XXXIX

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- 1878 -

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- 1878 -


Bento acordou atordoado com o barulho que cortou o silêncio noturno. Um trovão. Ainda estava escuro. Não havia lua. As velas iluminavam parcamente o ambiente quando um raio rompeu a escuridão. Logo uma chuva intensa começou a cair incessantemente. Mãozinhas inquietas lhe chamaram a atenção. Um sorriso alargou-se no rosto do pai orgulhoso. Ele se aproximou do berço e viu duas pedrinhas brilhantes observando os brinquedinhos pendurados.

- Princesinha, por que estás acordada? - disse carinhoso pegando-a do bercinho.

Acolheu sua preciosa menina no peito. Sua Esther em miniatura. Foi até a janela e observou o lado de fora. A chuva era intensa. Dias como aqueles o faziam lembrar do dia em que sua filha nascera. Chovia muito. Esther fora feroz e corajosa ao dar a luz à sua pequena princesa. E a lembrança o fazia se emocionar e toda vez um bolo se formava em sua garganta.

Enquanto acalentava sua menina, Bento lembrava do pesadelo que fora as horas depois do parto.

Ele sempre voltava àquele dia. O dia em que nascera sua reluzente menina. Seu raio de sol.

Seis meses já havia se passado.

- Carinho, sei que as vezes sou difícil de entender e sei que te feri, mas acredite em mim, por favor, não foi por querer. - as lágrimas caiam devagar. - Acorda, meu amor, eu preciso te devolver um pouco de toda a felicidade que tens me dado. - o rosto estava inundado. - Sabes, carinho, a tua luz iluminou o meu coração que antes vivia no escuro. Tu me devolveste a vida. - fala completamente vulnerável.  - Contigo eu quero caminhar a minha vida toda. Eu amo quando dormes em meus braços e acordas toda enroscada em mim. Me deixa te amar com toda a força que me ensinaste, Esther. Mas pra isso precisas acordar. - sussurra dolorasamente. 

Segurou as mãos da esposa com mais firmeza.

- Desculpa não ter dito o quanto te amo. Eu amo tudo em ti, meu amor. Eu amo tua voz, teu cheiro, tua pele. Amo teu beijo. Amo tuas carícias. Amo fazer amor contigo. - a voz de Bento é desolada. - Amo quando não paras de falar algo que te inspira. Amo teu silêncio. Amo tua entrega. Amo o que dizes e o que pensas. Amo o que tu amas. - ele sorri levemente. - Lembra aquele dia que cheguei do banco e estavas comendo manga. Estavas tão linda toda lambuzada. - sorriu com a recordação e as lágrimas caiam ao mesmo tempo. - Eu sempre odiei manga. Mas tu me oferecestes e mesmo não gostando de manga, não resisti e provei a manga diretamente da tua boca. Foi um beijo incrível e hoje manga é minha fruta favorita pois eu lembro do teu sabor misturado a ela. - ele agora chora alto. - Tenho tanto orgulho de ti, meu amor. Da mulher maravilhosa que és.  Eu pensei que jamais poderia amar, mas tu chegaste e eu te amei mesmo quando não sabia que amava. Se mil vidas eu tivesse, mil vezes te amaria. Acorda, carinho, não podes me dizer adeus. Eu nasci pra te amar, Esther. Tu destes sentido à minha vida. - sussurra com desespero. - Tu és a minha vida. Eu te amo, carinho. Ouviste? Eu te amo.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Where stories live. Discover now