29

231 36 3
                                    



7 anos antes

Eles não faziam ideia do problema que causariam um ao outro. Não tinham ideia que aquele, seria o motivo, para acabar com uma amizade que durou anos. Não fizeram por mal, era só mais uma brincadeira de garotos do ensino médio, que acabou muito mal.

Austin já tinha bebido quatro doses de tequila, e se achava o mais resistente naquela sala. Ele e seus amigos tinham preparado uma noite de bebedeira, coisa de meninos, regada a muito vídeo game e gritos enlouquecedores.

Os pais de Harry tinham ido viajar, ou seja, a casa estava livre para ser detonada por aqueles garotos.

-HOOOOOOOOOW!!!- gritou Austin, ao marcar o terceiro e decisivo gol em Harry.

Harry revirou os olhos, enquanto seus outros amigos pegavam no seu pé.

-Pelo menos nisso você é melhor do que eu.- ele largou o controle do vídeo game no sofá, e levantou, bebendo a sua décima dose de tequila.

Eles eram um total de 7 garotos, todos colegas de escola, amigos de muito anos, ligados por um nível social que a maioria das pessoas não seria capaz de acompanhar. Nenhum deles almejava grandes sonhos, não, eles só pensavam no agora. No momento.

Estavam apostando doses de tequila para cada partida perdida, e não contentes com a forma que comemoravam as vitorias, eles passaram a fumar um tipo de planta, enrolada em um papel de seda, proibido em varias partes do mundo. A sensação de superioridade, de liberdade, e principalmente a junção daquilo tudo deixava eles ainda menos sábios.

-Tudo bem, vamos apostar Harry Collins.- disse Austin.

Harry tragava seu cigarro proibido, sem pressa e nem preocupação. Soltou um circulo perfeito de fumaça ao vento, e depois inclinou a cabeça, incentivando o amigo a continuar.

-Já que você é tão irresistível assim, vamos apostar em um jogo que você não sabe perder.

Harry passou o cigarro para um dos garotos, depois sentou mais ereto, curioso com a proposta que Austin fazia.

-Adoro esses lances!- disse um dos garotos.

Dreak, o mais velho deles, assim como o mais malicioso, se pronunciou com superioridade entre os outros.

-Antes das crianças ai começarem a apostar, vamos definir o que vai valer.- disse ele animado.

-Como assim?- perguntou Harry, não havia nada que ele quisesse que não pudesse ter.

Austin revirou os olhos, ele já tinha tudo formulado na sua cabeça.

-Não é uma questão de ganhar ou perder, e sim de provar que um é melhor do que o outro.

Dreak sorriu.

-Isso parece interessante.- disse ele.

O cigarro já tinha dado a volta no grupo de garotos, e novamente se encontrava nos lábios de Harry, ao passo que o mesmo analisava tudo com atenção. Pelo menos o máximo que a bebida lhe permitia ter.

-Eu proponho que você prove que é melhor do que eu no quesito mulher...- começou Austin.

-Isso é fácil.- Disse Harry com um sorriso presunçoso.

Austin levantou a mão, querendo terminar sua explicação.

-Eu vou sair com uma garota, mas não as fáceis da escola, até que ela fique completamente apaixonada por mim, e quando isso acontecer, você vai ter que provar que é melhor do que eu, fazendo com que ela desista de ficar comigo, para ficar com você.- disse Austin sério.

Harry riu sozinho, já tinha feito aquilo por diversão varias vezes, ia ser fácil pra ele. Só que ele não sabia quem era a garota, e o quanto aquilo poderia mudar sua vida para sempre. Não fazia ideia do quanto se arrependeria por ter aceitado aquela proposta.

-Moleza, e qual é o meu prazo?- perguntou ele.

-Até que ela se entregue completamente pra mim.- disse Austin com astucia.

Os garotos gritaram, provocando ainda mais o lado competitivo e Harry, que já tinha entrado naquela aposta sem nem pedir licença.

-Estamos falando de sexo aqui rapazes?- perguntou Dreak.

-Com toda certeza.- afirmou Austin.

A sala se encheu de gritos e exclamações, os garotos estavam quase incontroláveis devido ao seu novo jogo favorito. O que poderia ser mais divertido do que pegar mulheres em prol de mostrar quem era o melhor entre eles? Nada, garotos mimados tem a séria tendência de se subestimarem.

-E quem é a escolhida?- perguntou Drake.

Todos os garotos olharam para Austin no mesmo momento.

-Annelise Mcgregor.- disse Austin, olhando diretamente para Harry.

-Não, ela não. Escolha outra pessoa.- disse Harry rápido de mais.

Todos naquela sala sabia o que o garoto sentia por Anne, como ela era popularmente conhecida. Nenhum deles ousava chegar perto dela, mesmo que ela fosse uma das garotas mais bonitas da escola. Ela era meiga e simpática, tinha um dos sorrisos mais cativantes e envolventes que a maioria dos garotos conheceria, além é claro de uma beleza forte e determinada.

-Qual é, Harry?- disse Austin com um sorriso debochado.- Por que não pode ser ela?

Harry revirou os olhos, depois apagou o cigarro ao amassá-lo no cinzeiro.

-Você sabe muito bem porque.

Austin jogou a cabeça para tras, sorrindo, ao mesmo tempo que adorava ver a insegurança no olhar de Harry. Sim, aquilo tinha sido premeditado por ele e Dreak, os dois não aguentavam mais ver o amigo levar sempre a melhor, sem nunca quebrar a cara, por investir na garota errada.
Mas por algum motivo Harry sabia, que se entrasse naquela aposta poderia estar perdendo muito mais do ganhando.

-É isso que torna tudo tão perfeito, você se importa com ela, mesmo que não devesse.- comentou Austin.- Ela não é como as garotas mais populares, faz pouco tempo que entrou para o nosso nível social, então ainda tem o coração puro dos perdedores.

Harry olhou para Austin, sem saber disfarçar o quanto lhe incomodava ouvir aquilo.

-Eu não ligo para isso.

-Mas deveria.- disse Austin.- Mas qual o problema caro amigo? Você não se garante? Que eu me lembrei você sempre disse que não havia garota que resistisse ao seu charme.

Os garotos caíram na gargalhada, deixando Harry ainda mais inseguro com a sua reputação.

-Eu topo!- disse ele sem pensar direito, cometendo um dos maiores erros da sua vida, segundo se próprio.

Austin estende a mão na direção de Harry, com um sorriso debochado estampando em seus lábios tão bem delineados.

-Vai ser um prazer, provar que você não é metade do que acredita ser.- Austin sorria ao dizer aquilo, testemunhado por seus melhores amigos, enquanto apertava a mão do único cara, além dele mesmo, capaz de fazer qualquer coisa para ter o que quer.

Quase, sem quererOnde as histórias ganham vida. Descobre agora