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Lia

— Então quer dizer que vocês estão juntos?

Eu e Ana estávamos na cozinha terminando de preparar o almoço.

— Acho que sim.

— Você acha ou tem certeza? – Ana parou de mexer a vasilha de salada.

— Eu tenho certeza...

— Mas?...

Lavei minhas mãos e me virei para ela.

— Isso que está acontecendo é tão complicado.

— Não vejo nada complicado aqui. Gabriel tem demonstrado gostar muito de você. Te levou para morar com ele, assumiu todas as suas responsabilidades, se preocupa com Valentina como se fosse sua filha, te enche de mimos e presentes... O que ele ainda precisa fazer para te conquistar de vez?

Como se Gabriel tivesse pressentido que estávamos falando dele, ergueu o olhar, desviando sua atenção do vídeo game e sorriu. Retribui o sorriso e voltei a olhar para Ana. Ela tinha pegado nossas trocas de olhares e agora estava nos analisando.

— Eu sei qual é o seu medo.

— Qual?

— Está com medo de entrar em uma relação e acontecer a mesma coisa. Mas você precisa se lembrar de que Gabriel não é o Eduardo.

— Eu sei disso.

— Mesmo não querendo admitir, vocês tem mais coisas em comum do que você imagina. Não te vejo tão feliz desde aquela vez que conseguimos entrar em um show sem termos os ingressos.

— Verdade. Quando estou com Gabriel, é como se ele tivesse um campo magnético me protegendo.

— Então é hora de deixar esse medo bobo de lado e se entregar a essa relação. Porque acredite em mim, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Até eu que estou de fora percebo que Gabriel não é um cara de aventura. Valentina vai precisar de uma presença masculina para se espelhar.

— Esse almoço sai ainda hoje? – perguntou Beto entrando na cozinha e roubando um beijo de Ana.

— Se você não tivesse enrolado para ir ao mercado, nós já estaríamos almoçando a essa hora. O frango deve demorar ainda uns quinze minutos – disse Ana olhando para o relógio do micro-ondas – quer preparar o suco enquanto isso?

— Tem refrigerante.

— Lia não pode beber refrigerante.

— Mais eu posso.

— E a deixar desejar beber sem poder? Nada disso.

— Hora essa...

— Vou fazer companhia ao Gabriel enquanto vocês decidem o que vamos beber.

Gabriel tinha pausado o jogo para mexer no celular. Olhei por cima do seu ombro e vi o nome da Mel na tela.

— Ela já está aqui?

Gabriel bloqueou a tela e se virou para falar comigo.

— Não duvido que estivesse aqui se dependesse dela.

Gabriel soou tão normal que deu vontade de gritar para bloquear e apagar o número dela.

— Sobre o que vocês estavam conversando?

— Nada em particular. Ela me falou que São Paulo é uma cidade agitada e as pessoas não são muito simpáticas.

— Então ela combina muito bem com cidade. Não vejo um pingo de simpatia naquela garota.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora