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Tomei duas xicaras de café pela manhã. Mais uma no almoço e outra antes de deixar a faculdade. E foi tudo que ingeri o dia todo.

Me sentia esgotada com todo o estresse que Harry causava na minha vida. E ter que encarar ele em duas aulas aquele dia não estava me ajudando. Ele fazia o possível para me irritar e sempre que tinha oportunidade falava alguma coisa para me lembrar da noite que tinha passado.
Ele era um saco.

Eu já estava com a mochila no ombro e já andava em direção a minha moto quando vi que ele estava logo mais a frente. Ele estava sentado no capo do seu reluzente carro negro, com as botas brilhando mesmo à minha distancia, rodeado de um grupo de amigos tatuados e de cabelos coloridos. Fiquei lá, parada, observando Harry, pensando porque ele precisava tanto me incomodar, se tinha a vida perfeita.
Ele era bonito, tinha dinheiro e todos aqueles de quem gostava a sua volta. Porque não conseguia simplesmente me deixar em paz?

Foi então que uma ideia me ocorreu. E se eu fosse tudo que Harry nunca conseguiu? E se estar comigo tivesse virado uma obsessão para ele? Já que ele não costumava ouvir um não. Se fosse esperta o suficiente conseguiria usar aquilo ao meu favor.

Eu não era a garota mais bonita do mundo, mas eu via como os homens olhavam para mim. E aquilo acontecia com muita frequência. Eu tinha os atributos corretos e meus cabelos rebeldes e longos sempre causavam boa impressão ao sexo masculino, mas não durava muito, bastava que eu abrisse a boca ou olhasse na direção deles para que entendessem que eu era encrenca.

Meu jeito de agir funcionava com todos, menos com ele. Harry parecia gostar de ser maltratado.

Então ele olhou na minha direção e me pegou o encarando. E mesmo a distancia eu pude ver aquele maldito sorriso, com covinha e maldade, que só ele tinha. Revirei os olhos e coloquei o capacete, depois montei em cima da moto e segui para a saída do estacionamento. Sem perder a chance de passar pelo grupo punk acelerando a moto só para mostrar que não gostava de ninguém ali.
Pude ouvir Harry gritar algo quando passei, mas não me dei o trabalho de tentar entender o que ele dizia.

Já estava com a camisa da academia e o pano na mão quando Nathan apareceu ao meu lado. Eu não queria conversar com ele, me sentia estranha depois de ter acertado o seu olho com um soco.

-A gente pode conversar?- perguntou ele meio inseguro.

Olhei para ele com cara de poucos amigos. Não conseguia mais ser amigável com ele, não depois do que tinha acontecido.

-O que você quer?- disse irritada.

Ele pegou o pano das minhas mãos e o jogou dentro do balde, depois pegou a minha mão e me puxou para dentro do vestiário masculino.

-O que você esta fazendo?- perguntei, assim que ele fechou a porta atrás da gente.

Ele olhou para os lados e depois sorriu.

-Aqui é o ultimo lugar onde o Alexander vai te procurar.- disse ele com um sorriso.- Assim podemos conversar.

Revirei os olhos e soltei o ar que nem tinha percebido estar segurando.

-É claro que é! Porque eu não deveria entrar aqui até às 22hs. Esta cheio de garotos para o treino.- eu berrei com ele e coloquei a mão na maçaneta.

Nathan segurou a minha mão e depois olhou para mim com cautela. Seu rosto estava tão perto do meu que eu podia ver, a mancha escura ao redor do seu olho, ficando com as bordas esverdeadas. Me retraia só em pensar como aquilo devia estar dolorido, mas não conseguia evitar me sentir orgulhosa por ter mostrado a ele que eu não levava desaforo para casa.

-Eu pedi aos garotos para me dar quinze minutos com você. Eles não vão entrar até a gente sair.- disse ele inseguro novamente.

Arregalei os olhos no mesmo segundo.

Quase, sem quererWhere stories live. Discover now