Capítulo XXXVII

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Busan, Coreia do Sul, Atualidade (Correspondente a: Capítulos XXVI, XXVII e XXIX)


O meu lobo estava tão agitado quanto eu. Algo não estava a bater certo e sentia-me dividido entre agir segundo os meus instintos e respeitar a vontade daquele pequeno rapaz de personalidade forte que aprendera a amar.

Concentrando-me na ligação que partilhávamos, percebi um nervosismo e uma ansiedade que raiava o pânico. Então ele chamou-me inconscientemente. Isso impeliu-me a descer da árvore e correr como um louco em direção àquele puxão de sentimentos, onde estava Jimin. Corri, ignorando a minha fraqueza e controlando o instinto de deixar o lobo apossar-se do meu corpo para que ele pudesse destruir qualquer inimigo que ousasse tocar num fio de cabelo do meu ómega.

Ao chegar, bati na porta, segurando-me para não a estilhaçar por completo com uma pancada. A porta manteve-se imóvel e comecei a desesperar, batendo mais na madeira com o punho cerrado. Eu sentia o seu cheiro. Eu sabia que ele estava ali.

- Por favor, abre a porta. – Não escondi a minha aflição naquele momento e isso pareceu fazê-lo mover, finalmente.

Estava tão nervoso e preocupado que, quando a porta se abriu perante mim, fiquei paralisado por um segundo. Não resisti ao impulso e aproximei-me, envolvendo-o nos meus braços como se assim pudesse guardá-lo comigo para sempre e protege-lo de todo o mal existente no planeta.

- Estás b...em? Por favor, d...iz-me que es...tás bem. – Gaguejei, sem folego, revelando claramente o quão fraco eu pareço quando o assunto é Park Jimin. Ele não me respondeu e isso só me preocupou mais. – Jimin?

- Estou bem. – Não posso descrever o quão feliz essas palavras me fizeram. O alívio a percorrer o meu corpo era como uma onda de paz num mundo onde sempre existira apenas a guerra. A sensação era surreal. Ele afastou-me, empurrando-me pelos ombros. – Porque estás assim? – Porque ele tinha de ser tão lindo?

- Eu senti... - Só de pensar na sensação sentia-me agoniado novamente. – Eu senti a tua aflição... O teu medo... Parecias chamar-me...

- Como podes ver, estou bem. Mas obrigado por teres vindo. – Fiquei aliviado com as suas palavras. Mas mentiria se dissesse que o tom que ele usou não me tinha magoado. Ele não me queria ali. Estava a intrometer-me. Resguardei os meus sentimentos dele com uma fortaleza de indiferença.

- Ah, sim... Eu... Eu... - Lutei com as lágrimas, olhando para qualquer lado menos para ele. – Vou embora. – Engoli em seco, evitando olhar para ele com medo de desabar. – Desculpa ter-te incomodado... e abraçado. – Sim, isso devia ter sido um incomodo. Não lhe devia ter tocado, por mais preocupado que estivesse. Comecei a voltar-me, para ir embora e subir àquela árvore novamente.

- Espera. Não vás. – Não esperava essas palavras. Olhei para ele, à espera que ele me dissesse o que tivesse para dizer e depois me mandasse embora outra vez. – Fica. Eu... preciso de falar contigo. – Ele não sabia o quão difícil era aquilo tudo para mim. Afinal, ele não sentia o mesmo que eu. Não sabia o que era estar sozinho anos, séculos, apenas para encontrar o seu marcado e depois ser rejeitado. Ele não fazia ideia do quão magoado eu estava. Ainda assim, avancei para dentro de sua casa quando ele me deu passagem.

No entanto, ao passar ao seu lado senti um odor estranho nele. Inspirei profundamente, captando o cheiro que me era tão familiar. Um odor doce, a rosas. Olhei-o, assustado.

- Esse cheiro... - Nem consegui falar de forma coerente. Só esperava estar enganado. Mas, claro, era uma esperança parva. – Com quem estiveste?

Pure Wolf (JiKook - ABO)Where stories live. Discover now