Pure Wolf (JiKook - ABO)

Capítulo II

Busan, Coreia do Sul, Atualidade

O amanhecer em Busan era uma cena linda de se ver. O nascer do sol tingia o céu de laranja e rosa de uma forma maravilhosamente bonita, afastando por completo a escuridão da noite. Não que em Busan ficasse muito escuro, afinal, a cidade era enorme e cheia de luzes e movimento o tempo todo. Mas por estranho que parecesse, naquele momento em que o sol aparecia, ele sentia que o ar se renovava, abençoando um novo dia.

Tinha sido estranho começar a levantar-se antes do sol nascer, até que simplesmente deixou de o ser. Realmente toda a gente era guiada por hábitos, até mesmo ele. Mudanças, coisas diferentes, chamavam a atenção e faziam as pessoas desconfortáveis. Ele sabia disso por experiência própria.

Naquela manhã observara o nascer do sol, mais uma vez, enquanto se agasalhava mais por conta do frio matinal. Tinha-se esquecido do cachecol em casa e amaldiçoou-se por isso, sentindo o nariz tão frio que poderia simplesmente cair a qualquer momento. Pelo menos tinha as luvas, o que lhe protegia um pouco as mãos, e o casaco, que era extremamente quentinho e confortável. Sendo um ómega, a sua temperatura corporal não era muito elevada, fazendo com que sentisse mais o frio do que qualquer beta ou alfa. Realmente tinha mais azar do que Romeo e Julieta, que era simplesmente dos casais favoritos dele de todos os livros que já lera, e que eram muitos.

Reparando no fumo que lhe saia pela boca por conta da baixa temperatura ambiente, tirou as chaves do bolso e abriu a porta da loja, colocando o código para desativar o alarme. Ele trabalhava num dos locais mais bonitos de Busan, a seu ver, a fantástica Biblioteca Nacional da cidade. Ao menos nisso tivera muita sorte.

O edifício era grande, tinha três andares repletos de estantes cheias de livros, e tinha um aspeto antiquado que remetia a obras de arte e a épocas de Reis. No entanto, a decoração dominante era baseada em intrincados padrões que recordavam florestas antigas, há muito desaparecidas por conta do evoluir das civilizações no mundo. Naquela altura, deveria ser tudo muito mais bonito, muito mais verde e limpo. Pelo menos ele achava isso.

Entrando no edifício, manteve o sinal de Encerrado na porta, ligou o aquecimento de forma a que a Biblioteca mantivesse um ambiente ameno, nem muito quente nem muito frio, para os futuros visitantes e dirigiu-se para o seu lugar à entrada. Tinha uma secretária só para ele, uma vez que era o rececionista, e atrás um pequeno cacifo para guardar as coisas. Colocou lá o casaco e as luvas, aliviado por poder mexer-se mais livremente. Não gostava da sensação de estar ensanduichado. Depois ligou o computador, entrando na sua sessão e foi fazer uma rápida vistoria no local, para garantir que estava tudo impecável.

O horário de funcionamento da Biblioteca era das 08:00h às 21:00h e ele fazia o primeiro turno da manhã, trabalhando das 07:30h às 15:00h, ou seja, trabalhava 7 horas por dia e tinha 30 minutos para almoçar. Depois era substituído por alguém que fazia o horário das 14:30h às 22:00h. Claro que ele não era o único naquele horário, afinal, era impossível uma pessoa cuidar de 3 andares sozinha. Junto com ele havia sempre mais duas pessoas, com quem ele acabara por travar amizade ao longo do tempo, e que ficavam nos outros andares. O 2º andar geralmente era o mais barulhento e frequentado, uma vez que tinha as salas de audiovisuais e informática e era onde ficava a área da música e cinema. O 1º andar era o andar dos livros de lazer, tendo um pouco de tudo o que fosse géneros literários como Romance, Fantasia, Terror, Ficção Científica, etc. O rés-do-chão, pelo qual ele era encarregado, era a zona séria onde ficavam os livros técnicos, científicos e históricos. Havia inclusive uma sala de acesso restrito onde ficavam alguns livros raros a que apenas as pessoas mais importantes da sociedade tinham acesso. Devido ao seu valor estavam numa sala que parecia um cofre forte e ele ia todas as manhãs verificar se estava tudo em conformidade. Obviamente, o seu andar era o menos frequentado, o que podia ser aborrecido se ele não estivesse rodeado de tantos livros magníficos e que ele queria imenso ler.