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Gabriel

Houve uma breve despedida do domingo quando voltamos para o Rio pela manhã. Eduardo tentou uma aproximação de Lia, mas eu o impedi. Ele apenas riu, como se dissesse que isso não adiantaria nada.

Mesmo que eu quisesse, não poderia impedir que os dois se encontrassem, aceitando ou não, Valentina sempre seria o elo entre eles. Ontem quando nos entregamos com desespero no chuveiro, estava claro que o medo estava pairando sobre nossas cabeças.

O choque de Lia ao descobrir que não havíamos usado camisinha, foi o indício que tudo ainda não estava totalmente cem por cento entre nós dois. Tentei disfarçar meu desapontamento, que estava tudo bem em não querer um filho com ela, quando na verdade, eu estava louco para que isso acontecesse.

Mas quando isso acontecesse, eu queria que nós dois compartilhássemos da mesma felicidade. Que a história fosse diferente. Então, controlando minhas inseguranças, eu esperaria pelo tempo que fosse preciso.

Deixei as duas dormindo quando saí de casa na segunda. Nosso domingo foi curtido em nosso apartamento, com sessões de cinema e amassos no sofá quando Valentina dormia.

Cheguei ao escritório e havia um verdadeiro alvoroço. Manu estava ajudando outra garota do mesmo departamento a carregar algumas caixas.

— Bom dia Manu, o que está acontecendo aqui?

— Oi Gabriel, apenas fui informada que mudaríamos de andar.

— Você disse "mudaríamos"?

— Sim. Já empacotei todas as suas coisas, mas como sei que você não gosta que mexam nas suas coisas, achei melhor fazer tudo sozinha.

— Por que estamos nos mudando? Por que não fui informado e para que andar iremos?

— Calma, uma pergunta de cada vez. Parece que o andar inteiro vai passar por uma reforma. Todos receberam e-mail, você não leu?

— Estive um pouco ocupado nesse fim de semana – falei sem entrar em muitos detalhes.

— Posso imaginar. Tirou esses dias para curtir a família. Infelizmente meu fim de semana não foi como planejei.

Senti sua voz soar diferente, parecia triste, o que era muito raro isso acontecer com Manu.

— O que aconteceu?

— Nada. Apenas problemas no meu paraíso – disse dando de ombros.

— Mas nada que uma boa conversa não possa resolver, não é mesmo?

— Acho que dessa vez não vai rolar.

— Foi assim tão sério?

— Pode apostar que sim.

— Quer falar sobre isso?

— Não mesmo. Você é meu chefe, não pegaria legal ficar desabafando minhas tristezas, além do mais, tive o fim de semana para chorar e detonar dois potes de sorvetes.

— Você sabe que não a trato com minha assistente.

— Eu sei.

— Que tal almoçar comigo hoje?

— Dessa vez até que eu aceitaria, mas vou aproveitar meu horário de almoço para ir ao banco.

— Isso não seria uma desculpa para não almoçar comigo, seria?

— Não mesmo, até porque você pagaria.

Rimos juntos.

— Bem, já que mudamos de andar, pode me mostrar onde fica minha sala?

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora