3º Dia Livre.

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5 de maio de 2016, Nova Iorque.

Ontem os meus pais disseram que o melhor era falarmos melhor hoje, sobre a minha gravidez. Hoje quando acordei, minha mãe não estava bem disposta como ontem, parecia desiludida e angustiada. Deve ser tudo por causa desta gravidez inesperada. Entretanto, pouco tive tempo de falar com os meus pais, pois o detetive ligou-me falando que hoje íamos encontrar os cadáveres. No início, eu fiquei muito receosa, afinal, vou voltar a encarar aquele sítio, onde sofri imenso nas mãos de Joshua e de Richard.

Indiquei o caminho aos polícias e acabamos por perder-nos três vezes, pois pouco me lembro do caminho até chegar ao armazém, mas finalmente chegamos e está na altura de provar o que eu digo.

A equipa de forense foi logo para o quintal do armazém, enquanto que eu fico acompanhada por um polícia. O homem alto sorri-me por vezes, porém quando o faz cora ligeiramente. Talvez seja envergonhado... nunca se sabe.

"Sou o Dan." - Olho-o, sorrindo.

"Já sabes o meu nome, certamente." - Ele confirma com a cabeça. "Porque não estás ali com os outros?" - Na altura em que finalmente vi que ele ia falar algo, o detetive corre até mim, pálido, buscando-me para ir conferir o que haveriam descoberto.

Tal como eu tinha dito, os cadáveres ainda aqui estão. Algumas mulheres têm falta de membros, por causa da obsessão ridícula de Joshua querer reconstruir Beatrice, o que nunca de facto percebi, já que ele amava mais Camilla, sua namorada que se suicidou.

"Camilla, ao todo temos 55 cadáveres." - Arregalo os olhos. "Já levamos uns quantos para a carrinha mas muitos mais faltam."

"Então deve ter sido aqui que ele enterrou os corpos que estavam no outro armazém, em Santa Mônica." - Observo, seriamente.

"Ainda precisamos de uma prova." - Encaro o homem, apercebendo-me que Dan está atrás de nós. "Disse-me no interrogatório que tinha um diário de Olívia e algo escrito em madeira. Já conseguimos achar um baú com os membros de muitas vítimas, mas precisamos ainda destas que lhe falei."

"Venha comigo." - Convicta, comecei a andar em relação ao primeiro quarto onde estive. Respirei fundo antes de rodar a mão da porta e entrar naquele lugar imundo e cheio de más recordações.

Levantei a cama, mostrando a tábua onde estavam os 13 nomes e membros das vítimas. Uma fotografia foi tirada primeiramente e de seguida, levaram como prova. Segui para o outro quarto. Quarto de Beatrice, porém agora sabendo que isto era onde a família de Joshua vivia, de quem seria aquele quarto? Entrei no quarto e procurei pelo diário, acabando por o achar numa das gavetas de uma mobília. Entreguei-o ao detetive.

"Havia um diário de Beatrice, com apenas uma página, porém não sei onde está."

"Provavelmente, está por aqui." - Dan comentou.

O detetive e eu continuamos a procurar até que o encontramos, debaixo do colchão. O homem ficou analisando o diário, até que me fez sinal e saímos.

"Precisamos agora de ir à empresa de Cole." - Será que isto nunca mais acaba hoje?! Assenti, ainda que não gostasse muito da ideia e fui com eles. O caminho para lá, lembrei-me na última da hora.

"É na Florida!" - Exclamei, quando relembrei.

"Na Florida?!" - Dan falou, enquanto os outros polícias suspiravam, exaustos de tanto andar de um lado para o outro em vão.

"Temos de apanhar amanhã um avião para lá então. Virá connosco, Camilla?"

"Receio que não, por causa da gravidez." - Corei ligeiramente ao ver a expressão triste que Dan fez ao ouvir que estou esperando um filho.

"Pois... já me esquecia dessa parte. Iremos nós então. Iremos manter contato, ok?" - Assinto. "Vamos levar Camilla de volta a casa, já é tarde." - Ordenou e assim voltamos para a minha casa.

Entrei e na sala já os meus pais me esperavam sérios e calados. Sentei-me num cadeirão frente a eles e os mesmos entreolharam-se.

"O que há?" - Pergunto, na esperança de acabar com todo este silêncio oportuno.

"Camilla, estás grávida de quem?" - O meu pai fala, olhando para as mãos.

"De Joshua, o homem que me raptou. Ele violou-me e a partir de aí, eu só soube há dias atrás, quando ainda estava na Florida." - Conto.

"Não estás a pensar em mantê-lo pois não?" - A minha mãe fala, fazendo eu e o meu pai olharem-na, chocados. "Ela não pode manter aquele monstro dentro de si!" - A mulher grita para o homem ao seu lado.

"Trisha, tu é que pareces um monstro ao falares dessa maneira! Aquilo é um bebé, que não tem culpa do pai que tem! O que te deu?!"

"Tu vais manter o bebé, Camilla?" - Ela olhou-me, ignorando todas as palavras do meu pai que de facto eram as minhas. Eu não posso abortar este bebé, mesmo que ele seja do Joshua, afinal ele não tem culpa de nada. No fim de tudo isto, este bebé é o que me faz sentir viva ainda.

"Vou sim, mãe." - O meu pai olhou-me sorrindo.

"Essa é a minha menina." - O meu velho comentou, arrancando-me um sorriso dos lábios.

"Essa é a menina que tu ensinaste mal e que agora vai ter um bebé fruto de uma violação! É isso que queres para a tua menina? É? Ela devia abortar! Ou melhor, ela vai abortar, nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida!" - Levanta-se, deixando o local.

Continuo chocada com o discurso da minha mãe tal como o meu pai. Ele sendo polícia, várias vezes havia contado que haviam algumas meninas que eram violadas, mas que ainda assim, mantinham os seus bebés, pois era a única coisa que as fazia felizes e que sem os seus bebés, ao elas estarem mortas ou vivas, não havia miníma diferença.

"Filha, eu vou falar com ela. Tu vais manter esse bebé." - Levanta-se, saindo também do local.

Subi para o segundo andar, entrando no meu quarto. Subo a minha camisola e de lado, olho-me ao espelho, vendo já algumas pequenas diferenças na minha barriga. Esse bebé é a única coisa que me mantém viva agora.

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