Dente de Leão -- Uma breve história anterior a Perna de Magia

25- Morrer É Algo Simples

O peso das revelações quase me esmagou. Mas depois de alguns instantes, quando consegui apreender toda a situação, o peso foi retirado dos meus ombros. Me senti aliviada. Então não tinha sido culpa de Liam! Ele nunca mentira, e no entanto, eu havia sido extremamente ruim, duvidando dele e acusando-o. Comecei a me sentir mal de novo. O que ele estaria pensando de mim?

Depois que Brisa terminou de falar, meu pai dirigiu-se à cozinha para preparar um lanche rápido para acalmar os ânimos. Imani ofereceu ajuda e o seguiu. Brisa, curioso com o procedimento, ficou a observá-los. Somente eu e Akia ficamos na sala.

- Você gosta desse tal de Liam, não é?

Fiquei surpresa com a pergunta tão direta.

- S-sim. Acho que gosto sim.

- Droga. Queria saber o que esse cara fez para ganhar seu coração. - Akia suspirou como se estivesse derrotado - Mas, por mais que você goste dele, talvez seja melhor ser um pouco mais cautelosa. Será que a criatura está falando a verdade?

Confesso que a possibilidade não havia me passado pela cabeça.

- Você acha que ele está mentindo?

- Acho que todo cuidado é pouco. Ele não deixa de ser um associado de Liam, não é? Ele pode nos contar a história que for, não temos como confirmar.

- Não acho que Brisa esteja mentindo. Mas vamos poder confirmar com Aman logo mais...

- Nossa, você realmente gosta dele.

- Qual o problema? - Falei, irritada, pois sentia meu rosto corando de vergonha - Ele é um ser humano também!

- Não é isso. É que eu realmente gostaria de saber o que ele fez para que você gostasse tanto dele, sendo que eu venho tentando isso há meses.

Fiquei ainda mais vermelha e olhei para o chão. Mas tomei coragem e falei baixinho.

- Ele não fez nada. Gosto dele por ser como é. - Aspirei uma golfada de ar para continuar adiante. Já tinha começado, então precisava terminar. - Você perde tanto tempo comigo que nem percebe que há uma outra pessoa aqui que gosta de você como você é.

Akia pareceu desconcertado. Piscou várias vezes, mudo. Então seu olhar seguiu para a cozinha.

- Você... está falando da... Imani?

Quase dei risada da cara perdida dele.

- Claro, seu bobo! Por que acha que ela está correndo para cima e para baixo ao seu lado?

- Por que ela é sua amiga e está preocupada com você?

- Claro, isso também. Mas para ela é ótimo que você tenha resolvido ficar preocupado comigo também.

Dei um sorriso maroto. Akia olhou para mim com descrença. Depois mirou novamente a direção de onde vinham as vozes de meu pai e Imani, o rosto pensativo. Abriu a boca para dizer algo, mas foi como se as palavras morressem em sua garganta, então ele simplesmente ficou calado por quase um minuto.

Quando tentou dizer algo mais uma vez, a porta da frente da casa abriu-se com uma explosão.

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Amanda estava perdida dentro de si mesma. Boiava de forma suave em um redemoinho de água sem fim, girando e girando, cada vez mais fundo em sua própria consciência. A sensação era boa, tranquila até. Poderia ficar ali por muito tempo, rodopiando de ponta cabeça. Eternamente.

Mas não foi assim.

Notou que seu corpo pousava em um chão de terra batida. Sentiu a terra na ponta dos dedos, a fofura no rosto. Continuava relaxada, e por ela, poderia ficar ali também. Apenas deitada, descontraída e em paz.