XXIX

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- Não vejo como poderás me forçar a isso

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- Não vejo como poderás me forçar a isso. - disse ela, petulante.

- E eu não sei como poderás me impedir.

Esther cruzou os braços, sem resposta imediata. Os dois ficaram se encarando como se travassem uma batalha.

- Agora quero que escute comatenção. - Bento falou em voz baixae ergueu-lhe o queixo para que ela não desviasse os olhos. - Vou falar apenas uma vez. Tu te casarás comigo querendo ou não. Nem que para isso eu tenha que armar um escândalo e explicar a toda sociedade fluminense que a deflorei. - Esther arregalou os olhos, incrédula. - Digo ao padre que a pedi para se casar comigo e que fui recusado. Tu acabarás sendo obrigada a se casar comigo.

- Acho que ficou maluco! - Bento deu uma risada.

- Pense como quiser.  Agora pare de ser teimosa e veja a situação sob outro ângulo. Nós daremos muito prazer um ao outro e teremos muitos filhos. Prometo jamais levantar a mão para você, nem traí-la. Nem proibi-la de fazer nada, exceto os absurdos. Pense bem, Esther, sua situação poderia ser bem pior. Eu sou um homem decente que quer reparar o mau que lhe fez.

Ela continuou em silêncio.

- Muitas mulheres adorariam estar em seu lugar. Eu sou um bom partido, sabia? As mães casamenteiras vivem em meu encalço.

Ela refletiu na possibilidade de apagar a presunção daquele rosto de linhas mais marcantes pela determinação.

- Prometo também que serei muito atencioso no que se refere às suas necessidades. - Ele se insinuou para a frente, assumindo um ar malicioso.

Esther apertou as mãos nas costas para evitar que tremessem de frustração e raiva.

- Tu não conseguirás casar com ninguém mediante a sua condição. Ainda vais me agradecer algum dia.

Ela deu um grito e começou a esmurrá-lo com as duas mãos em punhos.

- O que houve agora? - perguntou, tentando se esquivar dos socos.

- Nunca mais diga que ainda vou lhe agradecer! Enten­deu? Jamais!

- Pare com isso! Ficou louca?

Bento ergueu as mãos para proteger o rosto. A própria postura covarde não lhe agradou, mas achou melhor deixá-la extravasar a raiva. Nada poderia fazer a não ser defender-se.

- E nunca mais use tons indulgentes comigo! - esmur­rou-lhe o peito.

-Acalme-se, Esther. Prometo que não farei isso.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Where stories live. Discover now