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CAPITULO 1

Meu nome é Annelise Mcgregor, mas todo mundo me chama de Anne. E não, ao contrario do que você esta pensando eu não sou parente daquele lutador pouco amável e educado chamado Conor Mcgregor. Sou uma mera garota universitária, normal, comum e sem nenhum tipo de privilégios nessa vida.

Não sou muito sociável, tenho poucos amigos e um humor que às vezes acaba com tudo a minha volta. Mas nem sempre fui assim.

Minha vida costumava ser mais fácil à uns 4 anos atrás. Quando a minha mãe ainda era viva e meu mundo perfeitamente normal. Mas nem sempre tudo pode ser como a gente quer. Eu estava no ensino médio quando ela descobriu aquele maldito tumor no cérebro. Não tivemos muito tempo para fazer alguma coisa, segundo o infeliz do médico não se podia fazer muito. Chamo ele assim porque não acredito que alguém consiga dar uma noticia tão horrível com uma cara de quem fez tudo que podia, sendo que se ele tivesse descoberto aquela maldita massa cinzenta, quando ela disse a ele que as dores de cabeça não passavam e ele alegava ser apenas uma enxaqueca forte, ela poderia estar aqui.

Mas águas passadas. Até porque já vinguei, mesmo que minimamente, a falta de interesse dele quando risquei seu carro com os dizeres "seja um bom médico".

Meu pai foi tudo que me restou e os dias depois daquilo foram bem difíceis. Eu costumava ser a garota mais popular da minha escola, tinha muitos amigos e qualquer garoto que eu quisesse. Mas com tudo que aconteceu eu mudei, me tronei mais amargurada, mais intolerante e tudo parecia tão injusto na minha vida que minha alegria de viver simplesmente foi embora.
Me sentia injustiçada pelo destino. Não achava certo ver tantas pessoas maltratando seus pais, reclamando deles, os tratando mal quando tudo que eu queria era trazer a minha mãe de volta. Me irritava só ter que ouvir minhas amigas reclamarem daquilo que tinha me sido tirado.

Claro que todos aqueles que gostavam de mim me deram um tempo para superar, mas ainda sim parecia que aquele era o tipo de luto da qual não voltamos nunca mais. E eu não conseguia simplesmente seguir ao lado de todas aquelas pessoas quando não me sentia mais parte do grupo.

Meu pai foi o que mais sofreu com a minha mudança, assim como para mim, não estava sendo fácil para ele seguir em frente. Ele e a minha mãe sempre foram muito unidos, e viver sem ela, tinha o deixado perdido. Eu era tudo que tinha sobrado para ele, assim como ele era pra mim, só que a vida inteira meu pai não ficou muito em casa para saber como eu era de verdade. Ele sempre viajou muito a trabalho, pouco parava em casa para perceber que eu não era mais uma garotinha.

Assim como a minha vida mudou, a dele deu um salto de 360 graus. Ele teve que trabalhar menos, já que precisava cuidar da minha depressão, e por alguém no seu lugar na empresa que lutou arduamente para construir. Mas como a minha própria mãe falava, ninguém melhor do que você mesmo para fazer os seus negócios, e aos poucos a empresa do meu pai foi caindo, caindo, até chegar a falência.

Não ficamos completamente falidos, mas muito da minha realidade tinha mudado quando eu voltei da depressão. Não morávamos mais em um bairro bom de Nova York e as pessoas, que antes achei serem minhas amigas, haviam mudado muito com a gente. Em questão de um ano as coisas mudaram drasticamente e fui obrigada a amadurecer sem estar preparada para isso. Tive que me empenhar muito mais para conseguir uma bolsa para a faculdade, encarei as dificuldades de um emprego qualquer para ajudar com as contas de casa e aprendi da pior maneira possível que não dava valor para tudo que tinha antes.

Me sentia perdida de tantas formas que não sabia mais dizerem quem eu era.

Então um dia, depois de ter sido duramente humilhada na lanchonete onde servia mais mesas que o próprio Mcdonalds, corri mais de uma quadra para casa porque tinha perdido o ultimo ônibus que entrava no subúrbio onde eu morava. Tinha perdido a cabeça quando a mulher jogou o copo do refrigerante, que servi errado, na minha cara. Gritei e ofendi até as outras pessoas que estavam no estabelecimento, o que obviamente me fez perder o emprego. Só que eu precisava daquele salário, precisava ajudar meu pai e tinha sido ridícula por agir daquele jeito.

Quase, sem quererWhere stories live. Discover now