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3 ANOS DEPOIS

I torture you

Take my hand through the flames

I torture you

I'm a slave to your games

I'm just a sucker for pain

I wanna chain you up

I wanna tie you down

I'm just a sucker for pain

Meu corpo pingava, minha camisa estava encharcada, e minhas pernas pareciam se mover sozinhas. A cada batida da música, meu olhar se tornava duro, ao encarar meu reflexo. Já fazia trinta minutos que eu pulava corda, sem parar, em frente ao espelho, em cima do tatame, com a habilidade que jamais imaginei que teria. Eu alternava a corda, em movimentos cruzados, que formavam um X no ar.

Eu não conseguia parar, mesmo que respirasse com dificuldade, e estivesse completamente molhada de suor. Precisava de distração, tirar a minha cabeça da montanha russa, e mantê-la focada no que era preciso. Eu queria folego, e não as definições que eu já tinha marcado no meu abdome. Respirar, mesmo quando o ar não parecia mais presente, era tudo que eu precisava. Então continuei.

Os fios do meu mais novo cabelo, estavam grudados no meu pescoço, assim como a franja enorme no meu rosto, me dando a aparência de uma lutadora em pleno combate.

-Confesso que amei seu cabelo curto.- disse Pan parando para me ver treinar.- Na altura do queixo e com franja comprida, jamais imaginei você assim Rapunzel.- ela ria com ironia.

Parei de pular para revirar os olhos.

-É mais prático.- coloquei a franja para trás da orelha, tentando prender o cabelo completamente molhado.

Pan deu de ombros, como se dissesse "se você diz".

-Desde quando você é fã de Rap?- ela ergueu uma sobrancelha.- Nathan esta corrompendo você também?

Revirei os olhos mais uma vez.

-Não tenho tempo, nem para ser influenciada, ultimamente.- enrolei a corda e larguei no armário onde ela ficava. Peguei a tolha em cima do banco, e passei por Pan, que só me encarava. Mesmo que a nossa relação, tenha se desenvolvido, eu nunca ia me acostumar com o jeito direto que ela falava as coisas.

Muita coisa tinha mudado na minha vida, coisas de mais, para uma pessoa normal como eu. O que devo confessar, me animou bastante.
Tinha descoberto a minha vocação na vida, estava dedicada completamente ao jiu jitsu, tanto que tinha ganho a medalha do ultimo mundial na faixa azul. Foram 39 campeonatos, e em apenas 6 sai com a medalha de prata. Tinha ganho mais dinheiro, do que sabia ser possível, ganhar no mundo do jiu jitsu. As lutas finais, no peso absoluto, aquele que não tem um peso limite, tinham me rendido mais dinheiro do que eu ganharia em um ano de trabalho.

Aquele se tornou meu mundo cada vez mais, ao ponto de eu passar mais tempo na academia, do que na minha própria casa. Na faculdade tinha finalmente decidido meu curso, ia fazer educação física e juntar todo dinheiro que pudesse, para em um futuro próximo, poder abrir a minha própria academia.

Eu queria viver daquela arte para sempre, vestir um Kimono e lutar para estar no rank dos melhores do mundo, tinha se tornado meu foco principal. E nada ia me atrapalhar.
Eu tinha me tornado uma guerreira, pronta para qualquer combate.

Treinava dez vezes por semana, em dois turnos diferentes, e estudava nos intervalos. No meu guardo roupa, as roupas tinham sido substituídas, pelos vários kimonos que tinha ganho nas competições, e as paredes do meu quarto, agora eram decoradas com diversas medalhas e troféus do mundo em que eu respirava.
As mudanças foram tão drásticas, que até meu pai, já estava treinando e gostando, cada vez mais, da minha nova religião.

Quase, sem quererDove le storie prendono vita. Scoprilo ora