VI

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Clarissa continuou observando seu marido

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Clarissa continuou observando seu marido. O robe que usava estava parcialmente aberto em seu peito e pelos escuros despontavam no torax firme. Parecia um anjo caído, pronto para levá-la às piores tentações. O que ela estava pensando? Repreendeu-se mentalmente e mexeu-se bruscamente para atenuar o calor que lhe invadia. Mas o movimento rápido a fez gemer de dor, fazendo Joaquim despertar de seu sono.

- Clarissa? - levantou-se num rompante e foi para perto dela. - Sente dor? - indagou preocupado.

- Está tudo bem. - respondeu sem encará-lo

Ele tocou-lhe o queixo e a fez encará-lo. Ela estava ruborizada, tinha certeza, pois seu rosto queimava. Os olhos azuis não refletiam frieza como estava acostumada, mas como ultimamente, aqueles lindos olhos transmitiam um brilho diferente que ela ainda não conseguia comprender e aquilo a estava angustiando.

- Só me mexi muito rápido ao acordar e doeu um pouco.

- Tem certeza? - ela assentiu, então ele deu um lindo sorriso. - Está com fome? - ela assentiu novamente. - Nosso jantar chegou há mais de uma hora, mas não quis acordar você. - ele olhou me direção a comida, depois voltou a olhá-la com o mesmo sorriso. - Deve estar frio. Vou chamar Lírio para esquentá-lo. - ela assentiu pela terceira vez e começou a se achar uma tonta.

Joaquim se esticou para pegar um pequeno sino no criado-mudo ao lado da cama.

- Trouxe esse sino para o caso de você precisar de ajuda e não ter ninguém aqui.

- E quem trouxe as flores? - ele olhou em direção ao arranjo que estava também no criado-mudo.

- Gostaste? - perguntou tentando não demonstrar apreensão. Em seu íntimo queria desesperadamente que Clarissa tivesse gostado.

Lírio chegou e Joaquim deu-lhe as ordens. Quando ela voltou a sair, virou-se para esposa novamente.

- Então, gostaste?

- Eu amo essa flor. É a minha preferida. Alfazema. - ela pegou o pequeno ramo e inalou aquele perfume. - Eu sei que ela é uma flor muito simples e que a maioria das mulheres prefeririam rosas ou orquídias. - inalou novamente o cheiro e Joaquim achou-a ainda mais linda perto das flores. De repente os olhos de sua esposa se tornaram opacos, distantes.

- O que foi?

- Meu pai não me deixava plantar alfazema em nossa casa.

- Por que?

- Porque isso o fazia lembrar de minha mãe. E ele tinha raiva. Minha ama de leite me contou que quando minha mãe soube que estava grávida, ela sonhava com alfazemas e, por isso, tinha certeza que seria uma menina. Dizia que sua menina seria delicada e cheirosa como as alfazemas. - uma pequena lágrima escorreu pela face de Clarissa.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora