45º Dia.

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17 de junho de 2017, San Diego.

"Acorda cabra!" - Acordei assustada e toda molhada. Elaine acabou de me atirar um balde com água fria. "Hoje faremos algo diferente, porque não tens visto nada de muito diferente em comparação com o que Joshua te fez, não é mesmo?" - Olha-me e fico quieta. Só gostava de ter a minha filha nos braços, mais nada. E lembrar-me que Joshua matou-a é dar-me uma facada no coração. Praticamente, estou morta já.

"Talvez tu não saibas fazer mesmo nada." - Comento, sem medos.

"O que disseste?" - O seu olhar muda drasticamente e volto a repetir o que havia dito e ela com certeza ouviu. "Acabou minha menina, vais aprender!" - Caio no chão ainda amarrada à cadeira. As cordas continuam bem apertadas e Elaine continua.

"Até agora, nada feito." - Falo.

A cadeira é levantada assim como eu. A respiração acelerada de Elaine ouve-se até na China se for preciso. Até agora ela não me fez nada de muito diferente. A minha perna continua dorida mas ainda assim já não tenho tanta dor como ontem.

"Eu estava tentando não te fazer nada, mas tu parece que queres mesmo morrer! Então, vou fazer-te a vontade! Mas antes, irás arrepender-te do que fizeste ao meu Joshua." - Ela é tão patética. Sinceramente, esperei de tudo menos isto. Até agora ela parece muito calma. Nada de novo feito e até acho que ela está pensando no que me fazer a seguir. Deve ser difícil não saber o que fazer, mas não tenho pena. Aliás, se pudesse rir da figura dela ria, porém não tenho motivos para rir quando a minha filha morreu.

Elaine sai apressada. Talvez foi pedir ideias ao Joshua?! Voltou com um grampeador e pioneses. Joshua entrou em seguida com a cara fechada. Desde ontem que ele anda esquisito. Se for remorsos é muito bem feito! Quem é capaz de fazer aquilo a uma bebé? Ninguém no seu perfeito juízo faz coisas horríveis como estas!

"Amarra-a à cama!" - A irmã do psicopata quase grita e vejo que as mãos dela tremem. Mas que raio?! "Vira-a de barriga para baixo!" - Já desamarrada não lutei com Joshua, pois quero mesmo morrer. Quero desistir de tudo isto. É triste, mas é a mais pura das verdades.

Fui colocada novamente amarrada à cama de costas para cima. A porta fechou-se pouco depois e deixei de ver Joshua no quarto. O meu sutiã é desapertado.

"A partir de hoje, tu não falas como queres." - Sinto algo enfiar na minha pele no sítio onde antes estava a minha roupa interior. Sinto uma dor bem aguda, comparada à de uma agulha daquelas de vacinas. "Sabes, sei da tragedia que aconteceu com a tua irmã." - Engulo em seco. Como ela sabe? Nunca contei isto para ninguém, nem mesmo os meus pais. Nem Joshua sabia, ou será que sabia? "Agora que já passaste por tanto sofrimento..." - E novamente ela enfiou os pioneses. Não dou conta de quantos foram de uma vez e tento não gritar.

"Tu não sabes de nada!" - Falo.

"Enganaste minha querida. Sei de tudo. Sei das vossas discussões, da polícia te ter dado como principal suspeita, de como os teus pais te culparam por tudo até descobrirem o corpo e até sei de uma coisa que ninguém sabe... Sei quem matou a Emily." - A minha cabeça deixou de raciocinar. Ela matou Emily ou foi Joshua?

"Tu mataste a minha irmã?"

"Incrível não é? Agora estou contigo que és irmã dela! Que coincidência! Sabes naquele dia, eu tinha fugido da polícia. Como eu andava desaparecida desde que fugi da clínica tentava eacapae às autoridades, porém naquele dia eles me virão ao correr por entre tanto mato, acabei vendo um quarteirão de casas e quem estava andando de bicicleta? A tua querida irmã. Ela era bonita, oh se era. Mais do que tu, na verdade. Vi o quão chateada a outra menina estava sentada ao pé da porta que deveria ser a sua casa, suponho que eras tu."

"Mas eu fui para dentro. Ela continuava lá fora, como conseguiste fazer-lhe mal?!"

"Fácil demais. Chamei-a e ela tão contente veio. Pedi-lhe que me ajudasse a ir até ao supermercado mais perto, ela como gentil que era levou-me até ao local, pois para ela era mais fácil do que dar instruções."

"Ela não sabia distinguir a direita da esquerda." - Comento.

"Pois, agora percebo." - Vi ela pegar no grampeador e colocar um no meu braço. Desta vez grito e bem alto. Aos seguintes, a mesma coisa.

"Porra!" - Grito.

"Quando estávamos a chegar à loja, agarrei-a no cabelo e levei-a para dentro de uma casa fechada que estava por ali. Abafei cada grito que ela deu. Fiz-lhe o improvável de se fazer, já que sou mulher e ela também, mas consegui."

"Tu violaste-a! Sua cabra!" - Tento soltar-me com raiva. "Como pudeste, sua assassina?!"

"Queres que te explique?" - Não deu nem sequer tempo de responder. "Tinha sempre uma faca comigo e claro um rolo daqueles de estender a massa. Lá na clinica tínhamos aulas de culinária, cujo nunca percebi o motivo delas e foi aí que roubei um daqueles rolos para mim. Violei-a com o rolo, fiz mais algumas coisas que não te contarei como é óbvio e acabei por lhe enfiar a faca também. Cortei-a enquanto não me aborreci." - Dei por mim a chorar.

"Ela tinha 13 anos! 13!" - Exclamo.

"E é muito provável que te aconteça o mesmo, querida." - Senti ela sair da cama.

Passado algum tempo, de muito chorar com tudo o que havia ouvido, a porta abriu-se novamente.

"Camilla..." - Joshua apenas murmura ao olhar-me. "Eu vou te ajudar."

"Não chegues perto!" - Grito com ele, fazendo ele me olhar sem compreender. "Tu és ainda pior que ela! Vocês dois são uns loucos! Como pudeste?! Ela matou a minha irmã e tu a minha filha!"

Joshua pareceu não ouvir e começou a tirar os pioneses das minhas costas. Para tirar ainda dói muito mais. Pouco depois ele saiu rápido. Voltou com os primeiros socorros. Senti a minha pele ferver e soltei alguns palavrões. Ele tirou os grampos com alguma dificuldade é cada um que ele tirava era um sofrimento horrendo para mim. Ter a minha filha foi menos doloroso.

"O último." - Fala, colocando o último grampo dentro de uma taça de inox.

"Ótimo." - O meu coração está acelerado demais e parece que vou morrer a qualquer momento.

"Camilla?" - Vejo tudo turvo e Joshua continua a abanar-me devagar. "Camilla!"

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora