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Gabriel

Tudo o que eu não esperava acontecer, aconteceu. Eduardo estava no meio da sala com Valentina em seus braços. A maneira como ele a segurava fez com que meu sangue fervesse. Eduardo não tinha esse direito, mesmo sendo o pai biológico.

Estava mais magro, mas ainda tinha seu corpo bem definido. Vaidoso como era, não deixaria de se cuidar. Havia abandonado os cabelos estilo mauricinho, que adorava se gabar, dizendo que era o que atraía as garotas, optando por um corte mais prático, quase na máquina zero.

Enquanto observava a fisionomia do meu irmão, Lia segurava minha mão com tanta força, que parecia que iria quebrá-la. Nossa fuga para a fazenda tinha sido justamente para fugir, caso Eduardo resolvesse aparecer para uma visita. Esse havia sido o motivo da ligação de Costa, informar que meu irmão havia comprado a passagem e estava voltando para o Brasil.

— Falem alguma coisa. Até parece que viram um fantasma.

Como não falamos nada, Eduardo continuou a falar.

— Não esperava chegar assim de surpresa, mas...

— O que está fazendo aqui? – perguntou Lia com sua voz soando insegura.

— Queria ver minha família, você... Conhecer nossa filha...

— Minha filha – Lia caminhou até Eduardo e tirou Valentina dos seus braços – você não tem o direito de chamá-la de filha depois do que fez.

— É minha filha também, querendo ou não. Você não tinha o direito de me esconder que estava grávida – disse Eduardo ainda aparentemente calmo.

— Talvez se não tivesse fugido como um covarde, eu teria contado.

Senti que Lia estava se segurando para não explodir.

— Tive meus motivos...

— Eu sei, isso você deixou bem claro. Queria sentir o sabor da vida de solteiro, deixando para trás sete anos de relacionamento! – agora ela estava gritando.

Como se Valentina pressentisse a agonia de Lia, começou a chorar.

— Não vamos fazer tanto drama... – Eduardo tentou se justificar.

— Não vamos? Você sabe o estrago que causou ao ir embora? E eu não estou falando da gravidez...

— Lia, você precisa se acalmar, está deixando Valentina assustada – tentei acalmá-la.

— Me acalmar? Ele some por meses e agora volta como se nada tivesse acontecido, esperando ser recebido com festa? Não mesmo.

— Uma festa seria um tanto exagerada, mas no mínimo um abraço. Sem necessidade de um ataque histérico da sua parte – ele riu. E esse foi o seu erro.

Lia acertou em cheio um tapa no seu rosto, pegando-o de surpresa.

— Fique longe de mim, longe da minha filha. Não precisamos de você aqui.

Lia me olhou se desculpando.

— Sinto muito, não posso ficar aqui.

— Está tudo bem. Fique com Valentina no quarto, eu já vou subir.

Dei um beijo suave em seus lábios e fiquei observando enquanto as duas deixavam a biblioteca.

— Então meu irmão finalmente conseguiu ficar com o amor de infância – ouvi Eduardo falar sobre os meus ombros.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora