Especial Joshua (71° Dia.)

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FINAL

10 de outubro de 2035, San Diego.

A rapariga olhou-me com ódio e aí percebi que ela não seria fácil de lidar. Camilla é mais calma, ainda tem muito medo de mim, mesmo que ela não me diga, já a nossa filha, puta que pariu, saiu a mim.

"Ah... Tu." - Levanta-se. "O homem que raptou a minha mãe, sequestrou-a, torturou-a, violou..." - Interrompo.

"Mel, todos nós erramos."

"Não me trates por Mel!" - Exclama e dá uns passos há frente. "Pensas que por me vires salvar que és um herói?! Tu és um merdas sem escrúpulos que decide brincar às bonecas com mulheres inocentes! Sabes o que eu tenho? Nojo! Tenho nojo de ser tua filha! Eu vou entregar-te à polícia!" - Fechei a mão e os olhos. Tento controlar-me porque afinal a rapariga há minha frente é minha filha. "Achas mesmo que eu ia aceitar alguém como tu para ser meu pai?!" - Ri-se. "Pensava que fosses mais esperto, mas afinal, não me parece!"

"Vais parar, ou não?" - Grito.

"Senão o quê? Vais violar a tua própria filha? Ou será que vais torturar-me até à morte?" - Faz cara de pensativa. "Esquece. Não és capaz disso." - Coloca-se há minha frente. "Sei bem que gostas mais de foder com as tuas irmãs! Nojento de merda!" - Esbarra contra mim e sai pela porta. Respiro fundo para não lhe partir a boca toda e acabo por sair.

Na parte de cima, Josh está mais que morto. Os ratos continuam a comer tudo o que veem há frente. Mereceu aquele sacana!

"Anda, vou levar-te a casa." - Falo para a rapariga que está ajoelhada a ver o homem. Melaine levantou-se e procurou por algo. "O que estás há procura? Vamos embora!" - Ela vira-se para mim com uma faca na mão. Anda até Josh e começa a cortar-lhe o rosto inteiro. Sem parar, como uma doida. Até chegar nos olhos e enfiar a faca num deles. "Tu és fodida..." - Murmuro.

"Disseste alguma coisa?!" - Levanta-se, caminhando logo em seguida para a saída do armazém. Tenho pena dela ser como eu neste aspecto. Só espero que ela não destrua a sua vida como eu destruí a minha e a da mãe dela.

————

Até chegar na casa delas, a viagem foi cansativa e feita em silêncio. Melaine parecia decidida em não me reconhecer como pai e eu já estava cansado o suficiente para me importar ou tentar fazer com que as coisas fossem diferentes entre nós.

Parei o carro, quando finalmente chegamos à casa de Camilla e Melaine saiu apressadamente. Só espero que ela não fique esquisita com a mãe dela também. Camilla abriu a porta depois de tocarmos à campainha com a mão na barriga, sem maquilhagem e de pijama. As duas se abraçaram.

"Filha!" - Chorava enquanto abraçava Mel. "Como tu estás? Estás cheia de sangue! Vamos levar-te ao hospital, querida!" - A mulher olhou-me e eu neguei. Não ia levar a rapariga ao hospital pois afinal eu "não era pai dela". "Eu te levo depois. Entrem, pois parece que vai chover." - Entrei, vendo a casa numa perfeita desarrumação, diferente da primeira vez que cá vim. Ela estava preocupada demais para se dar ao trabalho de fazer qualquer coisa e eu a compreendia. Com aquela barriga, nem sei como ela andava.

Depois de eu ter explicado como havia encontrado Melaine, Camilla ligou para o seu chefe indicando onde estava o corpo de Catherine, o de Josh, ou o resto do corpo dele, e o dos outros homens que trabalhavam para eles. Também eu teria de me deslocar à esquadra e apresentar todos os meus documentos e dar o meu testemunho.

71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora