Capítulo I

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Lago Taupo, Nova Zelândia, Ano de 1213 d.C.


Fechei os olhos devagar e respirei fundo. Saboreei a brisa gelada que soprava ao meu redor naquela noite de lua cheia. No céu negro, as estrelas pareciam pequenos pirilampos a brilhar em honra do esplendor lunar. A lua estava enorme e não parava de chamar por mim, chamando o meu sangue a reagir. Estava na hora mais uma vez...

Olhei à minha volta, reparando na paisagem branca que me rodeava. A neve não tinha mais de cinco centímetros de altura e as árvores pareciam sinistras e escuras. O lago Taupo não estava congelado e podiam-se ver as escamas de alguns peixes a brilhar sob o luar com um tom de prateado lindíssimo. O odor a natureza era calmante, nada a ver com o cheiro fétido das ruas das cidades, ou melhor, das pessoas que as povoavam. A maioria nem tomava banho, o que se tornava demasiado evidente para o meu nariz sensível.

Lentamente, comecei a despir-me. Deixei cair o casaco pesado e comprido no chão, sem me preocupar em dobrá-lo ou mantê-lo seco. Não precisava dele de qualquer maneira. Nunca tinha frio quando a lua mostrava a sua face completa. Por baixo do casaco não tinha mais roupa, estava tão nu como viera ao mundo.

Finalmente, avancei com um passo firme e decidido e entrei dentro de água. Aprendera que só controlava aquilo que eu era, se caçasse logo depois de me transformar. No entanto, no Inverno não havia muita escolha de caça. Os lagos congelavam e os animais terrestres migravam ou hibernavam... ou mantinham-se escondidos o mais possível para evitar predadores como eu. Aquele lago era dos poucos que não costumava ficar completamente congelado, talvez por estar numa cratera vulcânica.

Assim que os meus pés tocaram no lodo viscoso das algas e da terra molhada, senti um arrepio na espinha. Aquela era a parte nojenta, ficava com os pés todos peganhentos e escorregadios... Quando já estava com a água até à cintura, olhei mais uma vez em volta, verificando se não haveria ninguém a observar-me. Como sempre naquela altura do ano, estava sozinho. Estava demasiado frio para as pessoas se arriscarem a sair e, claro, havia ainda a peste negra, que se propagava de forma traiçoeira naquela altura. Felizmente, eu tinha imunidade natural a doenças comuns, como criatura imortal que era.

Deixei-me então relaxar completamente, esquecendo as minhas preocupações quotidianas. A reação foi imediata e o meu corpo começou a mudar a uma velocidade estonteante. As unhas e dentes tornaram-se maiores e mais afiados, sinais típicos de um predador, e as costas arquearam-se para a frente, forçando-me a pôr as mãos no chão. O corpo ficou coberto de pelo e, por fim, senti a pele a mover-se, ganhando uma nova forma. O processo não era doloroso, mas também não era exatamente confortável. Afinal todos os ossos, músculos e órgãos do meu corpo mudavam de forma e de posição. O meu aspeto final era o de um lobo enorme, do tamanho de um urso-pardo, com pelagem completamente preta e uns olhos amarelos. A cor do pelo era boa para que eu passasse despercebido nas sombras, facilitando as caçadas.

Sacudi o meu corpo com força para tentar manter o pelo o mais seco possível. A água roçava-me na barriga quando eu me mexia, o que não era uma sensação de todo agradável. Foquei então a minha atenção na água à minha frente. Os peixes nadavam despreocupadamente como os seres pouco inteligentes que eram. Nem notavam que à sua frente estava um dos mais perigosos predadores do mundo.

Com um par de golpes rápidos e precisos das minhas patas, cujo tamanho era quase o dobro do tamanho natural das minhas mãos, tinha um total de seis peixes mortos à minha disposição. Devorei-os rapidamente e senti a fera a amainar. Naquela noite o assassino natural em mim estava satisfeito com a caça que lhe proporcionara e ia manter-se calmo e sob o meu controlo, coisa que nem sempre acontecia.

Esse momento recordou-me as caçadas com a família. Sentia a falta deles... Sentia a falta do meu pai, que era de longe o mais forte de todos nós, a uivar avisando que apanhara uma refeição para todos. A minha mãe, muito pequena, mas tão rápida que era impossível acompanhar-lhe o passo. E, claro, o meu irmão mais novo... Ele não vivera muito a sua natureza de lobo. Nesse momento senti-me verdadeiramente sozinho.

Ouvi o ruído de um ramo a estalar à distância, atrás de mim, e saltei para a margem com uma velocidade e agilidade sobre-humana. Coloquei-me imediatamente em posição defensiva, mostrando os dentes ameaçadoramente, com as orelhas para trás, e perscrutei a floresta com o olhar. O cheiro a morte chegou às minhas narinas antes de ver alguma coisa com nitidez.

Foi então que o vi... Apenas um vulto escuro sob as árvores... E ele sorriu.

- É sempre um prazer rever-te, Jeon Jungkook.




<3

Espero sinceramente que gostem desta nova fanfic.

Vai ser a minha primeira experiência em muita coisa:

- Primeira vez a escrever um romance homosexual;

- Primeira vez a escrever sobre ships;

- Primeira vez a escrever sobre ABO (aka alfa, beta e omega).

Então, agradeço que deixem a vossa estrela e comentário como forma de apoio, por favor!

E já agora digam o que acharam deste pedacinho, né?

Até ao próximo capítulo!!! <3 (Deixo-vos com esta tentação em forma de ser humano... *3*)

 *3*)

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Pure Wolf (JiKook - ABO)Where stories live. Discover now