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Ficamos até tarde na academia conversando sobre meus afazeres. Alexandre tinha pedido a Nathan que me explicasse como tudo funcionava e o que eu deveria fazer para ganhar um salario no fim da semana.

Nathan estava tão feliz com a sua nova posição que estava com um humor maravilhoso. Me explicando tudo sem reclamar ou sequer ser irônico quando eu fazia perguntas obvias para ele.

A verdade é que eu não conhecia nada daquele mundo, não sabia como funcionava as coisas e muito menos como elas se chamavam. Mas ele me ensinou tudo enquanto Alexandre conversava com os possíveis novos alunos e mostrava as dependências da academia para eles.

Nathan me mostrou os vestiários, a sala de Alexandre, o quarto que ficava ao lado que tinha dois beliches, um guarda roupa, uma TV enorme ligada em um vídeo game de ultima geração, uma comoda e malas acomodadas em baixo das camas. Aquele quarto servia de casa para alguns garotos que vinham de outras cidades para campeonatos locais, mas principalmente servia de casa para Nathan.

-Você mora aqui?- perguntei a ele surpresa.

-Moro sim.- disse ele com um sorriso.- Por que?

Dei de ombros.

-Por que?- repeti a pergunta dele.

Ele revirou os olhos, se divertindo com a minha curiosidade.

-Eu não sou dessa cidade, vim para cá para competir os campeonatos e poder treinar com mais foco todos os dias.

Não percebi que estava de olhos arregalados.

-E seus pais? E sua casa? E tudo que você tinha lá? Tipo amigos e namorada.- disse eu completamente perplexa.

Ele deu de ombros e sorriu.

-Abri mão de tudo pelo jiu jitsu. A minha vida esta aqui dentro.- disse ele, mas ao me ver com os olhos arregalados continuoou.- Não estou dizendo que não amo a minha família e meus amigos, volto para casa sempre entre um campeonato e outro. E eles apoiam completamente minha escolha e isso é só o que importa para mim.

Ele fechou a porta do quarto e seguimos nossa tur.

-E a sua namorada?- perguntei aquilo me arrependendo arduamente do que tinha dito. Mas a verdade é que eu estava curiosa para saber como alguém mantinha uma relação como aquelas, com alguém que não te priorizava.

Ele olhou para mim e sorriu mais uma vez daquele jeito que fazia meu rosto corar. O que me obrigou a olhar para baixo e ignorar o que ele tinha a dizer. Então ele colou o braço por sobre meus ombros, me direcionou até a sala onde eles faziam o treinamento funcional todos os dias, pela manhã e tarde da noite. Não gostei do braço dele em mim, mas não protestei, ele estava de tão bom humor que aquilo estava me contagiando.

Depois que ele me explicou como funcionava o circuito da sala de exercício funcional, o que me cansou só de imaginar tudo que eles faziam, nos separamos e descemos as escadas. Ele me apresentou o resto da academia de musculação, os banheiros e vestiários do andar de baixo, a mini cantina que tinha bem no centro do salão, que era como uma ilha onde era preparado todo o tipo de bebidas proteicas que os alunos precisassem, as salas de aula de todos os tipos de luta, ritmos e exercícios aeróbicos, e por ultimo me mostrou a parte administrativa da academia que ficava em uma sala atrás do balcão por onde entrei. Assim que passamos por Pan, a recepcionista mal humorada, ela sorriu para Nathan.

-Parabéns baby.- disse ela cheia de intimidade com ele. E por algum motivo gostei ainda menos dela naquele instante.

Nathan corou, o que me fez ficar ainda mais irada com a situação. Pigarrei para mostrar que estava ali, sem perceber que estava com ciúmes do garoto que tinha acabado de conhecer melhor.

Quase, sem quererOnde as histórias ganham vida. Descobre agora