2º Dia Livre.

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4 de maio de 2016, Nova Iorque.

Acordar finalmente na minha cama e na minha casa foi de facto, prazeroso. Descer as escadas e sentir o aroma a panquecas acabadas de fazer. Comê-las com gelado de baunilha por cima, algo que a minha mãe sempre embirrava, porém, hoje ela estava fazendo-me as vontades todas. Justificava-se dizendo que eram as saudades, porém eu desconfio de ter sido remorsos de quando eu estava desaparecida. Talvez ela culpou-se pelas tantas vezes que proibia-me de fazer algo, ou comer gelado ou pizza, logo de manhã.

O meu pai lê o seu típico jornal todas as manhãs, enquanto eu e a minha mãe vemos televisão. O telefone ruidoso começa a tocar, fazendo a minha mãe resmungar entre dentes. O seu corpo deslocou-se até ao telefone, pendurado na parede e atendeu.

"Sim?" - Começou por dizer e depois o seu olhar encontrou o meu. "Catherine Bolivian?" - Levanto-me, indo até à minha mãe, sussurrando-lhe que eu podia falar com a mulher que estava a falar por telefonema. "Vou passar à minha filha." - Peguei no telefone e suspirei fundo.

"Catherine?" - Murmuro.

"Camilla, desculpa incomodar-te tão cedo, porém gostava de fazer-te uma pergunta. Quero que respondas com sinceridade, pois é muito importante para mim."

"Okay..." - Disse, ficando curiosa com tanto suspense.

"Alguma vez o Joshua falou-te de uma tal Elaine?" - Senti a sua voz fraquejar quando falou aquele nome que me era desconhecido.

"Não, Catherine." - Respondi, convicta.

"Preciso então que venhas à minha casa. Mandarei o meu motorista ir-te buscar. Dentro de 20 minutos ele estará aí. Preciso mesmo que venhas, Camilla." - A sua voz parece-me tão baixa que até parece que algo a assusta. Não parece ser a mesma jovem mulher que aqui esteve ontem. Ela parece horrorizada com algo, porém eu não sei porque ela quer tanto ver-me.

"Eu vou. Eu vou." - Ela desligou em seguida.

Os meus pais olham para cada movimento que faço e eu sento-me no cadeirão mais próximo. A minha mãe vem até mim, olhando-me cheia de preocupação.

"O que houve? Aquela era a mulher de ontem?"

"Sim, era a juíza do meu caso. Irmã de Joshua e parece-me muito angustiada, porém não sei o motivo. Pediu-me que fosse a sua casa." - Falo.

"E tu vais?" - O medo na minha ida à casa da irmã do homem que me raptou e violou-me surgiu nos olhos da minha mãe e na sua voz.

"Ela não me fará mal, mãe." - Levanto-me, acariciando a sua mão cansada. "Sinto que ela não era capaz de fazer-me nada, mas algo na sua voz me diz que o que ela tem a dizer-me é importante."

Pouco tempo depois, um apito de carro soou. Saí, entrando no carro que Cat havia mandado. Acenei um adeus breve aos meus pais que ficaram abraçados enquanto o carro não saiu do jardim da minha casa.

Chegamos uns minutos depois a uma enorme mansão. 2 guardas cuidam de quem entra e sai pelo portão principal. Quando entramos, mais 6 seguranças são vistos por mim, perto da porta da entrada. Caminhei ao lado do motorista, enquanto os seguranças afastavam-se, abrindo um caminho estreito para que pudêssemos passar. Entrei na casa bem cuidada e mesmo dentro desta, mais seguranças haviam. Cheguei a uma grandiosa sala, onde visualizo Catherine bebendo chá.

71 Days Of PainWhere stories live. Discover now