Pure Wolf (JiKook - ABO)

Capítulo XXIII

Busan, Coreia do Sul, Atualidade

Os dois corpos que se uniam num primeiro beijo repleto de sentimentos inexplicáveis, pareceram estar juntos apenas por um breve segundo. Jimin mal sentira o calor dos lábios do alfa quando se afastou bruscamente, inundado de uma sensação de dor indescritível. Agarrou o braço onde tinha as marcas de queimadura porque sentia como se estivessem a perfurar-lhe o braço com milhares de agulhas minúsculas. Puxou a manga para cima de forma a conseguir ver a pele por baixo e arregalou os olhos à medida que se deparou com algo que nunca antes tinha visto.

No seu antebraço, do lado da palma da mão, tinha agora uma tatuagem de tamanho médio. Claramente, tinha gravado na pele uma pegada de lobo, mas dentro de cada parte que ficaria gravada, também havia um lobo. A imagem estava pouco nítida e não dava para perceber qual seria a cor da pelagem ou olhos do lobo ali gravado, no entanto parecia lindo, grande e forte. Isso era-lhe familiar. No entanto, o que mais o surpreendeu não foi o que encontrou a mais na sua pele, mas sim o que encontrou a menos. As suas marcas de queimadura tinham desaparecido. A sua pele estava branca e imaculada, como tinha sido tantos anos antes. Quis chorar perante essa visão.

Absorvido na confusão de emoções que estava a viver, não estava a dar grande importância ao alfa à sua frente que o olhava, completamente paralisado e de olhos arregalados. O pequeno ómega sentiu então um medo indescritível a inundar a sua mente. Assustou-se com as emoções que despertavam em si, mas rapidamente percebeu que aquelas não eram as suas emoções. Aqueles não eram os seus sentimentos. Eram os de Jungkook. O alfa completamente aterrorizado que estava à sua frente.

- Jungkook? – Chamou com uma voz calma, tentando tranquilizá-lo. Não compreendia o que se passava com clareza, mas era claro como água que tinha de ajudar de alguma forma.

- Porquê? – A sua voz era baixa e quase inaudível. Jimin admirou-se por conseguir ouvi-lo com tanta clareza. A sua visão também parecia vagamente aprimorada, vendo agora pequenos pormenores que não conseguia ver antes. Os olhos de Jungkook eram ainda mais bonitos do que antes. Pareciam desenhados. Esculpidos ao pormenor para serem perfeitos. Aliás, todo ele lhe parecia bem mais bonito do que antes. Nem sabia como era possível. Fez um ar confuso, não compreendendo a pergunta do alfa. – Porque me beijaste? – As emoções transmitidas na sua mente eram como nevoeiro. Misturavam-se com as suas e preenchiam tudo, no entanto, tinha consciência que não se sobreporiam a si mesmo, à sua essência.

- Tinha de o fazer. – Respondeu Jimin. Era a verdade mais pura. A necessidade de o fazer era inegável. Ele queria tê-lo beijado desde o momento que lhe colocara os olhos em cima e tentara a todo o custo negar os seus instintos. Eles tinham sido mais fortes do que pudera suportar no final de contas. Eles e aqueles sentimentos que o preenchiam desde que encontrara o rapaz deitado no chão em frente à sua casa.

- Sabes o que é isto? – Jungkook perguntou, levantando o braço direito e revelando uma tatuagem idêntica à do ómega. Parecia apenas mais clara, ligeiramente mais pequena e ficava no braço espelhado do de Jimin quando estavam assim frente a frente, ou seja, a de Jimin era no braço esquerdo e a de Jungkook no direito. O menor arregalou os olhos. Sabia o que era, mas não conseguia acreditar. Saber e ver eram realmente coisas muito diferentes. – Já ouviste falar em marcas, certo? – Jimin acenou afirmativamente com a cabeça, não confiando na sua voz para falar. Tinha medo do que aquilo significaria para si e estava tão confuso. – Tens a marca do lobo, agora. Era por isso que nos sentíamos atraídos um para o outro, percebes?

- Sim. – De repente fez-se luz na sua mente. Ele nunca se sentira tão estranho como naqueles últimos dias. Afinal, estava tudo explicado. Aquela estupidez da marca estava a escravizar o seu lado ómega, o seu lado lobo. Não eram os seus sentimentos de verdade que o tinham feito aproximar-se do alfa. Era aquela coisa... Não o permitiria. – Sei mais do que possas pensar sobre este assunto. Sei que isto submete o ómega ao seu alfa. Sei que faz com que as almas fiquem ligadas. Mas também sei que é possível recusar. – Quase recuou perante o olhar triste que o maior lhe deu, esperando as palavras que sabia que se seguiriam. – Eu não quero isto. Não quero ficar preso a ninguém, Jungkook.