Capítulo XIII

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ALERTA: ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS MAIS FORTES A PARTIR DE UMA DETERMINADA PARTE. VOU COLOCAR ESSA PARTE A NEGRITO PARA QUE POSSAM SALTAR SE FOREM SENSÍVEIS E NÃO QUISEREM LER.

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Busan, Coreia do Sul, Ano de 614 d.C.

Eu e o Suga-hyung passámos as três semanas que se seguiram à procura de pistas para encontrar a família dele, sem muita sorte. Os puros que viviam na área não tinham avistado nenhum tigre por ali e isso obrigou-nos a expandir mais a área de busca.

Depois de saberem da história do tigre, os meus pais tiveram pena dele e, praticamente, adotaram-no na nossa família. Ele passou a viver em nossa casa e eles ajudavam-nos na busca, sempre que podiam dispensar o seu tempo com isso.

Inicialmente, o meu irmão não gostou muito do novo inquilino, achando-o frio e distante. Eu achava que ele tinha alguns ciúmes por o mais velho roubar grande parte da minha atenção. Mas, com o tempo, Junghyun, assim como eu, acabou por ver a bondade do rapaz que, se um de nós tivesse sede, ia logo oferecer-lhe um copo de água, apesar de não olhar para a pessoa enquanto o fazia. Eu achava que isso era parte do seu charme, a sua bondade escondida e que se revelava apenas aos mais atentos.

Com o decorrer daqueles dias, passei a sentir nele um outro irmão. Um irmão mais velho, atencioso e preocupado, quase sempre sério, mas que alinhava em algumas das minhas brincadeiras mais idiotas. O seu sorriso mais aberto, revelava as gengivas de uma forma adorável e fazia-me querer apertar-lhe as bochechas. Mas claro que nunca o faria pois poderia ser desrespeitoso para com o meu novo hyung.

- Ouvi dizer que uma nova alcateia de puros se mudou para Sungjigok. – Informou o meu pai com um tom de voz sério. Todos sabíamos o que isso significava.

- Quando vais lá? – Perguntou a minha mãe, continuando a colocar comida no prato do Suga como se ele comesse por um exército.

- Hoje à noite. – Todos o olhámos com a mesma expressão de surpresa por só sabermos aquilo naquele momento. – Não vale a pena adiar. Vou lá prestar o meu respeito e volto. – Continuámos em silêncio. A minha mãe pousou o prato do Suga à frente dele. Tinha um aspeto delicioso, mas parecia nunca mais chegar a minha vez. Ela tinha começado a servir o meu irmãozinho. – Aproveito e pergunto se eles não viram uns tigres durante a viagem. – Apesar de nervosos por saber que ele se ia colocar bem no centro de uma alcateia desconhecida, ficámos com a esperança de que ele regressasse com as boas notícias que todos queríamos dar ao nosso convidado.

- Obrigado, Jeon-nim. – Por mais tempo que passasse, o tigre não conseguia deixar de ser formal com os meus pais. Respeitava-os muito. – Vou ser sempre muito grato à vossa família e quando encontrar os meus pais, aposto que também ficarão muito agradecidos por terem tratado tão bem de mim.

- Vamos meninos, toca a comer. – A minha mãe sorria de forma bondosa. Olhei para o prato espantado por nem me ter apercebido que ela o tinha enchido algures durante o discurso do meu amigo.

- Está delicioso! – O meu irmão era sempre atencioso nesses pontos. Sabia que a minha mãe gostava de ouvir elogios e que naquele momento estava mesmo a precisar de ser apaparicada.

Depois da refeição ter terminado, o meu pai saiu de casa, deixando atrás de si um silêncio gelado. Nem todos os puros eram bons como a nossa família. Aliás, a maioria tinha hábitos horrendos. Violavam seres humanos para criar híbridos, espancavam crianças indefesas... Era assustador pensar que o pilar da nossa família se colocaria em risco tantas vezes para evitar que algo assim acontecesse connosco.

Imaginei a floresta onde ele estaria naquele momento. As árvores como enormes criaturas secas, escuras e assustadoras. Quase não havia espaço entre elas. Eram opressoras e não tinham nada da beleza natural do resto da área de Busan. Talvez fosse uma premonição.

Pure Wolf (JiKook - ABO)Where stories live. Discover now