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Lia

Meu almoço com Gabriel foi quase perfeito, se não fosse pelo pequeno incidente. Não sei por quanto tempo ainda conseguirei esconder dele que estou grávida do seu irmão.

A verdade é que ainda não me sinto pronta para contar. Apesar de falar para Ana que estou bem, não é bem a verdade. Estou apavorada com a ideia de ter um ser dentro do meu ventre, alguém totalmente dependente de mim.

Sem a ajuda dos meus pais, estou sem muitas opções. Preciso ser adulta, algo que sempre quis desde que fiz quinze anos, mas ser adulta não incluía um bebê.

Eu deveria ter me cuidado melhor, não ter cedido aos desejos de Eduardo. Confesso que tenho uma parcela de culpa, mas eu estava apaixonada, ou ainda estou, nesse momento não sei muito sobre meus sentimentos.

Enfim, não tenho mais tempo para lamentações, se estou nessa situação, foi porque me deixei levar. Depois de saber como estou e em que estágio está minha gravidez, precisarei me programar, falar com meus professores, conseguir um estágio, pelo menos até o final do meu curso.

Em uma coisa preciso concordar com Ana, Gabriel é irmão de Eduardo e ele precisa saber que vai ter um sobrinho, uma pessoa da família, a quem ele amará assim que ver seu rostinho.

Eu deveria ter feito isso no dia em que ele foi me ver, mas fiquei com medo do seu julgamento. Talvez medo de saber o que ele iria pensar ao descobrir que eu havia burlado uma de minhas regras, casar virgem. Mas quem faria isso no século 21?

Almoçar com Gabriel me distraiu um pouco, minha consulta estava marcada para as 14:00 e ficar em consultório esperando era demais para uma pessoa que parecia que tinha nascido com sete meses.

Quando entrei na sala, havia algumas mulheres sentadas em poltronas lendo algumas revistas, todas com suas barrigas bem visíveis. Obtive alguns olhares, mas nada que me deixasse constrangida.

Segui para a recepção e fui recepcionada por uma atendente muito simpática.

— Boa tarde, tenho horário marcado com o doutor Alexandre.

— Aguarde alguns minutos, ele está terminando de atender uma paciente. Como é o seu nome?

— Lilian Ximenes.

Ela olhou na lista e depois voltou a sorrir.

— É a próxima. É só aguardar.

— Obrigada.

Sentei na poltrona vazia e peguei uma revista sobre mães e bebês e comecei a folhear enquanto esperava minha vez. O que me fez lembrar de que eu precisava comprar algumas revistas para gestante.

Dez minutos depois, a porta de um dos consultórios abriu e um médico sorridente se despediu de uma paciente com uma barriga que poderia chutar estar no fim da gestação.

Era alto, loiro e com olhos claros. Não devia ter mais de trinta anos. O médico voltou a fechar a porta e em seguida o telefone da recepção tocou.

— Lilian...

Era estranho ver as pessoas me chamando pelo meu nome verdadeiro. Estava tão acostumada com o apelido que levei um pouco mais de tempo para responder.

— Oi, acho que sou eu – falei rindo enquanto me levantava.

— O doutor Alexandre aguarda por você na sala.

Devolvi a revista para o lugar e depois segui para a sala. Quando abri a porta, doutor Alexandre estava em sua mesa avaliando uma folha em branco.

— Boa tarde doutor Alexandre... – falei com cuidado.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora