15° Dia.

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6 de abril de 2016, San Diego.

Sinto uma mão a tocar-me no braço, abanando-me.
Abri os olhos vendo Joshua de joelhos no chão.

Sentei-me, reparando que acabei por adormecer na casa de banho.

"Amanhã vamos embora." - Fala, com uma expressão séria.

"O Richard vai-nos seguir sempre, Joshua." - Levantei-me, andando até ao quarto. "Porque não lhe deste um tiro? Livravamo-nos dele de uma vez por todas!" - Ponho os lençóis por cima do meu corpo gélido.

"Eu não podia matar um amigo."

"Um amigo? Ele matou a tua namorada e ainda lhe chamas de amigo? Acho que ele perdeu toda a vossa amizade quando matou quem tu amavas!"

"Tu aqui não tens opinião, Camilla." - Falou, rouco.

"Tu tens noção do que ele ia-me fazendo ontem?" - Digo, confrontando-o.

"Tenho, mas já passou." - Diz, sem dar importância.

"Tu não prestas mesmo! Quando eu penso que entre ti e o Richard tu és o único que me pode salvar, engano-me profundamente!"

"Não digas isso." - Vira-me costas.

"Queres saber, eu tenho a plena certeza daquilo que disse e mais, tenho certeza que tu não amavas a Beatrice, tanto quanto dizes." - O homem virou-se rapidamente e fechou as mãos com força.

"Repete lá."

"Acho que ouviste." - Cruzei os braços.

Numa fração de segundos ele estava sentado em cima de mim e as suas mãos estavam apertando cada vez mais o meu pescoço.

"Joshua." - Murmurei, quase inaudível.

"Tu tens que aprender que quem manda aqui sou eu!" - Aperta ainda mais.

"Eu gosto de ti!" - Disse com todas as minhas forças.

Tinha de haver qualquer coisa que o fizesse parar.

Mas, ele não parou.

"Eu amo-te, Joshua." - Tentei,  fechando os olhos.

Estava ficando totalmente sem ar. Ele finalmente ia matar-me. Pelo menos, não ia ter que ficar aqui durante 71 dias a sofrer.

Vi tudo preto e logo senti o meu pescoço livre.

Abri os olhos vendo o rapaz chorar em cima de mim.

Mas ele está maluco?

Levei a mão à zona que ainda doía e tentei aliviar a dor.

Respirei fundo várias vezes, fazendo oxigénio entrar novamente no meu corpo.

Não falei nada enquanto ouvia o choro contínuo do rapaz de olhos escuros.

Não me mexi, deixando ele sentado em cima de mim.

A certa altura, ele saiu e andou como um louco de um lado para o outro.

"Estás bem?" - Perguntou-me quando finalmente parou.

"Como achas?" - Disse, ainda chocada com o que tinha acabado de acontecer.

"Eu não queria." - Vem até mim. "Eu descontrolei-me e acabei...acabei por fazer aquilo." - Passa a sua mão no meu rosto, porém desviei-me do seu toque.

"Querendo ou não, tu acabaste por fazer e eu quase morri." - Retorqui.

"Eu não te quero matar."

"Vais acabar por fazê-lo e eu tenho plena consciência disso, mas se queres saber o que eu penso, eu preferia ter morrido à pouco." - Joshua arregalou os olhos, dando-me a entender que ele tinha ficado surpreso com a minha revelação.

"Tu não podes estar a falar a sério." - Leva as mãos à cabeça. "Eu...eu faço tudo por ti, basta disseres-me o quê!"

"Deixa-me voltar para a minha família." - Pedi e ele negou. "Então não fazes tudo por mim."

"Camilla, eu não quero perder-te."

"Tu nunca me tiveste e nunca vais ter! Põe isso na merda da tua cabeça!" - Gritei.

"Vamos ver." - Ameaçou. "Eu vou ter-te e nem que seja à força! Tu vais ser aquilo que eu quiser e irás obedecer às minhas ordens!"

"Não faço outra coisa, ultimamente."

Mas de onde estou a tirar esta confiança toda?

"Amanhã iremos mudar-nos e terás de cozinhar e dormir comigo." - O quê?

"Só podes estar a gozar comigo?!"

"Achas que tenho cara de quem está a gozar?"

"Onde estou? Ainda estou em Nova Iorque?" - Mudei de assunto.

Se fosse falar, acabaria por dizer coisas que iriam acabar por enfurecê-lo e eu iria sofrer as consequências.

"Estás em San Diego."

Não falei mais nada.

Como alguma vez eu poderei voltar? Como poderão me encontrar? Provavelmente, já esqueceram o meu caso.

"Ajudem-me." - Aquela voz falou novamente, ficando Joshua a olhar para mim.

"Quem falou?" - Questionou-me e eu dei de ombros. "Não temos mais ninguém aqui a não seres tu e eu. Quem falou, Camilla?!" - Ele estava a tornar-se agressivo novamente.

"Eu não sei!" - Gritei. "Eu não saio deste quarto, como poderei saber?!"

"Eu vou procurar e irei achar." - Saiu batendo com a porta.

Será que Richard trouxe mais alguém?

Retirei o livro de Olivia e não havia mais nenhuma página escrita. Como era possível?

Vi todas as páginas do livro e estavam todas iguais. Ela não escreveu mais? Será que mataram-lhe antes dos 71 dias?

Ou ela fugiu?

Bem, se ela tivesse fugido, ela tinha escrito aqui, portanto não pode ter sido isso.

O que poderá ter acontecido com ela?

Richard!

Ricard deve ter feito algo!

"Ajudem-me!" - A voz voltou a soar.

"Quem és?" - Gritei.

Ficou tudo em silêncio, por momentos, porém, a tal voz feminina falou.

"Estou presa aqui."

"Como te chamas?"

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora