A história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres.
Mas a escravidão ainda é vigente no Br...
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Bento fitou a esposa e quase desfaleceu de terror. Extremamente pálida, minava sangue, que se espalhava por toda parte.
- Oh, Deus! - Gemeu com voz estrangulada.
O dr. Medeiros conseguira estancar a hemorragia. No entanto sacudiu a cabeça enquanto lavava as mãos.
- A senhora Esther perdeu muito sangue e certamente ficará bastante fraca.
- Ela conseguirá sair da crise? - Bento perguntou, ansioso.
Com expressão melancólica, o médico ergueu os ombros.
- Nós só podemos rezar e não perder as esperanças.
Bento não gostou da resposta. Afastou o dr. Medeiros do caminho, sentou-se numa cadeira ao lado da cama e segurou a mão flácida de Esther.
- Ela vai sobreviver. - afirmou com voz rouca. - Tenho certeza disso.
- Dr. Medeiros, o senhor tem idéia do que pode ter causado uma hemorragia tão forte? - perguntou dona Laura.
- Pode ter sido um pequeno dilaceramento do útero, ocasionado pela expulsão da placenta e das mebranas uterinas.
- Isso é uma ocorrência comum?
- Sem dúvida. Bem, agora tenho de ir. Há outra gestante aqui perto que logo entrará em trabalho de parto. Preciso dormir um pouco ou não poderei atendê-la adequadamente.
- E Esther? - dona Laura fitou a nora com receio e preocupação.
- Usei todos os recursos e nada mais posso fazer por dona Esther. Precisamos ter fé e pedir a Deus que o ferimento cicatrize. Assim ela não terá novos sangramentos.
- E se eles tornarem a acontecer?
- Pressione bandagens limpas como eu fiz e mande me chamar.
- E não haverá risco de o senhor não chegar a tempo? - Bento indagou, mordaz. O pavor e o sofrimento afastavam qualquer cortesia.
O dr. Medeiros preferiu não responder e despediu-se:
- Dona Laura. Senhor Alencar.
Dona Laura fechou a porta e aproximou-se do filho.
- Nala, vá descansar. - a boa mulher que sempre cuidou de Esther estava com os olhos vermelhos de tanto que já havia chorado.