A história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres.
Mas a escravidão ainda é vigente no Br...
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- Hora do quê? - Bento não conteve a irritação, mas imediatamente notou o semblante apavorado de Esther e desceu o olhar para o sangue na saia de sua esposa.
Aproximou-se da esposa e tomou-a nos braços, sem se importar que a saia ensagunetada estivesse manchando seu paletó.
Esther agarrou-se em Bento, esquecendo as promessas de manter-se indiferente ao marido. Escondeu o rosto no pescoço dele e rezou para que a energia que emanava daquele corpo másculo a envolvesse. Nas próximas horas precisaria muito da força dele.
Bento levou-a até o quarto que era deles antes de Esther se mudar para o outro.Deitou-a na cama e, em seguida, dona Laura entrou correndo.
- Vá chamar o médico, filho.
- Meu pai já foi providenciar isso. - Bento fitou Esther com ansiedade.
- Ótimo. Agora pode ir, meu filho, e procure algo para fazer. Vá tomar um drinque.
- Não estou com sede. - dona Laura suspirou.
-Será que preciso ser mais clara? Deixe-nos a sós.
- Mas por quê? - Ele não se conformou.
- A hora do parto não serve para os homens.
- Mas antes fui bastante requisitado. - Bento murmurou.
- Bento, por favor. - Esther pediu, cheia de dor.
- Quer mesmo que eu saia daqui, Esther?
- Sim, quero dizer, não... Não sei.
Ele pôs as mãos na cintura e encarou a mãe.
- Pois eu acho que devo ficar. Afinal, estamos falando de meu filho.
- Está bem. - dona Laura suspirou, exasperada. - Então vá para aquele canto e fique fora do caminho. - Ela fez gestos largos com os braços, mandando-o embora.
Esther gemeu com outra contração. As dores do parto castigavam Esther e a chuva lá fora castigava o Rio de Janeiro.
- O que foi isso? - Ele aproximou-se numa fração de segundo. - Isso é normal? Ela não deveria...
- Cale-se, BEnto. - dona Laura admoestou-o. - Vai acabar deixando-a preocupada. - Ela pressionou um pano úmido na testa de Esther. - Não ligue para o que ele fala, querida. Tudo está transcorrendo dentro dos parâmetros da normalidade.