Pure Wolf (JiKook - ABO)

Capítulo IV

Busan, Coreia do Sul, Ano de 613 d.C.

- Parabéns! – Gritaram todos alegremente, celebrando o aniversário da transformação de Junghyun.

Era uma ocasião muito especial porque o meu irmão mais novo tinha completado os seus 10 anos de vida, atingindo a idade certa para a sua primeira transformação. O pequeno beta estava muito entusiasmado com a situação, sentindo-se rodeado pelo amor da nossa família. Eu tinha 16 anos na altura e, apesar das diferenças de idade, adorava-o mais que tudo. Sentia-me um alfa protetor em relação ao meu pequenito. Não que fisicamente ele fosse pequeno, até porque tinha físico de alfa, sendo igualzinho ao nosso pai. Mas a sua personalidade era doce e carinhosa como a de qualquer ómega, puxando claramente à nossa mãe. Eu tinha de o proteger a todo o custo.

- Estás pronto? – Perguntou a nossa mãe com um sorriso doce, à espera que ele soprasse a vela do bolo à sua frente. Ele abriu o seu sorriso de menino inocente e soprou, fazendo um biquinho fofo com os lábios.

- Pediste um desejo, dongsaeng? – Perguntei, despenteando-lhe o cabelo apenas para ver a sua cara de chateado.

- Claro, hyung! – Respondeu-me, fugindo do meu toque. – Mas não te vou dizer qual é! – Atirou-me a língua, brincalhão, e começou a correr, desafiando-me a apanhá-lo.

Corri devagar, sabendo que o apanharia depressa devido à diferença de idades e tamanho, e sorri alegremente. Era assim que era feliz, rodeado da minha família e dos meus amigos.

O som de passos a aproximarem-se entre as árvores fez-nos parar e levantar a cabeça para sentir o cheiro. Percebendo quem era, através do odor forte, relaxámos imediatamente.

- Parabéns, Junghyun! – O enorme alfa que vinha na nossa direção, com o seu sorriso acolhedor, era um urso, literalmente, e apesar de ser apenas 3 anos mais velho do que eu, era bastante mais alto. No entanto, tinha sempre uma expressão amigável e, quando sorria, ficava com umas covinhas adoráveis. Claro que ninguém diria isso a um alfa daquele tamanho, não é?

- Obrigado, Joonie-hyung! – Agradeceu o meu irmão, correndo até ao amigo da nossa família que viera parabeniza-lo. Deu-lhe um abraço alegre e depois voltou para perto de mim, os seus olhos a brilhar de alegria.

- Obrigado por teres vindo. – Disse o meu pai, sempre colado à minha mãe. Eles amavam-se demais. Não viviam um sem o outro. Eram marcados para a vida e nada os poderia separar. Eu queria muito viver isso um dia.

- Não têm de quê. – Kim Namjoon deu-nos mais uma vez o seu sorriso amistoso, colocando as mãos nos bolsos das vestes simples e de tom creme que usava. Voltou-se na minha direção. – Como estás, Jungkook-ah?

- Estou bem, obrigado, hyung. – Sorri-lhe de volta, endireitando-me mais para parecer mais alto. Não que precisasse de me mostrar mais alfa perante o meu amigo, mas não gostava de me sentir tão mais jovem que ele. Afinal, ele era o meu único amigo e eu temia sempre que ele se fartasse de andar com crianças. Para meu alívio, tal como acontecia a todos os puros, ele pararia de envelhecer quando fizesse os seus 20 anos e logo, logo eu estaria com a mesma idade. Que também era a idade dos meus pais, apesar do nível de intelecto e poder ser completamente diferente.

- Ainda bem. - Olhou para o chão, pensativo e depois voltou a olhar para nós. – Bem, vim só despedir-me de vocês. – O meu coração ficou ferido com as suas palavras. Eu sabia que ele tinha a sua própria vida. Sabia que os pais dele, que nunca o tinham tratado bem, o tinham deixado para trás. E sabia também que o que ele mais queria era aproveitar a liberdade e ver o mundo. Queria que ele aproveitasse a vida e fosse muito feliz. Mas sentia-me triste por ir perder o meu único amigo. – Eu volto depressa. – Disse-me, falando claramente para aquietar os meus pensamentos tristes.