Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)

LII

Fernando sorriu ao reconhecer a voz. Mas não se virou para ao que acabava de chegar.

- Creio que qualquer uma daquelas moças cortaria relações contigo, para não dizer que cortariam o seu pescoço, se soubessem que estás observando-as dessa forma?

- Não saberão de nada, a menos que você lhes conte, Felipe. - respondeu Nando, sem se perturbar.

Depois virou-se para o primo e o abraçou.

- Só te esperava depois de amanhã.

- Resolvi antecipar minha vinda. Estava com saudades de nosso tio.

- Nosso tio? Tem certeza? - falou com malícia. - Acho que estavas com saudades de...

- Não comece. - interrompeu-o e Fernando sorriu.

Os dois voltaram sua atenção ao mar.

- Quem são as outras duas? Só consigo reconhecer Emília.

- São convidadas. - disse, simplesmente.

Felipe sorriu. Conhecia muito bem o primo.

- E a que estás interessado certamente é aquela que está  fazendo malu­quices! Veja como pula e se atira na água!

Fernando olhou com toda a atenção, mas, daquela distância, a única coisa que conseguia ver era o brilho do sol nos cachos doura­dos e uma mancha negra que subia e descia como se fosse uma bóia. Era extremamente frustrante.

Mais frustrante foi o comportamento de Mariana depois do beijo. Ela que estava sempre feliz em vê-lo, sorria abertamente todas as vezes em que ele entrava em uma sala. Então, como se se arrependesse, continha o sorriso e limitava a conversa e os modos aos modelos considerados apropriados para uma senhorita. Se ao menos soubesse o que ela pensava dele, saberia como agir!

- Sim. Aquela é a minha ninfa. - disse contemplando a bela moça que já estava entranhada em seu coração. - Mariana. - ele deu um suspiro.

- Nunca pensei que um dia o veria apaixonado, meu primo.

Fernando continuou com o olhar no mar. Em Mariana, precisamente.

- Eu a desejo tanto que a noite não consigo dormir direito só pensando nela. Cada minuto do meu dia parece se direcionar apenas a ela.

- E ela?

Fernando exalou o ar. Frustrado.