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Aquele era o meu primeiro ano na faculdade. Estava no inicio do segundo semestre e já me preocupava se conseguiria manter meus estudos.

Minhas condições financeiras não me deixava ter certeza de muitas coisas na vida. E apesar de não ter decidido o que ia fazer de verdade, me sentia mal só com a possibilidade de não ter uma carreira. Estudar era uma das poucas coisas que não me irritava, quer dizer, tudo dentro da faculdade me irritava, mas eu estava ciente que precisava daquilo para ser alguém na vida. O que de certa maneira não me deixava desistir.

Não que eu quisesse a minha vida de mordomias de volta, mas seria bom não ter que estar sempre contado os centavos para pagar as contas no fim do mês.

Aquela manha tinha prometido a mim mesma que ia passar naquela academia para descolar o emprego novo. Não estava muito contente com a possibilidade de ver Nathan todos os dias, ja que o garoto me irritava só com a sua presença de espirito, mas precisava consertar a merda que tinha feito.

-Senhorita Mcgregor?- perguntou a orientadora de classe.

Estava completamente perdida em meus pensamentos, nem tinha notado que a turma toda olhava para mim com aqueles olhos de quem espera alguma coisa.

-Sim?- disse com um tom de mal humor na voz. Não gostava que as pessoas me chamasse atenção.

Todos os alunos daquela aula estavam sentados mais próximos, e eu, como sempre, a única excluída no canto superior direito. Não que eu quisesse ser uma reclusa, mas não gostava de ficar perto dos populares, muito menos dos sociáveis, eles tinham o péssimo habito de puxar conversa como se fossemos amigos a vida toda. Gente sem noção. Juro que por muitas vezes pensei em fazer uma camiseta com os dizeres " Não gosto de fazer amizade", já que a minha cara de braba não conseguia afastar todo mundo que eu desejava.

-A senhorita precisa se unir ao grupo, com menor numero de integrantes, para fazer o trabalho.- disse a mulher calmamente. Assim como a maioria, ela sabia que não podia me obrigara a nada. Geralmente eu não era simpática nem com aqueles professores responsáveis pelas matérias que eu precisava de nota, imagina com aqueles que eu tinha nota sobrando.

Olhei para o lado, procurando o menor grupo, aquele que faltaria apenas eu para equiparar aos outros, e quando vi Harry Collins sentado nele, me encarando com aqueles olhos ordinários ri sozinha. Balancei a cabeça e revirei os olhos em deboche. Nem por cima do meu cadáver eu ia fazer um trabalho com ele e as suas cachorrinhas seguidoras.

-Vou fazer o trabalho sozinha.- disse para a mulher.

Ela suspirou e depois me olhou com os olhos suplicantes, rezando para que eu não retrucasse pelo menos uma vez na vida.

-Você não pode fazer esse trabalho sozinha senhorita Mcgregor.- disse ela calmamente.

-Então não irei fazer.- dei de ombros.

No segundo que disse aquilo o grupinho de Harry começou a dar risadinhas, e tive que contar até cinco para não me levantar e dar um murro na cara dele. Que maldito garoto irritante.

-Mas vale metade da nota do semestre.- era inacreditável como ela parecia decidida a me convencer de que aquilo era necessário.- A menos que você gabarite a prova, vai ter que repetir a cadeira.

Comprimi os lábios e ergui as sobrancelhas simultaneamente.

-Significa que esse semestre terei que estudar muito.- disse eu a ela.

-Sra. Piper, poderia dizer a nossa colega que não temos nenhuma doença contagiosa e que ela pode chegar perto da gente para fazer um trabalho?- disse Harry com um tom levemente debochado.

Quase, sem quererOnde as histórias ganham vida. Descobre agora