Capítulo XVI

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ALERTA: ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS MAIS FORTES. COMO SEMPRE VOU COLOCAR ESSA PARTE A NEGRITO PARA QUE POSSAM SALTAR SE FOREM SENSÍVEIS E NÃO QUISEREM LER.

<3

Busan, Coreia do Sul, Ano de 614 d.C.

- O que vamos fazer agora? – Perguntou Junghyun, encostado ao ombro da nossa mãe.

Estávamos os três encolhidos dentro de um local de armazenamento de peixe, que se encontrava vazio, de um barco de humanos a caminho de um qualquer destino incerto para nós. Olhei para ela, sentada à minha frente, à espera de um plano que nos permitisse sobreviver. Mas o seu olhar completamente vazio e inexpressivo fez-me perceber que ela nem tinha ouvido uma palavra da nossa conversa.

- Vai correr tudo bem, dongsaeng. – Sussurrei, esboçando um sorriso pequeno, claramente forçado.

Tinha de manter ali alguma esperança. No dia seguinte o meu objetivo seria tentar que ele sorrisse. Se ele sorrisse, tudo valeria a pena.

- Mas para onde vamos? – Ele era apenas um menino assustado.

Pensei em silêncio durante um bocado, tentando chegar a algum plano. Mas não me ocorria absolutamente nada. Senti-me tão inútil... Tão, tão inútil...

- Não sei. Temos de descansar. – Ele olhou para mim com uns olhos enormes, fazendo-me vê-lo menos como um lobo e mais como uma gazela assustada. – Fecha os olhos e dorme, pequeno. Amanhã será um dia em cheio...

Não sabia se realmente seria, mas era melhor pensar que sim. Jogar pelo seguro.

Fizemos silêncio, embalados pelo som das ondas que faziam o barco oscilar lentamente. Sentia-me um pouco desconfortável e enjoado, mas não podíamos sair dali de qualquer maneira ou seriamos avistados e eu nunca deixaria a minha mãe e o meu irmão sozinhos. Não podia.

Senti os olhos pesados e comecei a cabecear, bocejando e lutando contra o sono com todas as minhas forças. Tinha de me manter acordado... Tinha de me manter acordado... Tinha de me manter...

- Jungkook. – A voz suave da minha mãe e o toque do seu pé no meu, despertou-me. Abri os olhos, assustado, e olhei à volta, preparando-me para o pior. Sendo o único alfa da família, o comando era meu. Que belo início de liderança...

- Sim? – Perguntei, esfregando a mão na cara para tentar fazer com que o sono desaparecesse. O meu corpo estava muito cansado.

- O teu irmão está a dormir. – Disse ela, baixinho. Fiz que sim com a cabeça, apesar de saber que não era nenhuma pergunta. – Estive a pensar e acho que devemos fugir para a Rússia, bem para o meio do gelo. A neve ajuda a disfarçar o cheiro e talvez consigamos viver uma vida por lá. O que achas?

Ponderei bem a ideia dela. Não me parecia má de todo. Mas ia implicar vivermos isolados, afinal, a nossa aparência chamaria muita atenção.

- Acho que talvez seja boa ideia. – Comentei, ainda inseguro. A nossa decisão iria confinar-nos a viver sozinhos para sempre. Nunca sentiríamos amor e estaríamos fadados ao esquecimento.

- Só quero que tu e o teu irmão tenham uma vida pacifica. – Comentou ela, com as lágrimas a preencher-lhe os olhos ternos.

- Eu sei. Vou tentar proteger-vos aos dois o melhor que poder. – Disse com firmeza.

- Eu sei que sim. – Ela suspirou e fechou os olhos para dormir, aninhando-se mais contra o meu irmão. A visão deles dois juntos aqueceu o meu coração, fazendo-me esboçar um sorriso sincero.

Mantive-me alerta aos sons fora do nosso esconderijo. Volta e meia passava um humano, fazendo a ronda noturna. Felizmente nenhum decidia parar para espreitar.

Pure Wolf (JiKook - ABO)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora