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As pessoas estavam bem mais arrumadas do que costumavam estar. Os mesmo amigos de Harry que costumavam andar mais largados, num estilo indie desleixado, agora vestiam roupas mais elaboradas e bem produzidas, ainda que pretas.
E para mim que achava a maioria dos garotos da faculdade desinteressantes passei a mudar de ideia. O campus estava cheio de garotos gatos andando disfarçados de mauricinhos.
A vodca estava mudando muitos conceitos para mim.

Assim que passamos pela porta uma mulher pegou nossos casacos e bolsas para guardar numa sala reservada só para aquilo. Depois pegou nossas identidades para conferir nossos nomes na lista. Assim que entreguei a minha carteira ela olhou a lista e sorriu. Não gostei do jeito que ela me olhou então me obriguei a bisbilhotar o papel que ela tinha nas mãos. Meu nome era o primeiro da lista e pelo jeito como ela parecia sorrir Harry tinha se certificado em garantir que eu estaria lá, caso não, iria cumprir sua promessa. Garoto terrorista.
A recepcionista demorou mais para achar o nome de Agnes, mas assim que achou colocou uma fita colorida amarrada nos nossos pulsos.

-Você sabe se Bob Mcgregor esta trabalhando aqui dentro?- disse para a recepcionista bem arrumada.

Ela sorriu para mim, estava claro que ela sabia o motivo da minha pergunta.

-Não se preocupe Srta.Mcgregor, o senhor Collins garantiu que seu pai não estivesse aqui essa noite. Ele esta acompanhando os pais do garoto em um jantar de negocio em Washington. Aproveite a festa.- disse ela piscando para mim.

Claro, meu pai tinha avisado que iria viajar aquela semana com a família Collins, mas eu estava ocupada de mais sendo rabugenta, para lembrar. Dei de ombros e segui para a entrada da mansão com Agnes segurando a minha mão. Passamos pela porta enorme de vidro e a musica me ensurdeceu completamente.

Só quando me separei de Agnes observei que ela estava arrancando sua pulseira e não consegui definir muito bem o que aquilo significava.

-Por que você esta arrancando isso?- perguntei para ela aos gritos.

Ela terminou de arrancar e depois sorriu para mim.

-Com pulseira, sem bebidas alcoólicas.- disse ela no meu ouvido.

Arranquei a minha pulseira no mesmo segundo e depois me juntei a ela no bar, que ficava localizado na zona leste do salão. Aquela era a sala de estar dos Collins, e devia ter umas trezentas pessoas ali, e mesmo assim o lugar comportava. O teto era alto e cheio de lustres de cristais sofisticados, uma escada levava para o mezanino no segundo andar, também lotado, e a um corredor iluminado por luzes pisca pisca, havia tantos corredores e portas ao nosso redor que provavelmente os convidados tinham que ter um mapa para andar lá dentro. E como se fosse uma resposta para os meus pensamentos um refletor focou em uma placa que indicava onde ficavam os banheiros, a cozinha, a saída para a para o jardim e os quartos liberados. Quartos liberados? Tão a cara de Harry, aposto que ele mesmo criou aquelas placas.

-Olha, preciso te dizer uma coisa.- Agnes me tirou outra vez da minha averiguação do local.- Contei ao Harry que precisava de 500 dólares para trocar de carro, na esperança que ele me arrumasse alguns trabalhos para fazer, e ele disse que me dava a grana se eu te trouxesse aqui.

Sorri para ela, aquela garota era quase uma mercenária isso sim. Mas por algum motivo aquilo estava me fazendo gostar um pouco mais dela.

-Que bom para o seu carro novo.- sorri para ela.

Ela riu comigo e depois se aproximou para falar no meu ouvido mais uma vez.

-Mas eu só ganho o dinheiro se não te levar de volta.- disse ela rindo, e só então percebi que ela não ria da situação, mas sim de mim.- Isso mesmo, ele quer te levar pessoalmente.

Quase, sem quererWhere stories live. Discover now