Quase, sem querer

Epílogo_(FINAL)

3 ANOS DEPOIS

Pense no dia mais feliz da vida de alguém, aquele era o meu dia. Todas as pessoas que eu mais amava estavam ali, para desfrutar daquele momento comigo. E eu não poderia pedir nada mais, apenas torcer para que eu sempre conseguisse honrar tudo que tinha ganho dos céus.

Amarrei a faixa preta na minha cintura, de um jeito que formasse um triangulo perfeito no seu centro. Depois me ajoelhei no chão, escorando as mãos nos meus joelhos flexionados, enquanto fechava os olhos e agradecia por estar onde estava.

Acima de mim encontrava-se três retratos, pendurados acima da parede de espelhos e uma fileira de troféus e títulos mundiais, por um suporte elegante de vidro. No primeiro encontrava-se a foto em preto e branco de Hélio Greice, o homem mais sábio de quem já se ouviu falar. Ao seu lado, no centro da parede, encontrava-se uma foto colorida e bem tirada de Alexander, o homem que mudou a minha vida.
O homem que me salvou do meu ego.
E mais além, para fechar as homenagens, uma foto também preta e branca da minha mãe, a pessoa que jamais deveria ser esquecida. Ainda que ela vivesse para sempre no meu coração, queria que todos soubessem a grande mulher que ela foi, e o quanto ela era responsável por tudo que eu sempre quis ser.
Ela formou a mulher, que um dia ia precisar de um direcionamento, quando se perdesse. E como prova de que ela, juto a todos aqueles que contribuíram para o meu crescimento pessoal, foram bem sucedidos estavam todas as minhas conquistas mundiais retratadas abaixo dos quadros que me inspiraram a me tornar quem eu sou.

Meu diploma de educadora física, minhas medalhas e troféus de todas as faixas até ali. E por ultimo o mais importante, enquadrado sozinho, o sonho que mais desejei viver, a medalha de melhor faixa preta do mundo no ultimo ano.

Um silêncio se espalhou no ambiente, e reprimi as lagrimas que quiseram aparecer. Aquele dia era para ser comemorado e memorizado.

Me levantei ainda de costas, e quando virei para frente, vi pela primeira vez a minha manada de leões esperando para serem lapidados.

-Sejam bem vindos a inauguração da academia Em busca do equilíbrio. OSS!- gritei a nossa saudação. E foi quase impossível não me emocionar ao ver dezenas de pessoa se curvarem a mim, como tantas vezes eu tinha feito a Alexander.

Pude ver meu próprio mestre se curvar, assim como meu pai, Nathan, que também tinha se tornado um exime faixa preta. Prestes a migrar para o mundo das artes marciais mistas. Ele segurava a mão de Mag, e os dois pareciam melhor do que nunca. Vê-los juntos só me provava que algumas pessoas nunca conseguiria superar seus medos, mas que poderiam aprender a viver com eles da melhor forma possível.
Ao lado de Mag encontrava-se Mark, Agnes, Jay, o Dr.Young e todos os garotos com que treinei a minha vida inteira. E ainda continuaria treinando. Todos vestidos de Kimono preto, me prestigiando de uma forma que eu nunca ia poder agradecer.

Mas faltava alguém, aquele para quem eu tinha dado meu coração e meu destino. Harry como sempre estava atrasado, mas eu sabia que ele chegaria em algum momento.

Então a porta do vestiário se abriu, e de lá saiu o cara mais bonito que meus olhos já tinham visto. Harry vestia um Kimono preto, e uma faixa branca caia na sua cintura, amarrada de jeito desengonçado. Ele caminhava rápido, então parou na ponta do tatame, cumprimentou o chão, como me via fazer tantas vezes e depois foi até a frente das filas e mais filhas formadas de soldados trajados de kimono, passando por todos os novos alunos, e amigos de longa data, até chegar na minha frente.

Então olhou para mim, bateu com as mãos ao lado do corpo, me reverenciando.

-OSS!- gritou ele, arrancando muitos gritos dos nossos amigos, assim como palmas de todos aqueles que sabiam o quanto ele me admirava, mesmo não querendo fazer parte daquele mundo.
Ele estava fazendo aquilo com um único objetivo, fazer parte ainda mais do mundo em que eu vivia.

E aquilo era a maior demonstração que poderia existir que ele era tudo que eu sempre iria precisar.

-OSS!- gritei de volta.

Ele sorriu, mas antes que me desse às costas, segurei a sua mão, e quando ele olhou na minha direção peguei com a mão livre um anel dourado, que tinha guardado dentro do Kimono, para o momento mais certo daquela noite. Então estendi a mão na sua direção, mostrando o anel dourado na palma da minha mão, com um sorriso presunçoso.

-Tem certeza que está pronto para fazer parte do meu mundo?- perguntei.

Ele olhou para o anel, e depois olhou para mim com um sorriso nos lábios, enquanto pegava a aliança das minhas mãos.