Quase, sem querer

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Depois daquela consulta Alexander me acompanhou até em casa, e lá o vexame foi ainda maior. Ele já tinha me castigado, se juntando com Young ele se tornou um torturador no quesito treinamento físico.
Os dois tinham conseguido me fazer evoluir o que eu deveria ter evoluído em um mês inteiro, com combinações de gritos por parte de Alexander, e técnicas por parte de Young, dei quase a minha alma naquela sala de treinamentos.
Corri, pulei, e fiz vários exercícios mancando bem menos do que o normal.
Engraçado como somente a presença da pressão de Alexander tinha me feito ter vontade outra vez.
A verdade é que ele tinha me trazido esperança, porque se ele acreditava que era possível, eu também passei a crer.

No meu apartamento ele me fez pagar dez apoios para cada garrafa vazia de vodca que ele encontrou na bancada da cozinha, o que era em um total de seis. Todas as series de apoio foram feitas com apenas um pé apoiado no chão, e não pense que isso era bom, era ainda mais difícil, ainda que poupasse meu pé lesionado.

Alexander me ajudou a limpar a minha casa, organizar toda a bagunça que aquele lugar estava, e depois cozinhou uma refeição decente para mim em semanas. Incrível como ele chegou organizando a minha vida sem permissão, como se soubesse exatamente o que eu precisava.

Eu já estava de banho tomado, olhando ele cortar os legumes e coloca-los na panela a sua frente. Ele conversava comigo enquanto preparava o macarrão mais cheiroso que eu já tinha visto.

-Você sabia sobre o passado de Nathan?- perguntei depois de um tempo falando sobre as novas rotinas da academia.

-Sim.- ele disse apenas.

Alexander mexia a colher dentro da panela, enquanto vapor subia até seu rosto, o obrigando a afastar o rosto.

-É, acho que eu sou a única interesseira aqui.- falei para mim mesma, sem perceber o quanto tinha dito aquilo alto.

Alexander largou a colher, depois olhou para mim, com um semblante sério.

-Ele nunca pensou isso de você, tenho certeza disso. O problema de Nathan é que ele precisa resolver questões que tem consigo mesmo, antes de se envolver com alguém.- ele limpou as mãos com o pano de prato, depois contornou a bancada, para parar ao lado da banqueta onde eu estava sentada.- Quando eu permiti que ele viesse ficar com você achei que um ajudaria o outro, e por um tempo isso até aconteceu, mas o que eu esqueci é que duas pessoas teimosas não chegam a lugar nenhum. Nem você, nem ele conseguem baixar a cabeça e deixar o ego de lado.

-Isso não é verdade, eu estava me esforçando, sendo legal com ele o tempo todo.- disse confusa.

Alexander sorriu, enquanto revirava os olhos ironicamente.

-Duvido disso Mcgregor.- por incrível que pareça o carinho que eu tinha por ele não me permitia ficar irritada com a ironia por trás de sua voz.- Vocês viviam brigando, e nem por um segundo um baixou a guarda para o outro.

Ele apertou meu queixo, rindo enquanto se afastava de mim outra vez.

-Você devia ver ele de TPM, ia me entender.- disse sorrindo.

Alexander desligou a panela, depois colocou dois pratos na bancada, assim como os talheres, como se conhecesse minha casa perfeitamente. Parecia que todo mundo conhecia aquele lugar tão bem, ou era a gente que colocava as coisas nos lugares mais previsíveis.

-Você não é a primeira pessoa que eu tenho que salvar sabia?!- ele sorriu para mim.- Então acredite, eu sei como ele é de "TPM", como você diz.- debochou ele, fazendo o sinal de aspas no ar.

Uma ruga surgiu entre as minhas sobrancelhas, antes que eu pudesse perceber já estava falando.

-O que você quer dizer com isso? Com esse lance de ser salvo?- eu estava confusa, nunca tinha tido uma conversa como aquelas com ele, e me senti idiota quando percebi aquilo.