33

209 34 2
                                    

Depois de me contar sobre o passado de Nathan, Mark foi embora deixando ainda mais duvidas na minha cabeça. Eu me sentia traída, não achava necessário que ele mentisse para mim, como tinha feito, mas jurei a mim mesma que daria a ele o beneficio da duvida. Ele estava cuidando de mim, por livre e espontânea vontade, era o mínimo que eu podia fazer.

Eu estava jogada no sofá outra vez, olhando uma série na TV, ridícula até para quem gostava de filmes de terror trech. Estava completamente absorta nos meus próprios pensamentos, sobre o verdadeiro Nathan, de quem eu pouco sabia, quando visualizei meu celular em cima da mesa de centro.

Geralmente eu não sou o tipo de pessoa que usa redes sociais, ou que fica postando fotos do dia a dia só para ganhar qualquer tipo de atenção. Nunca tinha me dado o trabalho de fazer um Facebook, quanto mais ficar bisbilhotando a vida das pessoas. Mas aquele momento se tornou diferente, e mesmo que meu celular não fosse de ultima tecnologia, me permitia ter acesso livre e rápido a internet.

ME EMPRESTA SUA CONTA DO FACEBOOK? PRECISO PESQUISAR UMAS COISAS SOBRE A VIDA DE ALGUÉM.

Mandei a mensagem para Agnes, assim que percebi que não encontraria nada realmente importante fora das redes sociais. Larguei o celular em cima da mesa de novo, me esticando toda vez que queria conferir se a resposta já tinha chego.
Depois de quase duas horas, que quase me fizeram entrar em parafuso, Agnes me respondeu.

ANNELISE MCGREGORY ESTALQUEANDO?! ISSO É UM SINAL DE QUE PRECISO VOLTAR PARA A AMÉRICA ANTES DA HORA?

Respondeu ela, acompanhada de carinhas surpresas. Revirei os olhos para aquela mensagem.

ISSO SÓ SE CHAMA TÉDIO.

Não precisei dizer mais nada, em menos de um minuto a senha e o login chegaram na minha caixa de mensagem. Agnes sabia ser uma boa amiga quando queria.
Me acomodei melhor no sofá, coloquei uma almofada gorda atrás da cabeça, e me foquei atrás de respostas.

Fiquei impressionada com o fato de Agnes ser tão popular nas redes sociais. Ela escrevia poemas em uma pagina própria, e tinha mais de cinco mil seguidores lendo seus textos. Até cheguei a ler um deles, e fiquei feliz por saber que ela nunca desperdiçaria aquele talento. Agnes tinha razão de fazer qualquer coisa pelo seu futuro, porque ela realmente tinha talento para a coisa.

Vasculhei suas fotos, amigos e principalmente sua linha do tempo. Fiquei ainda mais surpresa por descobrir que ela tinha mil amigos em sua conta. Nunca tinha prestado atenção nela até aquele momento, e só por suas postagens eu podia ver o quanto ela era uma pessoa para cima, delicada, e ao mesmo tempo determinada. E me senti orgulhosa por ter ela como amiga, afinal de conta eu tinha alguém legal ao meu lado, e não só mais uma perdedora como eu.

Estava vasculhando suas fotos engraçadas, rindo das caretas que ela fazia, quando uma mensagem na sua caixa de mensagem chamou a minha atenção.

Harry C.- Quando você volta?
Precisamos conversar, porque você mentiu para mim?

Uma ruga surgiu entre as minhas sobrancelhas, assim que li aquela mensagem. O que Agnes e Harry andavam conversando? Tentei ver se tinha mais mensagens entre eles, mas o histórico estava limpo.

Harry C.- Não finja que não leu, caso você tenha esquecido posso ver que você visualizou a minha mensagem.

Agnes – Não e a Agnes aqui!

Respondi, tentando deixar o assunto para lá, mas fracassando.

Harry C.- Boa tentativa. Onde você está?

Agnes – Não é a Agnes! Ela ainda esta no Brasil.

Eu podia ver que ele estava digitando, mas pareceu demorar horas para a resposta dele vir, como se estivesse medindo o que dizer ou não.

Harry C.- Quem esta ai?

Agnes- Alguém que odeia você!

Revirei os olhos irritada. Não queria começar uma briga pela conta da minha amiga, então fechei a janela da nossa conversa e continuei fazendo a minha busca por respostas. Comece pelos amigos de Agnes, em busca do perfil de Jay, que foi extremamente fácil de achar, já que eles eram namorados. Depois encontrei fotos da academia no perfil dele, onde se encontrava a maioria dos caras que eu conhecia, e até aqueles que eu respeitava.
E lá estava ele.
Nathan, absurdamente lindo como sempre, vestindo seu kimono preto, em uma posição elaborada, completamente compenetrado. Ele estudava seu oponente, ao mesmo tempo em que planejava na sua cabeça o que iria fazer a seguir. Seu olhar transbordava determinação, e o suor que corria das laterais do seu rosto eram a prova viva disso.
Cliquei no seu nome, e então seu perfil abriu em minha tela. Li algumas das suas postagens, a maioria falava sobre o mundo das lutas e a importância que o jiu jitsu tinha na vida dele. Ele parecia um cara intelectual, pelas frases de impacto que postava, mas eu sabia que ele mal conseguia ler um livro sem cair no sono.

Encontrei fotos dele ao lado de Mag, e aquilo embrulhou meu estomago. Assim como as inúmeras declarações de amor que um fizera para o outro no passado. Tudo aquilo parecia surreal de mais para mim, como se pela primeira vez, eu realmente estivesse o conhecendo de verdade.
Continuei a minha busca, cada vez mais impressionada com o que achava, tanto que nem fiquei tentada em abrir a caixa de mensagens de Agnes, sempre que a foto de Harry brilhava no ícone de mensagem.

Mark não tinha mentido quando disse que a família de Nathan tinha dinheiro, eles realmente pareciam ter um padrão de vida que eu nem sonhava. Cada foto em família, cada momento registrado em seu quarto, sala de estar e no déque onde tinha uma jacúzi, parecia vir de outro mundo, além daquele que eu sabia existir sobre ele. Jamais imaginei que Nathan tivesse aberto mão de tanto, quando Mark disse aquilo.

Encontrei uma foto dele ao lado da família, Nathan tinha mais dois irmãos, uma garota alta, de cabelos loiros e encaracolados, e um irmão tão alto e encorpado quanto ele, que parecia ter menos de vinte anos.

O Nathan das fotos parecia bem mais feliz do que aquele que eu conhecia, parecia focado em seu próprio mundo, mas ainda sim perdido em seus sonhos e desejos. Ele sorria sempre que a câmera era apontada para ele, e fazia comentários engraçados em todas as fotos. Mas aquelas postagens eram de quase de cinco anos atrás, e por experiência própria, eu sabia o que cinco anos poderia mudar a vida de alguém.

Voltei ao topo da sua linha do tempo, depois de perceber que não tinha nada que me dissesse, e nem que me levasse remotamente perto, do motivo que tinha feito ele largar tudo e viver aquela vida. 

Alguém como ele, não procurava o esporte como fuga. 

Pessoas como ele, não tinham do que fugir.

Quase, sem quererWhere stories live. Discover now