Busan, Coreia do Sul, Atualidade (Correspondente a: Capítulos II, III e V)
O amanhecer estava mais gelado do que me recordava. Busan. A minha cidade natal estava no horizonte, mas eu mal podia apreciar a sua beleza iluminada pelos primeiros raios de sol. O meu lobo sucumbira à exaustão há muito tempo, forçando-me a regressar à forma humana, e agora eu corria sob duas pernas cansadas. Estava sujo, descalço, a cheirar mal, mas talvez valesse a pena.
Andava a correr há quase 3 dias, parando apenas para beber água. Fizera tudo e mais alguma coisa para despistar o meu perseguidor, tudo para ir até Busan. Passara quanto tempo em fuga? Quanto tempo desde que não vira a terra onde fora tão feliz junto da minha família? Estar ali tinha tanto de doloroso como de aconchegante. Mas não conseguia apreciá-lo no estado em que me encontrava. Sentia-me tão cansado...
Sinceramente, nem estava a perceber porque tinha sentido aquele impulso de regressar ali. Simplesmente acordara um dia a remoer no pensamento que deveria regressar a Busan. Deveria estar ali. Talvez depois de realmente estar, a estranha sensação que percorria o meu corpo desaparecesse.
Já estava quase lá... Já estava quase lá...
Quando cheguei ao parque onde outrora fora a minha casa, encontrei-o completamente diferente. Estava humanizado. O que me recordava que à medida que o tempo passara vira cada vez menos puros, cada vez mais híbridos. Não sabia o que se tinha passado exatamente, mas tinha as minhas desconfianças.
Recordou-me o meu amigo Namjoon, ele prometera regressar a Busan. Teria regressado? Teria chegado lá e encontrado um monte de nada? Ou teria morrido, como todos os outros puros.
Os meus pensamentos eram negros e emaranhados por um cansaço mais estremo do que alguma vez sentira. Nunca tinha usado toda a energia do meu lobo e do meu corpo humano. Estava tão, tão exausto. E exaustão era quase tudo aquilo em que conseguia pensar.
Aproximando-me da orla da floresta, avistei algumas casas mais afastadas da povoação. A minha visão estava turva, mas ainda conseguia avistar alguma coisa. Cambaleei um pouco, arrastando-me praticamente até conseguir ver perfeitamente aquilo que afinal eram apartamentos. Só precisava de entrar num e descansar um bocadinho. Ninguém daria por nada.
Eram três apartamentos, bastante pequenos e acolhedores. Inspirando fundo, percebi que dois estavam inabitados. O outro parecia pertencer a alguém.
O som de passos a aproximar-se fez com que tivesse de me encolher no meio de uns arbustos próximos. Tentei ocultar o meu cheiro, mas isso fazia-me usar energias que não tinha no momento. O meu cheiro espalhou-se no ar.
Paralisei, observando a pequena figura carregada com sacos que avançou até ao apartamento mesmo à minha frente. O meu lobo despertou, curioso. Um rapaz ómega. O seu cheiro a baunilha e morangos invadiu-me as narinas, deixando-me quase anestesiado. Já não dormia com um ómega há tanto tempo... Já há tanto tempo que não cheirava um ómega tão delicioso... E que corpo era aquele? Aproveitando que ele parara, de costas, para procurar as chaves nos bolsos, tentei inclinar-me um pouco para a frente para ver melhor, mas um pequeno galho estalou sob os meus pés. Assustei-me e encolhi-me mais na escuridão, rezando para que o rapaz não conseguisse ver-me ou sentir o meu cheiro. O seu rosto estava demasiado longe para conseguir distinguir mais do que os traços gerais, os meus olhos pareciam dançar, não se focando em nada e deixando tudo tremido. Aguardei e observei-o abrir a porta e entrar.
A minha cabeça ficou um pouco mais sã e esforcei-me para me levantar. Uma tontura agonizante percorreu o meu corpo, fazendo-me sentir o estomago revirar-se, o sabor a vomito seco subir-me à boca. Não tinha nada para vomitar então o estômago revirava-se, cuspindo suco gástrico que deixava a minha boca amargosa e estranha. Sentia que ia cair a qualquer momento. Sentia que ia morrer, embora soubesse que isso não aconteceria assim tão facilmente para alguém como eu.
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Pure Wolf (JiKook - ABO)
FanfictionJeon Jungkook é o último lobo puro, um alfa, cuja família foi completamente massacrada e que luta todos os dias pela sua própria sobrevivência. A sua parceira ou parceiro, que tem a marca, nunca chegou a aparecer e agora parece-lhe uma possibilidade...