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Deitada na minha cama eu encarava o teto, com tantos sentimentos em conflito que seria difícil te dizer quem vencia a batalha. Me sentia ofendia, atraída, culpada e rejeitada pelo único cara que não esperei levar uma rasteira. E não foi fácil dormir aquela noite, minha cabeça continuava a mil.
Estava quase que decidida a não voltar nunca mais para a academia, não suportava a ideia de ter que olhar na cara de Nathan, mas sabia que o salario que Alexander me pagava seria quase impossível de conseguir em outro lugar.
Mas o mais importante de tudo era que não queria ter de deixar o tatame, e sem aquele emprego seria impossível pagar pelas aulas.

Alexander tinha razão sobre uma coisa, eu não podia pensar de cabeça cheia.
Pela manhã decidiria o que ia fazer.

Levantei aquela manhã com a voz do meu pai me chamando.

-Anne querida, você vai perder a aula.- disse ele pela quarta vez.

Minhas pálpebras estavam pesadas, e o sono era quase insuportável. Me obriguei a sair quando ouvi os passos de meu pai se aproximando no corredor, não queria ter que ouvir sobre responsabilidade logo de manhã.

-Já estou de pé.- gritei para ele.

Os passos sessaram e eu me levantei. Caminhei até o espelho do banheiro e fiquei horrorizada ao perceber que os hematomas tinham aumentado de tamanho e quantidade. Seria impossível esconder todas aquelas marcas.

Bufei para a minha imagem no espelho e coloquei a primeira roupa que me veio a cabeça. Calças de vinil e sobre leggie de caveira, a roupa perfeita para espantar qualquer idiota pretencioso.

Infelizmente, sim, estou sendo sarcástica, perdi a aula com o meu querido colega Harry. E apesar de ter levado falta, não posso negar que amei adiar nosso inevitável encontro. Caminhei pelo corredor sem me preocupar muito com o meu atraso, não estava com pressa, até ver Harry parado entre o corredor que eu precisava entrar e as escadas que levavam ao segundo andar.

Revirei os olhos só de pensar em ter que ver ele. Não estava com cabeça para as brincadeiras de Harry aquela manhã, e achei que faltar o primeiro período ia me dar pelo menos tempo para aceitar a ideia de estar na sua presença. Meu paço foi perdendo a velocidade, e minha irritação foi aumentando, só de imaginar o que ele estava fazendo ali.
Rapidamente calculei o espeço que tinha entre ele e o lugar por onde era obrigada a passar, mas ele me viu e já me presenteou com todos aqueles dentes perfeitamente brancos e alinhados. O sorriso mais irritante que poderia existir.

-Olha quem resolveu aparecer.- disse ele vindo na minha direção.

Parei no mesmo segundo, esperando que ele entendesse que não estava afim de encrencas logo de manhã.

-O que foi Harry?- disse sem emoção.

Ele parou próximo a mim e olhou para todas as marcas nos meus braços. Colocar aquela regata, tão cavada, não tinha sido uma boa ideia. Mas eu não costumava parar para me preocupar com o que as pessoas pensavam, e não ia ser agora que ia começar.

-O que aconteceu com você?- disse ele com certa preocupação no olhar. O que devo confessar que me surpreendeu. Depois voltou a olhar para mim e seu olhar mudou completamente de preocupação para divertimento.- Alguém finalmente esta tentando te ensinar a ter modos?

Por um segundo ele me enganou. Bufei e revirei os olhos e depois passei por ele batendo com o meu ombro no seu. No mesmo segundo que esbarrei no seu ombro ele me segurou pelo braço, e foi involuntário me retrair de dor quando ele pressionou um dos hematomas.

-Não me de as costas enquanto eu estiver falando com você.- disse ele com um sorriso.

Arranquei meu braço do toque dele com brutalidade. Indignada com a forma como ele pensava que podia mandar em mim.

Quase, sem quererWhere stories live. Discover now