo." - Diz, atrapalhada. "Eu devo deixar-lhe a sós com a sua esposa. Me desculpe, Senhor Henry." - Sorri-me e sai logo depois.

"O que raio se está a passar, Joshua?!" - Quase grito.

"Acalma-te!" - Anda até mim, com o olhar cheio de raiva. "Nem imaginas o quanto me estou a odiar por te ter trago ao hospital, por isso cala-te! Não faças perguntas! Dá-te por satisfeita de aqui estares e do bebé estar bem!" - Quase dá um sermão e depois suspira, pesadamente.

"Desde quando é que eu me chamo Beatrice?! E tu Henry?! Podes explicar-me?" - O seu olhar pousou sobre mim e eu arrependi-me logo.

Ele ficou calado. Não falou nada. Nem mesmo quando a doutora veio cá.

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A enfermeira volta de novo, para verificar como estão os batimentos do bebé e encara-me envergonhada.

"Ele deve ser um ótimo marido, não é?" - Segreda-me. Quase tenho vontade de vomitar sobre a mulher. Ela é burra?! Não se apercebe do psicopata que tem aqui?

"Sim." - Reviro os olhos.

"Desculpe estar a dizer isto, mas há quanto tempo são casados? É o primeiro filho?"

"Somos casados à 2 anos e sim é o primeiro filho." - Joshua respondeu, antes que eu pudesse falar algo sequer.

"A senhora é muito parecida com a Camilla que está desaparecida à mais de um mês. Viu nas notícias? Os pais dela estão de rastos. Amavam aquela menina como se não houvesse amanhã e agora não sabem nada dela. Não há pistas sequer."

"Pode sair?" - Novamente aquela voz zangada falou. A enfermeira não ligou e continuou a falar.

"Apesar de ter cabelo castanho caramelo, o seu rosto é mesmo igual ao dela. Já agora, porque se maltrata? Está com depressão, é isso?" - Olho-a sem perceber.

A mulher pára de falar quando o meu marido agarra-a no braço. Posso ver que ele está a apertar-lhe bem, pois ela solta um leve gemido.

71 Days Of PainWhere stories live. Discover now