23- Conversa Breve

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Sem perder um minuto, eu, Imani e Akia seguimos para a única prisão de Vila Arcana. Nenhum dos dois acreditou quando eu disse que Aman em pessoa tinha acordado e me dito para fazer isso. Acharam que eu estava tendo alucinações por causa de tudo o que tinha acontecido. Só quando a dona Renata confirmou a história é que me olharam com um pouco mais de credulidade. Esses são os amigos que eu arranjo! Onde já se viu...

Saímos em franca corrida. Ou pelo menos eu saí. Os dois bundões vinham se arrastando atrás de mim. E olha que eu tinha acabado de despertar de um hiato de duas semanas. Mas não pude ir muito longe. Enquanto olhava por cima do ombro para ver se os dois ainda estavam vivos, esbarrei em algo grande e forte, mas bem macio. Parecia um poste, de tão imóvel. Cai sentada com o impacto. Virei o rosto para cima para descobrir que havia esbarrado em Serani. É, aquela mesma. Aquela Serani que tem só 1,90m de altura e é chefe das Forças Mágicas Armadas. Ela estava na cerimônia da minha despedida.

— Ah, nossa. Como eu gostaria de ter dado esse esbarrão...

Ouvi Akia murmurar, enquanto tomava uma cotovelada de Imani. Por esse comentário, eu sabia que a parte macia que tinha atingido com o alto da cabeça só podia ter sido os peitos dela. Ai, droga, droga, droga, droga. Serani me dava calafrios. Eu nunca havia falado diretamente com ela. Sua expressão fechada e olhos frios me davam muito medo.

Os cachos que ficavam ao redor de sua nuca sacudiram ao vento e a luz do dia refletiu em sua pele cor de café enquanto ela estendia a mão para que eu pudesse me erguer.

— Então você acordou, mocinha. Aonde está indo com tanta pressa?

— Eu, eu, eu... Estava indo até a cadeia e...

— Cadeia? Curioso. Atualmente há apenas um detento lá. Me pergunto por que gostaria de ver o ser que atacou duas de nossas melhores coletoras, Alexia Megaroc, e Amanda Maro. Pelo que sei, você não se lembra de nada do ocorrido, não é mesmo?

— Eu... Não me lembro... Eu, eu, eu...

— Ora, mestra Serani! Não está claro? É obvio que a Dri quer cuspir na cara desse vermelho asqueroso! Para que serve um vermelho, senão para ameaçar nossas famílias e ser morto por isso?

Akia! Mas que diabos ele estava falando?

— É mesmo, jovem senhor Akia Walker? Você e a senhorita Imani Acker compartilham do mesmo desejo? — Disse Serani com voz dura, os olhos estreitando-se, cravados em Akia.

— Claro que sim, mestra. O que mais um morador decente de Vila Arcana poderia desejar de um vermelho imundo?

— Muito bem. Fique esclarecido que o vermelho só está lá porque tanto o ancião líder Cális quanto meu parceiro Nicolas preferem esperar que Amanda Maro desperte, para verificar se ele foi mesmo o responsável. Devo dizer que isso é pura perda de tempo. Todo vermelho é culpado por alguma coisa. Se não foi ele quem fez isso, com certeza já cometeu crime pior. Nos pouparíamos muito trabalho eliminando-o de uma vez.

— Está certíssima, mestra. Permita-me dizer que é sempre um prazer vê-la em pessoa, mas agora precisamos mesmo ir.

Serani deu uma risada seca e um olhar sarcástico para Akia.

— Garoto, não caia na besteira de achar que isso funciona com qualquer mulher.

— Mas é claro que não, mestra! Sou mais inteligente do que isso. Agora se nos permite... Mais uma vez, foi um grande prazer. Certo, meninas?

Akia já estava carregando a mim e Imani pelo braço. Nós perdemos nossa deixa e ele deu um pequeno tranco em ambas, para ver se a ficha caía. Tudo isso sem jamais perder o sorriso brilhante.

Dente de Leão -- Uma breve história anterior a Perna de MagiaKde žijí příběhy. Začni objevovat