Capítulo XXXIV

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Busan, Coreia do Sul, Atualidade (Correspondente a: Capítulos XXI, XXIII e XXIV)


O lobo avançou, mantendo o corpo nas sombras, escondido, farejando a sua próxima presa como se a sua vida dependesse disso. Pobre de quem se atravessasse no seu caminho. Eu nada poderia fazer para o travar. Estava demasiado fraco para combater o meu próprio animal.

- Vão para dentro dançar, está bem? – Ouvi uma voz à distância, reconhecendo-a imediatamente como sendo a do Jimin, e pouco depois um cheiro familiar impregnou-me as narinas. A fúria apossou-se do meu lobo, o desejo de vingança a inundá-lo por completo. Soube imediatamente quem seria. "Ele" estava ali e o meu lobo, enfurecido, correu desgovernado até à fonte daquele odor. Ele queria sangue. Queria o chão tingido de vermelho. Imaginar que "ele" poderia fazer mal a Jimin, por um momento, fez com que eu não me importasse que isso acontecesse de verdade.

Talvez pelo facto de o lobo estar completamente focado e obcecado com aquele cheiro e com o desejo de vingança, eu sentia a mente lenta e estava difícil pensar. Ignorámos a sensação de que passos se afastavam do local e avançámos como uma manada desgovernada em direção ao cheiro.

Aproximando-se do alvo, o lobo parou, cheirando o ar e exalando o seu odor de alfa que aterrorizava qualquer um que se atravessasse no seu caminho. Ou pelo menos era o que eu pensava.

Quando dei por mim estava perto da entrada da casa do Jimin e conseguia distinguir a forma de três pessoas à distância. Ainda assim o cheiro que me atingia era sem dúvida o cheiro a rosas que era tão característico do meu perseguidor. O lobo rosnou num tom grave que saiu do fundo do seu enorme peito. A fúria controlava-o de tal forma que era difícil para mim manter a sanidade e fazer a distinção do que era eu e do que não era.

Avançando para fora da proteção das árvores, o lobo revelou-se, imponente e ameaçador. Ele rosnava para aquele cheiro e finalmente percebeu que vinha do par de betas parado perto da porta. Eles estavam semitransformados em animais e pareciam assustados e incapazes de se mover. O meu lobo não percebia que eles não podiam ter nada a ver com o alfa que nos perseguia e tanto nos magoara. Ele só pensava em saciar a sua enorme sede de sangue. O corpo estremecia só de imaginar a sensação da carne e do sangue na sua boca. Eles pareciam deliciosos.

"Por favor." Pedi mentalmente, tentando chamar a atenção do lobo que claramente não me ouvia. Eu sentia-me tão maldisposto e tonto. Tão fraco em relação ao que podia ser na minha melhor condição.

Nesse momento, o lobo agachou-se, assumindo a sua posição de ataque característica, rosnando mais intensamente e preparando-se para correr. Praticamente senti o corpo voar quando ele correu desembestado até ao seu alvo. Não esperava a figura pequena de braços abertos que se atravessou no caminho. O odor, firme, seguro, sensual, doce... "Jimin"

Parando bruscamente, o lobo pareceu recuperar subitamente a consciência. Nunca antes o vira conseguir parar uma caçada assim. Geralmente atacava sem hesitar, independentemente do alvo e do que se interpusesse no seu caminho. Não é que o meu lobo fosse mau, apenas era uma criatura dominada por instintos animais e predatórios. Geralmente, sem se alimentar imediatamente, era impossível controlá-lo. No entanto, ele parara.

Ele olhou para o rosto angelical com curiosidade. Eu estava abismado. Jimin era magnífico. O meu lobo via nele algo diferente do que eu via. O meu lobo não o amava como eu. Ainda assim ele reconheceu algo dentro dele. O pequeno baixou os braços, aspirando o ar e com os olhos a brilhar. O lobo inalava o seu odor doce sem nenhuma intensão de o magoar.

- Olá. – A voz era meiga, reconfortante e tranquilizante. O lobo escutou-o com atenção, tentando demonstrar fisicamente que não o magoaria. – Sou o Jimin. Prazer em conhecer-te. – Assustei-me quando vi a mão subir, pousando na cabeça do lobo. O seu toque aqueceu-me. Atingiu-me. Eu sentia-o através daquele ser que não era eu. O lobo parecia um cão domesticado naquele momento. Ele próprio encantado com o ómega e curvando-se para permitir que o acariciasse. O sorriso luminoso que nos atingiu a ambos fez o meu coração estremecer. – Não faças mal aos meus amigos, está bem? – Eu estava preocupado que ele tivesse ficado assustado. O lobo percebeu e assumiu uma postura de acordo com as minhas emoções. Eu estava impressionado com o que Jimin conseguia fazer-nos. - Estou bem. Não te preocupes. Agora, tenho de ir para dentro e levá-los comigo. – Ele deu uns passos curtos, afastando-se. Parou e voltou-se na nossa direção. – Até à próxima.

Pure Wolf (JiKook - ABO)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum