Pure Wolf (JiKook - ABO)

Capítulo XLV

Busan, Coreia do Sul, Atualidade

Eles deviam ter ouvido os seus passos apressados e largaram-se naquele preciso momento. Os olhos do Jungkook pareciam arrependidos e sofridos, mas Jimin não sabia se queria ouvir o que quer que fosse naquele momento. Tinha sido tudo demasiado naquela noite.

- Hyung, por favor... – O lobo pediu e o outro, com um suspiro triste, levantou-se e saiu. A porta da frente fechou-se com suavidade e instalou-se um silêncio ensurdecedor. – Podes deixar-me falar contigo?

- Não sei... – As lágrimas apareceram sem que conseguisse contê-las. Porque estava a dar tudo errado? Jimin sentiu-se sufocar e baixou-se, deixando-se cair de joelhos no chão. Chorou copiosamente como há muito tempo não fazia. Não foi bonito. O alfa começou a receber a sua dor e emoções porque ele ficou totalmente fora de controle. Numa questão de segundos, viu-se envolvido num abraço forte e o cheiro a citrinos espalhou-se pelo ar envolvendo o menor num casulo feito pelo alfa. Mas isso, naquele momento, era demais para Jimin. Em vez de o confortar, destruiu-o mais. O choro aumentou e ele lutou para se afastar, rastejando para longe e deixando para trás um Jungkook destroçado também.

- Obrigado, Jimin. – Levantou-se e foi para o quarto.

Ele sabia o que isso significava. O Jungkook estava a ir embora porque o Jimin já não o queria mais ali. Não o impediria. Sentia-se perdido e parte de si culpava o alfa por tudo o que lhe tinha acontecido de mal nos últimos tempos. Embora parte de si também soubesse que aquilo era apenas mágoa.

Quando o Jungkook saiu do quarto, tinha mudado de roupa para as suas e os olhos brilhavam com lágrimas que teimavam em surgir. Jimin virou-lhe costas quando percebeu que ele se queria despedir de alguma maneira. Não gostava de despedidas.

- Peço desculpa... Vou deixar-te sozinho. Daqui a um tempo a marca desaparecerá e será como se nunca tivessemos estado juntos. – A sua voz tremia e Jimin sabia que se olhasse para ele veria as lágrimas, finalmente, a libertarem-se. Não queria ver isso. Poderia impedi-lo de ir. E não devia... Era perigoso estar com Jimin agora. – Gostava apenas de te explicar... – Jimin olhou para ele com raiva, não querendo ouvir aquilo naquele momento, e ele desistiu. – Está bem. Adeus, Jimin. Sê feliz... – Tentou aproximar-se dele, mas Jimin fez menção de voltar a afastar-se. Não insistiu. – Amo-te pequeno...

Jungkook saiu da casa e fechou a porta atrás de si, deixando um ómega a berrar e a espernear. Puxou os cabelos e pensou em como poderia aliviar aquela dor. Como poderia deixar aquilo tudo para trás. Pensou em tomar um calmante e arrastou-se até ao armário dos primeiros socorros. Tirou dois calmantes e tomou-os a seco. Arrastou-se até ao sofá da sala, mas não chegou a subir porque olhar para lá lembrava-o de coisas que queria esquecer. Adormeceu no chão.

A noite recheada de pesadelos com bruxas e monstros que o queriam apanhar fizeram-no ter um sono sem descanço. A voz que teimava em chamá-lo continuava a fazer-se ouvir nos seus pesadelos. Desta vez, essa voz tinha um rosto. O rosto do Choi Seunghyun. Acordou sobressaltado e olhando em volta como se esperasse que alguém saltasse das sombras para o apanhar. Estava mais exausto do que quando se deitara.

Infelizmente era apenas sexta-feira e tinha de ir trabalhar. Não ia desleixar-se por causa do que tinha acontecido. Não era da sua natureza. O despertador ainda nem tinha tocado e ele já estava a preparar o almoço para levar. Tirou a maquilhagem que não removera na noite anterior e que as lágrimas tinham espalhado por todo o lado. Tomou um duche rápido e fez uma nova maquilhagem, mais pesada do que o normal para esconder as olheiras. Procurando uma roupa simples e confortável só conseguia reparar em todas as peças que tinham sido usadas pelo... Escolheu a primeira coisa que agarrou, pegou nas suas coisas e saiu.