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Minhas pernas balançavam no ar, e um sorriso enorme estava estampado no meu rosto idiota. Harry tinha me emprestado suas roupas enquanto as minhas secavam, e nesse momento estávamos sentados na murada de pedra que dava fim no imenso jardim da casa dele. De onde estávamos, eu podia ver Nova York por uma nova perspectiva, parecia o lugar mais bonito que eu já tinha me permitido ver.

Harry estava em silencio a tempo de mais, parecia satisfeito com algo que eu não podia ver. Olhei para ele, que me encarava com um sorriso fofo nos lábios.

-O que foi?- perguntei a ele.

Ele deu de ombros e comprimiu os lábios em uma linha reta.

-Sei lá, acho que gostei de você nas minhas roupas.

Revirei os olhos. Ele estava sendo carinhoso e extremamente atencioso o dia todo, de uma forma que jamais imaginei ele sendo.

Tínhamos passado o dia todo juntos. Estávamos presos em um daqueles dias em que vemos nos filmes, onde casais românticos riem de qualquer coisa e fazem brincadeiras estupidas só para ter a desculpa de se beijar no final.
Trocamos diversos beijos na piscina, assim como deixei que ele acariciasse meu rosto e cabelo quando deitamos no gramado, enquanto os inúmeros empregados da casa limpavam toda a bagunça da festa do dia anterior.
Conversamos sobre diversas coisas, brincamos na cama elástica e gladiamos em cima da cama de bolinhas. Tudo estava tão perfeito que doía só imaginar o fim daquele dia.

Descobri mais sobre quem ele era, e quem queria parecer. E o Harry que eu descobri era muito melhor do que aquele que eu sabia que existia.
Apesar das tatuagens e o estilo de vida largado, ele respeitava a família mais do que eu. Tinha hábitos alimentares saldáveis e tratava todo mundo com muita educação. Para uma pessoa extremamente rica ele era simples, e aquilo era novidade para mim.

-O que você quer fazer agora?- perguntou ele.

Eu achei que já tivéssemos feito tudo, mas ele ainda não estava cansado de mim.

-Eu estou com fome.- não queria admitir aquilo, mas meu estomago não me deixava esquecer nem por um minuto.

-Bom, então vamos comer algo.- disse ele com um sorriso malicioso na minha direção.

Empurrei o ombro dele com cuidado, não queria que ele caísse do penhasco em que estávamos sentados. Ele parecia feliz, ainda que despreocupado.
Harry desceu da murada e me estendeu a mão. Não estava acostumada a me dar bem com ele, e por força do habito às vezes eu fazia coisas estupidas como evitar usar da sua ajuda para alguma coisa. Passei por ele, indo na direção da sua casa, e depois de revirar os olhos ele veio atrás de mim.

Quando entramos na cozinha, ele logo foi dispensando a cozinheira com um sorriso carinhoso e palavras amigáveis como "pode descansar um pouco que eu assumo daqui". E foi impossível não rir com ele quando ela pareceu ficar em choque com a familiaridade que ele tinha com os utensílios de cozinha.

-Tem certeza Sr. Harry?- perguntou a cozinheira.

Ele balançou a cabeça para cima e para baixo, confirmando o que queria dizer.

-Prometo não fazer muita bagunça.- disse ele a ela.

-Se precisar de mim, me chame. Estarei no meu quarto.- disse ela.

Ele piscou para ela e depois abriu as portas da geladeira quando a mulher nos deixou sozinhos. Eu fiquei lá encarando ele pegar coisa e colocar no balcão, parecia mesmo que ele sabia o que estava fazendo.

Me sentei no balcão e fiquei olhando para ele. Não conseguia deixar de me encantar com os seus cabelos rebeldes, sua bermuda de super herói e a covinha no seu rosto, que insistiu em aparecer o dia todo. Ele estava tão relaxado, que eu quase conseguia ver sua felicidade pela primeira vez.

Quase, sem quererWhere stories live. Discover now